O Estado do Rio de Janeiro já registra 31.133 casos prováveis de dengue e três óbitos este ano. Em todo o ano de 2023, foram contabilizados 51.479 registros prováveis da doença, com 32 mortes. Os dados do Painel Monitora, da Secretaria de Estado de Saúde (SES-RJ), foram divulgados nesta quinta-feira (8).

A pasta ainda não fala em epidemia de dengue. Mas informa que “a análise do Centro de Inteligência em Saúde (CIS-RJ) mostra que se mantém a tendência de aumento na transmissão, com circulação acima do limite máximo esperado para o momento”. Ainda de acordo com a SES-RJ, essa tendência de crescimento ocorre por mais de oito semanas consecutivas e se intensificou nas primeiras semanas de Janeiro.

A Região Serrana e a Região Metropolitana I são as que mais apresentam excesso de casos, isto é, quantas vezes o número de casos registrados excede o limite máximo previsto (16,28 vezes e 13,07 vezes, respectivamente), seguidas das regiões Centro-Sul (10,41 vezes) e Baía de Ilha Grande (8,82 vezes).

A nota divulgada pela pasta não informa sobre novas mortes pela doença – no boletim anterior, havia dois óbitos confirmados no Estado, fora a morte confirmada nesta quinta (7), na cidade do Rio. A Secretaria também não informou o número de mortes suspeitas, que ainda estão em investigação – o dado anterior era de 21.

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Quase 400 mil casos de dengue e 54 mortes em todo o Brasil

O Brasil já registra, apenas neste ano, um total de 392.724 casos prováveis de dengue, de acordo com números divulgados pelo Ministério da Saúde nesta quarta-feira (7). O ministério também confirmou 54 mortes pela doença no país. Outros 273 óbitos estão sendo investigados para saber se são decorrentes da dengue.

De acordo com o Painel de Monitoramento do ministério, a população feminina representa 54,9% dos casos, enquanto pessoas do sexo masculino somam 45,1%. Mais de 143,2 mil dos casos prováveis estão concentrados na população entre 30 e 49 anos de idade. Estima-se que o Brasil pode contabilizar mais de 4,1 milhões de casos em 2024.

Com 135.716 casos prováveis, Minas Gerais é o estado com mais diagnósticos da arbovirose. Em seguida, aparecem São Paulo (61.873), Distrito Federal (48.657), Paraná (44.200) e Rio de Janeiro (28.327). Na análise do coeficiente de incidência por 100 mil habitantes, a capital federal lidera com 1.727,2 casos por 100 mil habitantes. Em seguida estão Minas Gerais (660,8) e o Acre (539,1).

6 mortes em SP – A cidade de São Paulo confirmou nesta quinta-feira (8) a primeira morte por dengue, totalizando seis óbitos no estado, sendo outras duas em Pindamonhangaba, uma em Bebedouro, uma em Guarulhos e uma em Bauru. Segundo monitoramento diário da Secretaria Estadual da Saúde, agora são 34.995 casos confirmados da doença em 2024 e mais de 31 mil ocorrências em investigação.

Polos de dengue na cidade do Rio vão funcionar no Carnaval

Já a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que inaugura nesta sexta-feira (9) o polo de atendimento para pacientes com dengue da Tijuca, na Policlínica Hélio Pellegrino. A unidade se junta às de Curicica, Campo Grande, Santa Cruz, Del Castilho, Bangu, Madureira e Complexo do Alemão,  abertas esta semana para o enfrentamento da epidemia.

Os polos de dengue estão localizados em unidades de Atenção Primária ou hospitais e funcionam de segunda-feira a sábado, das 7h às 19h. No carnaval, funcionarão todos os dias, das 7h às 19h, inclusive no domingo, dia 11.  Os locais são equipados com poltronas e macas para hidratação e equipes profissionais são formadas por médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem.

“Nosso objetivo com os polos é ampliar a capacidade em mil atendimentos diários, além da capacidade das unidades de Atenção Primária”, disse o o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz.

Onde procurar atendimento em casos graves?

Os polos de dengue estão preparados para o diagnóstico e tratamento da doença, com pontos para hidratação venosa ou oral, conforme necessidade de cada caso. Além dos polos, todas as 237 unidades de Atenção Primária (clínicas da família e centros municipais de saúde), distribuídas por toda a cidade, estão aptas para o atendimento aos pacientes com dengue.

Em 150 delas, inclusive, há centros de hidratação, que foram montados no final do ano passado para o atendimento de pacientes devido aos efeitos do calor e, agora, reforçam a capacidade de assistência às pessoas com dengue.

Já pacientes com quadros mais graves e indicação de internação são regulados pela Central Municipal de Regulação e transferidos para leitos dedicados à dengue nos hospitais da rede de urgência e emergência do município.

O Hospital Municipal Ronaldo Gazolla (HMRG), em Acari, é a unidade de concentração para a doença, inicialmente com 20 leitos.  O HMRG, que durante a pandemia da covid-19 foi referência para o tratamento dos pacientes com quadros mais graves, tem expertise e preparo para passar rapidamente pelas alterações de fluxo necessárias em uma situação de epidemia.

Crianças e idosos com sintomas de dengue

Mariano, de 12 anos, foi um dos primeiros pacientes atendidos no polo de Madureira, aberto nesta quinta-feira (8)., na Clínica da Família Souza Marques (Praça do Patriarca, s/n, Campinho). Ele foi levado à unidade pela mãe, a manicure Ariana Nebott Damasceno da Boa Ventura.

“Meu filho estava se sentindo mal desde segunda-feira. A febre persistiu na terça-feira e o levei na UPA. Ele melhorou na hora, mas o médico disse que, se a febre voltasse, eu deveria procurar uma unidade novamente. E realmente continuou. Hoje de manhã soube que inauguraram um polo de dengue aqui na clínica da família e vim depressa. O atendimento foi muito rápido”, contou.

No polo aberto também nesta quinta, no Complexo do Alemão – Clínica da Família Zilda Arns (Estrada de Itararé, 951, Ramos), o comerciante Roque Rodolfo, de 62 anos, foi atendido logo no início da tarde. Ele estava no município de Arraial do Cabo, na Região dos Lagos, quando começou a sentir febre, dor de cabeça e mal-estar. Voltou mais cedo da viagem para buscar atendimento perto de sua casa, e, ao chegar à unidade, foi acolhido no novo centro de atendimento de dengue.

“Tenho plano de saúde empresarial, mas abro mão dele para ser atendido aqui. Sou sempre muito bem recebido na clínica da família, e dessa vez, aqui no polo de dengue, não foi diferente. Nota 100 para o atendimento”, disse ele.

Distribuição de repelente na Sapucaí

Para reforçar a importância da mobilização da sociedade, o Governo do Estado anunciou que vai aproveitar os desfiles das agremiações do Carnaval, no Sambódromo, para lançar a campanha “Contra a Dengue Todo Dia”, de combate ao mosquito transmissor da doença. A Secretaria de Estado de Saúde distribuirá repelentes e fará ações de conscientização na Marquês de Sapucaí, e levará também a mensagem ao público que assiste de casa.

Equipes com a camisa da campanha estarão com dispensers sugerindo o uso de repelente contra o mosquito nas entradas do Sambódromo. Um vídeo será exibido em nove telões da Avenida. O lema da campanha é “Governo do Rio contra a dengue todo dia”, lembrando as ações de atendimento à população e apoio aos municípios na prevenção da doença.

Haverá também a exibição de filmes publicitários em todos os painéis digitais com dicas para não deixar água parada em recipientes que se transformam em criadouros do mosquito transmissor da dengue. Na abertura dos desfiles, um cortejo vai levar a faixa incentivando que a população reserve dez minutos por semana para fazer a vistoria em suas próprias casas.

“O momento requer forte adesão da sociedade, além de articulação de todos os órgãos governamentais no enfrentamento à dengue. É hora de todos fazerem a sua parte, como eliminar criadouros e conversar com seu vizinho sobre a importância da prevenção”, ressaltou a secretária de Estado de Saúde, Claudia Mello.

Ela lembra que 80% dos focos do Aedes aegypti – transmissor da dengue – estão dentro de casa. “Precisamos falar de dengue todos os dias, combater o mosquito sempre, mas para a população bastam dez minutos semanais, pois esse é o período que o Aedes aegypti precisa para passar de ovo a mosquito adulto. Com verificação e eliminação dos criadouros uma vez por semana, podemos evitar o nascimento de novos mosquitos”, explica.

 

Como denunciar focos de dengue no município

Equipes de agentes de vigilância ambiental em saúde promovem ações de prevenção às arboviroses (dengue, zika e chikungunya) e de controle vetorial em diversos bairros da capital. Na quinta-feira, as atividades foram realizadas nos bairros do Leme, Madureira e Tijuca, e, na sexta-feira, em Anchieta. As ações de prevenção e controle vetorial são estratégicas e acontecem ao longo do ano, com intensificação no verão, quando as condições climáticas favorecem a proliferação do Aedes aegypti.

A SMS-Rio também informou que realiza ações educativas e de mobilização social para orientar a população sobre as medidas para a prevenção de arboviroses urbanas, “visando despertar a responsabilidade sanitária individual e coletiva”. Quando necessário, a população pode fazer pedidos de vistoria ou denunciar possíveis focos do mosquito pela Central de Atendimento da Prefeitura, no telefone 1746.

“Além de tomarem os cuidados necessários em suas casas, as pessoas podem denunciar possíveis focos do mosquito pelo telefone 1746. A SMS tem mais de 3 mil agentes que estão realizando vistorias diariamente em imóveis, tanto em ações programadas quanto no atendimento às solicitações feitas pelos cidadãos por meio da Central 1746”, disse o secretário Daniel Soranz.

Este ano, até o dia 3 de fevereiro, foram realizadas 607.986 vistorias em imóveis para prevenção e controle do Aedes aegypti e 130.583 recipientes que poderiam servir de criadouros de mosquitos foram tratados ou eliminados. Em 2023, foram realizadas 11,2 milhões de vistorias em imóveis para controle e prevenção de possíveis focos do mosquito, com eliminação ou tratamento de mais de 2,1 milhões de recipientes.

Plano Estadual de Combate à Dengue

A Secretaria de Estado de Saúde informou que vem qualificando profissionais de saúde de todos os 92 municípios para o melhor atendimento à população, além de distribuir insumos e equipamentos aos municípios com maior incidência de casos. Foram comprados equipamentos e insumos que estão sendo distribuídos aos municípios com maior incidência de casos, para a montagem de até 80 salas de hidratação, que terão capacidade para atender, ao todo, até 8 mil pacientes por dia.

A pasta também está treinando 2.000 médicos de emergências e profissionais de saúde dos 92 municípios para garantir o diagnóstico mais preciso e o tratamento correto, como também a capacitação no atendimento às gestantes infectadas. Além disso, 160 leitos de nove hospitais de referência do estado poderão ser convertidos, inicialmente, para tratamento da dengue, como foi feito na Covid-19. O investimento é de R$ 3,7 milhões.

Desde a primeira semana de fevereiro, as atualizações do Painel Monitora, da SES-RJ, passaram a ser divulgadas duas vezes por semana: às segundas-feiras e às quintas-feiras, para melhor acompanhamento do panorama da doença no estado.

“O combate ao mosquito da dengue é coletivo e toda sociedade deve participar com ações de controle, principalmente nas residências, onde estão cerca de 80% dos criadouros”, alertou a secretária estadual de Saúde, Cláudia Mello.

Distrito Federal antecipa vacina contra a dengue

A explosão de casos de dengue em diversas regiões do país fez com que ao menos quatro estados – Acre, Minas Gerais e Goiás –, além do Distrito Federal, decretassem situação de emergência em saúde pública. O município do Rio de Janeiro também está em situação de emergência.

A grave situação vivida pelo DF deve fazer antecipar o início da vacinação para esta sexta-feira (9), informou o governo local. A capital federal vai receber um total de 194 mil doses da vacina.

Em todo o país, as doses estão sendo distribuídas para 521 municípios selecionados pelo Ministério da Saúde para iniciar a vacinação na rede pública. As cidades compõem um total de 37 regiões de saúde que, segundo a pasta, são consideradas endêmicas para a doença. Serão vacinadas crianças e adolescentes de 10 a 14 anos de idade, faixa etária que concentra maior número de hospitalizações por dengue, atrás apenas dos idosos.

Em pronunciamento à nação na noite dessa terça-feira (6), a ministra da Saúde, Nísia Trindade, fez um apelo para que a população adote cuidados para evitar a proliferação de criadouros do mosquito transmissor da dengue dentro de casa. Segundo a ministra, 75% dos focos estão localizados nas residências.

Fiocruz amplia produção de testes de dengue

A Fiocruz será responsável por produzir e entregar ao Ministério da Saúde (MS) 600 mil testes moleculares de diagnóstico (RT-PCR) de dengue. Os testes permitem confirmar a infecção e identificar o sorotipo circulante de dengue (1, 2, 3 e 4), mas também zika e chikungunya.

Com a atual situação epidemiológica e emergência em alguns municípios do país, a produção prevista para 2024 foi ampliada e o quantitativo de entregas dobrou. Além das 300 mil reações a serem entregues ao longo do ano, outros 300 mil testes emergenciais serão oferecidos ainda nos primeiros meses do ano. A previsão é que os primeiros testes sejam entregues já nas próximas semanas.

Com informações da SES-RJ e SMS-Rio

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