Além do risco de morte para pacientes renais crônicos, como mostramos aqui, a greve dos caminhoneiros provocou uma série de impactos na saúde pública do Estado do Rio de Janeiro. A paralisação nacional obrigou a Secretaria de Estado de Saúde (SES) a suspender a realização de cirurgias eletivas na rede estadual a partir desta segunda-feira (28), priorizando apenas as cirurgias de urgência e emergência.

A decisão foi tomada logo após uma queda brusca no estoque de sangue do Hemorio, já que as cirurgias exigem um alto consumo de sangue humano. Até o fim da manhã de domingo (27) apenas três doadores compareceram ao hemocentro. O Hospital Estadual Getúlio Vargas, um dos maiores em emergência, ameaçou suspender o atendimento, por conta de uma possível falta de sangue, mas não chegou a parar, segundo a Secretaria.

Diante do risco, a SES entrou em alerta e fez um apelo à população ainda no domingo, para que a população procurasse a unidade para doar sangue. Com a ampla divulgação, a procura aumentou no Hemorio, que bateu recorde de coleta na quarta-feira (30), com mais de 600 bolsas de sangue doadas. Foram mais de 100 cadastros de novos doadores oriundos de uma ação realizada na Central do Brasil pelo Gabinete de Gestão de Crise, as secretarias de estado e as forças de segurança. O local foi escolhido por ser de fácil acesso à população e também para receber militares e bombeiros que ficam nos quartéis centrais localizados próximos.

No Rio de Janeiro, preocupação também entre diabéticos

Ainda no Rio de Janeiro, um grupo de portadores de diabetes alertou que, a prosseguir a greve, poderia faltar insulina, cujo fornecimento tem sido irregular há quase dois anos na rede pública do estado. É o que informa a jornalista Claudia Freitas em reportagem publicada no Portal Viu (veja aqui).

Em nota, porém a Secretaria Municipal de Saúde negou qualquer desabastecimento de insulinas. A SMS ainda esclareceu que as insulinas especiais, como as do tipo Lispro ou Lantus, Tresiba e Apidra e Novorapid e Humalog não fazem parte da lista de medicamentos dispensados pela rede.

“As insulinas especiais e insumos fornecidos por ordem da Justiça são adquiridos pelo município conforme demanda, exclusivamente para atender aos pacientes beneficiados pelos mandados. Não há estoque dos produtos, que são encomendados aos fornecedores após entrega das receitas médicas atualizadas pelos pacientes”, diz a nota da SMS.

Já a Secretaria Estadual de Saúde (SES) informou que não dispensa insulina pela Riofarmes, e que isso é uma atribuição municipal. “As insulinas especiais são dispensadas, mas via mandado judicial”, informou a assessoria, ressaltando que o problema não é decorrente da greve dos caminhoneiros.

Confira a matéria completa com depoimentos de diabéticos

NO BRASIL

Produção de insumos de diálise já está comprometida 

Principal fornecedora de  insumos e equipamentos de diálise, a Fresenius Medical Care  informou que está mobilizando transportadoras para conseguir entregar cerca de 2 mil toneladas de medicamentos até esta quinta-feira (31) para abastecer hospitais, clínicas e pacientes residenciais em todo território nacional, priorizando as situações mais críticas.
“Apesar de ter conseguido a liberação de três caminhões na madrugada de domingo (27), o entrave maior agora é garantir o retorno desses caminhões até a fábrica em Jaguariúna (interior de SP) para serem reabastecidos com novas cargas e seguir distribuindo os insumos fundamentais para a manutenção da vida dos milhares de pacientes renais no país”, disse a empresa, em comunicado oficial.
Mesmo com a identificação de que estão fazendo transporte de medicamentos, os veículos vazios estão sendo impedidos de retornar à fábrica”, alerta Adriano Souza, coordenador de Logística da Fresenius Medical Care. Além disso, para manter a produção em funcionamento, a empresa enfrenta dificuldades no recebimento das matérias-primas e no deslocamento de seus funcionários.

Apesar da vitória momentânea, precisamos normalizar o fluxo de abastecimento de insumos e medicamentos essenciais para todas as clínicas e hospitais do país, que realizam este tipo de tratamento, garantindo a vida de milhares de pessoas”, alerta a nefrologista e gerente médica da Fresenius Medical Care, Ana Beatriz Barra.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Nefrologia, há cerca de 120 mil pessoas fazendo tratamento de diálise em quase 800 clínicas de todo o país. A Fresenius Medical Care é responsável por abastecer 450 dessas unidades de saúde, que atendem mais de 65 mil pacientes com insuficiência renal crônica ou aguda.

Gabinete de crise para garantir atendimentos

Segundo a Frenesis, desde o início da greve, um comitê de crise foi convocado, envolvendo diversas áreas da empresa, com o objetivo de buscar soluções para garantir a entrega dos insumos e medicamentos e minimizar os impactos causados pela greve

Após divulgação de nota da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) alertando sobre a gravidade da situação de clínicas de diálise em todo o país, que podem ficar sem estoques de soluções e insumos em decorrência da greve dos caminhoneiros, o Ministério da Saúde criou um gabinete especial para tratar do assunto e disponibilizou um canal de internet para receber pedidos de ajuda das clínicas.

A orientação é que as clínicas que estiverem em situação de emergência, sem estoques, carga presa e sem transporte, preencham o formulário no site da SBN: http://sbn.org.br/problemas-de-falta-de-insumos-e-materiais-informe-aqui/, para que o Ministério tente viabilizar o abastecimento de insumos e soluções.

Cuidado para não interromper serviços essenciais

Em nota, o Ministério da Saúde informou que integra a Sala de Crise do governo federal para apoiar a manutenção da capacidade de atendimento da rede de atenção à saúde, evitando possíveis interrupções de serviços essenciais.

As ações têm atenção estratégica no transporte de medicamentos e insumos, adquiridos pelo governo federal, e que são necessários para continuidade de tratamentos de transplantados, oncológicos e outros tratamentos com necessidade de uso contínuo de medicação”, diz o texto.

A iniciativa, informa o Ministério, prioriza a continuidade de atendimentos críticos para manutenção da vida em serviços de saúde, como os de urgência e emergência, hospitais, transporte sanitário, rede de hemoderivados e insumos, rede assistencial, entre outros. “Todos os estados estão sendo acompanhados e as demandas, mapeadas. As necessidades estão sendo atendidas com o apoio das forças federais, estaduais e municipais”, afirma a nota.

Como doar sangue

Para ser um candidato à doação de sangue, é necessário trazer um documento oficial de identidade com foto (original), estar bem de saúde, ter entre 16 e 69 anos e pesar mais de 50 quilos. Jovens com 16 e 17 anos podem doar sangue com declaração expressa dos pais e / ou responsáveis, cujo modelo pode ser encontrado no site do Hemorio – www.hemorio.rj.gov.brNão é preciso estar de jejum, mas é importante evitar alimentos muito gordurosos nas quatro horas que antecedem a doação.

Os doadores serão cadastrados e vão responder um questionário que avalia se há alguma situação ou doença que impeça a doação de sangue e, em seguida, são encaminhados para a triagem clínica. Mais informações podem ser obtidas com o Disque Sangue (0800 282 0708), onde são esclarecidas dúvidas e informados os endereços das outras unidades de coleta distribuídos pelo Rio de Janeiro.  O Hemorio funciona todos os dias, inclusive nos fins de semana e feriados, na Rua Frei Caneca número 8 – Centro.

Da Redação, com a colaboração da jornalista Cláudia Freitas e informações de Assessorias (atualizado em 30 de maio, às 18h)

 

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