A “perda” de qualidade do sono durante a maternidade é algo comum e até inevitável. Isso porque as mães tendem a ficar em um estado de sobreaviso, para poder atender as demandas de seu bebê, que tem um sono polifásico, ou seja, ocorre em vários episódios ao longo das 24 horas e com curtos intervalos entre eles, diferentemente do sono dos adultos.

Portanto, tanto o pai como a mãe, precisam se adaptar para atender às necessidades do recém-nascido. Conforme o passar dos meses, porém, vai-se estabelecendo um ritmo que “normaliza” o sono da criança.

Laura Castro, psicóloga e sócia-fundadora da Vigilantes do Sono, destaca que distúrbios no sono são um dos problemas que as mães podem enfrentar neste período. Isso porque o pós-parto é um período de mudanças físicas e hormonais conhecido como puerpério. Nesta fase, o organismo da mulher volta, de maneira gradativa, às condições normais antes da gestação.

A especialista ressalta que é normal que as mulheres sejam mais acometidas com problemas do sono, contudo, existem períodos em que isso acontece de forma ainda mais recorrente.

“É fato que as mulheres se queixam mais e também são maioria quando se trata de procurar ajuda especializada. Na minha experiência, as duas principais fases da vida das mulheres que as fazem sofrer ainda mais com os distúrbios do sono são tanto o puerpério quanto o climatério”, ressalta.

 

Pouco tempo de sono pode afetar cuidado

Segundo Laura, quando a falta de sono é excessiva, isso pode afetar diretamente a relação da mãe com o bebê. Embora seja comum que as mulheres sofram com a falta de sono com a chegada da maternidade, em especial pelo estado de alerta em que permanecem e com o acúmulo de tarefas, quando o quadro se desenvolve para algo crítico, pode ser prejudicial no cuidado.

“A falta de sono é um fator estressante, ainda que haja um relativo preparo biológico hormonal da mulher, dormir pouco causa irritabilidade e pode provocar pensamentos negativos, prejudicar a relação interpessoal, além interferir na produção de leite”, aponta.

Estudo da Universidade de Warwick, na Inglaterra, com apoio do Instituto Alemão de Pesquisa Econômica (DIW), acompanhou milhares de casais por um longo período e com o objetivo de avaliar a percepção da qualidade do sono antes, durante e depois da chegada de um(a) filho(a).

O estudo observou que, independentemente se na primeira, segunda ou terceira maternidade ou paternidade, demora-se em média seis anos para que a qualidade do sono volte aproximadamente a uma qualidade percebida anteriormente; e, aparentemente, nunca mais da mesma forma.
Além das alterações de humor que o sono de baixa qualidade pode causar, pode-se haver uma cronificação da dificuldade com o sono, outros problemas de saúde podem começar a aparecer, como o ganho de peso, o aumento da pressão arterial, hipertensão, diabetes e outras doenças relacionadas a déficits na produção de anticorpos, como as doenças autoimunes que afetam diretamente o sono.
Para a psicóloga é essencial que a mulher tenha suporte neste período para que não haja sobrecarga e ela possa desempenhar o papel de mãe com mais tranquilidade. “A falta de sono é certa, mas é importante que haja um amparo para essa mulher. Há ajuda? Estrutura? A mulher está amparada em uma rede de apoio para que consiga lidar com todo o desgaste implicado na maternidade, físico, mental e espiritual? São perguntas que precisamos fazer”, afirma.
Sem uma rede de apoio que possa auxiliar a mãe e oportunidades de descanso necessárias, muitas mulheres deprimem e podem acabar adoecendo, sofrendo alterações imunológicas, por exemplo, que as predispõe a mais doenças e, portanto, afetando ainda mais não só ela, como também a criança.

Mais informações no site.

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