Por Maryana com Y*

Com uma reviravolta no painel de controles, a personagem Riley chega à adolescência, tomando um banho de hormônios e novidades no filme ‘Divertida Mente 2′ . Essa situação pode muito bem ser relacionada ao nosso dia a dia de adulto contemporâneo, moderno, estressado, com contas para pagar e e-mails para responder.

O “painel” de um adulto não é muito diferente do de um adolescente, com angústias, pressa e medo de rejeição. Vivemos emoções parecidas no nosso ambiente de trabalho, que se torna cada vez mais competitivo e pouco amigável.

Diante disso, é importante sabermos que não conseguimos controlar nem o ambiente e nem os nossos líderes. Podemos, sim, controlar o que estamos sentindo e não a reação dessas pessoas aos nossos sentimentos.

Após nove anos da estreia de Divertida Mente, a sequência da Disney traz cinco novas emoções – Ansiedade, Vergonha, Inveja, Tédio e Nostalgia – que se juntam às já conhecidas Raiva, Tristeza, Nojo, Alegria e Medo.

Não podemos controlar todas essas emoções, mas podemos treinar a nossa consciência para que, quando elas estiverem presentes, sejamos capazes de direcionar uma atitude, seja para sofrermos menos ou para potencializarmos a alegria.

Em se tratando de líderes, é importante que eles consigam se enxergar perante a sua equipe e entender os sentimentos que despertam nela.

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Analogias das emoções de Divertida Mente no ambiente de trabalho

Veja abaixo algumas analogias que fiz com as questões apresentadas pelo filme e que fazem parte do nosso cotidiano no trabalho:  

  • Raiva, no meu entendimento, seria como um líder autocrático, que pode tomar decisões rapidamente e impor sua vontade sobre a equipe, muitas vezes sem considerar as opiniões do seu time. 
  • Já a Alegria, valoriza a participação de todos e aponta para um líder democrático, que incentiva a colaboração e a comunicação aberta, permitindo que a equipe compartilhe ideias e soluções.
  • Tristeza, por sua vez, apesar de ter tendência a ver o lado negativo das coisas, desempenha um papel importante no crescimento e desenvolvimento dos demais. Seria como um líder transformacional, que motiva e inspira sua equipe a atingir os objetivos, muitas vezes superando obstáculos difíceis.
  • Medo me remete a um estilo de liderança aristocrática, se preocupando, geralmente, com a segurança e o bem-estar de todos. Pode se assemelhar a um tipo de liderança individualista, que assume uma postura protetora em relação à equipe, muitas vezes tomando decisões com base no que acredita ser melhor para todos. 
  • Nojo tem muito a ver com um estilo de liderança técnico, com a tendência a ser crítica e desdenhosa, mantendo certa distância emocional dos outros. Exemplificando, eu diria que é aquele líder que acredita que só hard skills importam, não dando autonomia aos membros da equipe, dificultando um ambiente livre e criativo.      
  • Ansiedade, que abre a lista das “emoções novas”, está relacionada, ao meu ver, com a necessidade de treinarmos em nós e em nossas equipes o AUTOCONHECIMENTO. Dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), apontam que o Brasil é o país mais ansioso do mundo, com cerca de 9,3% da população composta por pessoas ansiosas. Precisamos reconhecer a ansiedade como uma emoção que virá nos visitar, principalmente às vésperas de algum evento importante, seja profissional ou pessoal. Devemos ficar atentos para que ela não se instale como dona do nosso “painel de controle”.
  • Vergonha tem a ver com a necessidade de treinarmos em nós e nas nossas equipes a INOVAÇÃO, com ambientes seguros para o erro. Sentimos vergonha pelo fato de imaginarmos que as pessoas poderiam nos julgar. Assim, temos uma ideia e não falamos numa reunião de trabalho por medo do julgamento alheio. Para que isso não aconteça, é necessário que saibamos desenvolver nossa autoestima. Já os líderes, precisam enxergar o local de trabalho como um ambiente de inovação, seguro ao erro e com espaço para a criatividade.
  • Inveja pode ser relacionada à necessidade de treinarmos a COMUNICAÇÃO inclusiva e respeitosa. Sentimos inveja quando há uma quebra da imagem positiva, quando deixamos de torcer pelo bem do outro. Isso só acontece quando não sabemos o sentido do nosso caminhar, quando nosso ego quer ganhar mais espaço, quando buscamos mais aplausos do que de fato respostas plausíveis para fazer com que todos se sintam bem e beneficiados.
  • Tédio desperta a necessidade de treinarmos a LIDERANÇA POSITIVA. Segundo o Mihaly Csikszentmihalyi e sua teoria do FLOW (atividades que nos trazem satisfação e felicidade), nos sentimos entediados quando estamos navegando nas nossas altas habilidades, mas com baixos desafios. 
  • E, por fim, temos a Nostalgia, uma emoção que só conhecemos mesmo na fase adulta, pois ela nos faz refletir sobre a importância de acontecimentos importantes na nossa vida e na nossa carreira, que nos trouxeram até aqui. Com ela cabem sentimentos prazerosos e outros nem tanto, para alguns sorrimos e para outros choramos. Mas é a nostalgia que nos molda e nos faz refletir se saímos do prumo para a realização daquele sonho que tínhamos.

Muitos ainda acreditam que as animações são para as crianças e, talvez sejam mesmo. Mas para a sua criança interior, que espera sempre um bom motivo para refletir e brincar novamente”. Então, convido você a assistir esse recorde de bilheteria em 2024, que combina reflexões importantíssimas sobre o que somos como humanos emocionais. 

*Maryana com Y é especialista em bom humor, palestrante internacional, coautora do best seller “Soft Skills” e do livro “Balanced Skills” e guardiã do Sebrae Delas. Ela é também fundadora da Humor Lab, consultoria que desenvolve cultura baseada no bom humor por meio de palestras e treinamentos. Em suas palestras, Maryana aborda temas como inteligência positiva e emocional, criatividade, comunicação e liderança leves. Sua missão é transformar pessoas e empresas com o poder do humor e da positividade.

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