Segundo pesquisa conduzida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 40% dos brasileiros relatam sentir altos níveis de estresse diariamente. O levantamento ainda indica que 30% da população apresenta sintomas de ansiedade e 20% já recebeu diagnósticos relacionados ao estresse.
Esses números refletem uma tendência alarmante, também observada em escala global pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que aponta que 1 em cada 5 pessoas enfrenta estresse crônico — quadro associado ao aumento de casos de depressão, doenças cardiovasculares e até ao avanço de doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer.
Dados do Ministério da Previdência Social reforçam esse cenário – em 2024, quase meio milhão de afastamentos do trabalho foram registrados em decorrência de condições associadas ao estresse, o maior número em pelo menos dez anos. Esse contexto exige não apenas diagnósticos precisos e tratamentos adequados, mas também estratégias práticas para reduzir o impacto da tensão na rotina.
O Dia Mundial de Combate ao Estresse (23 de setembro) coloca em evidência uma condição que todos passamos, e existem alguns fatores positivos, que nos ajudam a responder às mudanças na vida. O estresse é a maneira do nosso corpo se proteger de danos, no entanto, muito estresse causa danos à nossa saúde e relacionamentos.
A rotina acelerada, marcada por pressões profissionais, responsabilidades familiares e exigências sociais, tem feito do estresse um dos maiores problemas de saúde da atualidade. O diagnóstico de estresse, embora muitas vezes banalizado, refere-se a uma condição clínica que envolve desgaste físico e emocional contínuo.
Quando os níveis de tensão se tornam frequentes e intensos, o organismo passa a liberar hormônios como o cortisol em excesso, afetando o equilíbrio do corpo e da mente. Identificar os estressores que afetam nossa saúde física e mental é importante para sabermos administrar as fases.
Geneticista diz quando é preciso procurar ajuda
O geneticista Alexandre Lucidi (@alucidi), atuante em Neurogenética e Neuroimunologia, explica que em contraste a resposta ao estresse limitada no tempo e a estressores agudos, que são comuns na vida cotidiana, a resposta a estressores psicológicos e/ou físicos crônicos pode levar a uma ativação prolongada ou repetida de estruturas do corpo relacionadas a momentos de maior estresse, e somar efeitos deletérios a longo prazo na saúde mental e física.
Isto pode participar no processo de desenvolvimento de doenças, interferir no curso natural e nos seus resultados. Assim, a proteção e o dano são dois lados da mesma moeda envolvida na defesa do corpo contra os desafios cotidianos”, explica o especialista.
Por exemplo, embora os estágios iniciais da resposta ao estresse sejam destinados a promover a sobrevivência, o estresse inadequado, excessivo ou crônico (isto é, prolongado persistente ou repetido) pode ultrapassar a capacidade reguladora fisiológica do organismo e alterar negativamente as respostas neuroendócrinas ao estresse, levando a maior vulnerabilidade caracterizadas por alterações psicofisiológicas, como a sinalização em eixos neuroendócrinos importantes.
Cabe lembrar que existem relatos sobre o estudo do estresse ou a “harmonia” do cosmos desde a época de Pitágoras 570-510 A.C. e houve muita evolução tanto na ciência quanto nas formas de tratamento dos pacientes com problemas de saúde agravados pelo estresse. O mais importante nestes casos, é procurar auxílio médico”, recomenda o especialista.
Psiquiatra alerta para o limite do estresse “do bem”
O psiquiatra Higor Caldato (@drhigorcaldato), especialista em psicoterapias, transtornos alimentares e obesidade, comenta que o estresse é um conjunto de reações físicas e mentais que acontecem diante de algo que exige muito esforço emocional para ser superado. Ele pode ser importante para que tenhamos bom desempenho e agilidade em muitas tarefas, como o estresse pode de uma maneira positiva levar alguém a produzir mais e atender tantas inúmeras demandas.
E é aí onde mora o perigo, em um mundo onde se busca apresentar cada vez melhor performance e dinamismo, o “estresse” contínuo surge como um combustível cada vez mais necessário para as multitarefas das quais as pessoas estão submetidas. A depender da personalidade, na maioria das vezes, pessoas muito comprometidas ou competitivas, o nível de estresse pode estar ainda mais alto.
O limite do estresse “do bem” é extrapolado e se torna maléfico, quando ele passa a se tornar causa de sintomas depressivos, ansiosos ou qualquer outro que reforce ainda mais a presença dos transtornos mentais. Além disso, quase sempre, o estresse exagerado também faz o corpo “pedir arrego”, através de palpitações, falta de ar, dormências nos membros e tantos outros itens que podem compor o cardápio de alterações físicas nesses casos.
Algumas pessoas, que não conseguem quebrar esse ciclo vicioso mediado pelo estresse excessivo para atingirem suas metas ou resolverem seus desafios, passam a ter dificuldade para ouvir os outros, se concentrar e até mesmo problemas com o sono porque ficam repassando a agenda do dia seguinte, com os pensamento muito acelerados e ansiedade antecipatória.
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Dicas para ajudar a equilibrar o estresse no dia a dia
É importante lembrar que o estresse pode ser gerenciado e ser usado positivamente a favor de si mesmo. Seguem algumas dicas para ajudar a equalizar a dose de estresse:
- Procure ajuda profissional se estiver à beira do esgotamento. O psicólogo ou psiquiatra são os profissionais mais recomendados para ajudar no gerenciamento das emoções.
- Faça algo criativo. Reservar um tempo uma vez por semana para não pensar na agenda de amanhã: pintando, cozinhando, escrevendo, dançando ou qualquer outra coisa que o tire do relógio temporariamente.
- Leve para fora. Numerosos estudos mostram que passar tempo na natureza melhora o bem-estar geral, reduz a ansiedade, o estresse e a depressão e até aumenta a autoconfiança.
- Faça atividades físicas. Um recente guia divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) apontou o exercício físico como uma das atividades que auxiliam na prevenção e no enfrentamento do estresse e de outras doenças.
- Desligue o celular para dormir. Estudos mostram que o uso excessivo do telefone resulta em maiores níveis de estresse, menor satisfação de vida, aumento da ansiedade, depressão e piora a qualidade de sono. A coisa mais fácil para reduzir o nível de estresse gerado pelo celular é desligar as notificações.
É preciso pensar sobre a importância de gerenciar o estresse. Ao lidar com agendas agitadas e longas listas de responsabilidades, somos atropelados pelos dias e deixamos de perceber os próprios limites. Pare! Pense! Determine cuidar de si mesmo. Que tal experimentar as dicas acima?
Fonte: Instituto Nutrindo Ideias