Muita polêmica se formou esta semana na internet em torno da nova internação do ex-presidente da República Jair Bolsonaro, de 69 anos, para tratar a erisipela, uma infecção cutânea causada por uma bactéria, em meio à tragédia climática que já afetou mais de 1,5 milhão de pessoas no Rio Grande do Sul. Bolsonaro precisou ser internado novamente em um hospital de Manaus (AM) no último sábado (4) e na noite de segunda-feira (6), após uma piora do seu quadro, foi levado para o Hospital Vila Nova Star, na zona sul de São Paulo, onde segue em observação. Pelo menos desde 2022, Bolsonaro trata dessa doença.

Essa infecção cutânea que causa vermelhidão, dor e inchaço e afeta principalmente as pernas – além de braços, abdômen e face – pode causar ferida.  O que muitos não sabem é que varizes, em estados avançados, podem causar essa condição que muitas das vezes pode ser confundida com a trombose ou até mesmo a celulite. Especialistas da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV).

“A erisipela é uma infecção de pele causada por bactérias e os principais sintomas são região avermelhada, quente, inchada e dolorosa na pele, frequentemente acompanhada de febre ou calafrios. Além disso, a erisipela é mais comum que ocorra nas pernas, porém pode acometer o rosto ou os braços. Seu tratamento é baseado em antibióticos e observação contínua de um médico especialista”, comenta  Carol Mardegan, médica especialista em cirurgia vascular e membro da SBACV.

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Como a erisipela é transmitida

A causa mais comum é a entrada de bactérias por via de pequenas feridas ou lesões na pele, como, por exemplo, a micose entre os dedos. Outros fatores de risco incluem insuficiência venosa, lesões cutâneas, cirurgias recentes, obesidade e problemas circulatórios. Ainda segundo a médica, qualquer pessoa pode desenvolver a erisipela, porém existem fatores que podem tornar a condição mais propensa.

“Pessoas com problemas circulatórios, obesidade, diabetes, lesões cutâneas como cortes, arranhões e picadas de insetos e pessoas que passaram por cirurgias recentes ou têm um histórico de linfedema. Além disso, ela pode se tornar uma crônica ou recorrente em algumas pessoas, especialmente se os fatores de risco subjacentes não forem controlados adequadamente”, complementa Mardegan.

Embora as varizes sejam mais frequentemente associadas às mulheres, os homens também enfrentam esse problema vascular, apesar de ocorrer em menor escala.

“No entanto, estudos sugerem que, quando os homens desenvolvem varizes, eles podem estar em maior risco de complicações como a erisipela. Compreender a relação entre varizes e erisipela em homens é crucial para melhorar o manejo clínico e a qualidade de vida dos pacientes”, diz a especialista

Diferença entre erisipela e celulite infecciosa

De acordo com a cirurgiã vascular Aline Lamaita, membro da SBAVC, a erisipela ocorre quando as bactérias que fazem parte da flora bacteriana de nossa pele, principalmente a bactéria estreptococo, penetram no tecido cutâneo através de canais de entrada na pele, como cortes ou feridas, provocando infecções que rapidamente afetam os vasos linfáticos existentes na segunda camada da pele.

Segundo a especialista, a infecção pode deixar a pele dolorida, avermelhada, inchada e quente, podendo causar também febre e calafrios em algumas pessoas, sintomas que também são comuns em outra infecção que afeta as pernas: a celulite infecciosa – que não possui relação com a celulite estética. Porém, as doenças não são a mesma coisa.

“A principal diferença entre a erisipela e a celulite infecciosa é a profundidade que a infecção atinge. Enquanto a primeira atinge as camadas mais superficiais da pele, sendo mais frequente nos membros inferiores e na face, a celulite atinge a derme profunda e o tecido subcutâneo, ocorrendo principalmente nos membros inferiores”, destaca.

Tratamento com antibióticos e melhor em 10 dias

Já o tratamento das condições normalmente é realizado através do uso de antibióticos. Nos casos mais leves, o tratamento pode ser feito em casa e os antibióticos são tomados na forma de comprimidos. Já em casos mais graves, o paciente é internado no hospital e os antibióticos são ministrados diretamente na veia. O médico também pode receitar analgésicos e antitérmicos para reduzir a dor e a febre.

“Normalmente os sintomas melhoram em 10 dias após o início do uso de antibióticos. Mas, para ajudar no tratamento, é importante também que o paciente repouse e mantenha o membro afetado elevado durante trinta minutos três vezes ao dia para diminuir a dor e o inchaço, além de manter a área infectada sempre limpa”, completa a médica.

Porém, de acordo com a Dra. Aline Lamaita, na grande maioria das vezes, é possível prevenir a erisipela e a celulite infecciosa. Por exemplo, caso você se corte por acidente, é fundamental que você lave as feridas com água e sabão, enxugando bem com uma toalha em seguida.

“Além disso, se você sofrer com onicomicoses, micoses interdigitais e de unha, é essencial que você consulte um dermatologista para realizar o tratamento adequado, pois estas fissuras que se formam nos vãos dos dedos dos pés são portas de entrada para as bactérias causadoras da doença”, afirma.

“Porém, o mais importante é que você consulte um médico clínico ou cirurgião vascular ao notar qualquer sinal de erisipela ou celulite infecciosa. Apenas ele poderá realizar uma avaliação e indicar o melhor tratamento para o seu caso.”

erisipela é uma condição infecciosa desencadeada pela ação de uma bactéria, o estreptococo beta-hemolítico. Essa enfermidade afeta a pele, propagando-se por meio dos vasos linfáticos e, muitas vezes, resultando em um aumento doloroso dos linfonodos, também conhecidos como gânglios linfáticos, na área afetada.

Embora possa surgir em diferentes partes do corpo, é mais comum nas extremidades inferiores. Geralmente, a bactéria, que é naturalmente encontrada na pele, penetra por meio de lesões como picadas de insetos, micoses ou até pequenos cortes ou feridas.

Os sintomas iniciais assemelham-se aos de uma gripe, incluindo mal-estar, fadiga, calafrios e febre geralmente alta, e em algumas situações surgem antes mesmo da lesão se tornar visível. Eles variam conforme a extensão da lesão inicial.

Na erisipela, é comum identificar uma área distintamente avermelhada, acompanhada de dor localizada e aumento da temperatura na região afetada. Em situações mais graves, podem ocorre a formação de bolhas e necrose dos tecidos, especialmente em pacientes com maior vulnerabilidade.

O diagnóstico requer uma avaliação clínica detalhada, enquanto o tratamento engloba o uso de antibióticos, preferencialmente da classe da penicilina ou seus derivados, juntamente com intervenções locais (como cuidados com a porta de entrada da infecção e aplicação de compressas frias ou gelo), além de terapias sintomáticas.

Idosos e pessoas crônicas com erisipela precisam ser internados

De acordo com o angiologista e cirurgião vascular Mauro Figueiredo de Andrade, que também é membro da Comissão de Doenças Linfáticas da SBACV-SP, dependendo da gravidade dos sintomas e do estado geral do paciente, principalmente os mais idosos e com doenças crônicas, a erisipela deve ser tratada em ambiente hospitalar com administração endovenosa dos antibióticos.

A prevenção da erisipela deve ser iniciada com cuidados adequados com a pele, que inclui a manutenção da região entre os dedos dos pés sempre seca, a limpeza de ferimentos com água e sabão e, ocasionalmente, o uso de antissépticos tópicos. O especialista enfatiza que um acompanhamento médico adequado é essencial para diminuir as complicações da doença e garantir uma boa qualidade de vida ao paciente.

“A erisipela é mais comum em pacientes imunodeprimidos e naqueles com condições como insuficiência venosa, varizes, edema nos membros inferiores e histórico de trombose. Cada episódio da doença eleva significativamente o risco de recorrência, destacando a importância de educar tanto o paciente quanto seus familiares sobre os sinais de alerta e as medidas preventivas necessárias”, afirma o médico.

5 dicas para prevenir a erisipela

erisipela não é uma condição contagiosa, mas para tratar exige uma abordagem com antibióticos para combater a infecção bacteriana, em alguns casos, podem ser prescritos analgésicos ou anti-inflamatórios para ajudar no alívio dos sintomas.

 “É importante monitorar de perto a progressão da infecção e estar atento a possíveis complicações, especialmente se a infecção estiver próxima de órgãos vitais ou áreas sensíveis. Em alguns casos, pode ser necessário realizar exames adicionais para avaliar a extensão da infecção e determinar o melhor plano de tratamento”, comenta Carol Mardegan.

Além disso, manter uma rotina de higiene é essencial para ajudar na prevenção da doença. Outras abordagens para prevenir também são necessárias, segundo a especialista, que traz cinco dicas

1. Cuidados com a pele: Mantenha a pele limpa e hidratada, evitando ferimentos e lesões que possam servir como porta de entrada para as bactérias.

2. Higiene pessoal: Lave as mãos regularmente com água e sabão, especialmente após entrar em contato com áreas contaminadas ou feridas.

3. Proteção da pele: Use roupas e sapatos adequados para proteger a pele contra lesões e picadas de insetos.

4. Tratamento de condições subjacentes: Controle outras condições médicas, como insuficiência venosa ou diabetes, que possam aumentar o risco de desenvolver erisipela.

5. Evite compartilhar objetos pessoais: Não compartilhe itens de higiene pessoal, como toalhas, lâminas de barbear ou utensílios de cozinha, para evitar a propagação de bactérias.

Com Assessorias

 

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