No Brasil, aproximadamente 18,6 milhões de pessoas de dois anos ou mais de idade (ou 8,9% da população desse grupo etário), vivem com algum tipo de deficiência, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).  Esses números reforçam a urgência de debater e promover a inclusão e garantir que todos os cidadãos tenham as mesmas oportunidades de participação e desenvolvimento.

Uma pessoa com deficiência (PCD) tem o direito de ser ouvida e valorizada na sociedade, pois enfrenta barreiras diárias que vão desde a dificuldade de locomoção até a falta de acesso a oportunidades de trabalho e lazer. O dia 3 de dezembro é o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, uma celebração global estabelecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) com o propósito de ampliar a conscientização sobre as questões relacionadas à deficiência e incentivar a promoção da dignidade e bem-estar.

Outras duas datas levam à uma reflexão para promover uma consciência maior e respeitosa na comunidade e que ajudam na convivência equitativa entre pessoas com e sem deficiência. São elas: Dia Nacional da Acessibilidade (5) e Dia da Criança com Deficiência (9).

Todas as datas têm sua relevância, pois, para serem incluídas na sociedade, essas pessoas precisam ter suas características individuais consideradas para que sejam incluídas em todos os ambientes. Com mobilizações de políticas públicas devidamente implementadas e colocadas em prática e com acolhimento, as barreiras são mais fácies de serem quebradas em prol desses indivíduos”, explica a psicopedagoga Natalie Schonwald, especialista em temas de inclusão e diversidade.

Um entre 6 pessoas tem alguma deficiência significativa

São Paulo (SP), 21/09/2024 - Praça Roosevelt recebe a segunda edição da Parada PCD, que celebra a diversidade, a inclusão e o orgulho de ser PCD. A parada acontece no Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil
© Paulo Pinto/Agência Brasil

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 1,3 bilhão de pessoas em todo o mundo vivam com algum tipo de deficiência classificada como ‘significativa’. O número corresponde a uma proporção de uma em cada seis pessoas. “Pessoas com deficiência têm direito ao mais alto padrão de cuidado em saúde possível, assim como pessoas sem deficiência”, destacou a entidade.

Dados do relatório global sobre igualdade na saúde para pessoas com deficiência, publicado pela OMS, mostram que, embora alguns progressos tenham sido registrados ao longo dos últimos anos, o mundo ainda está longe de concretizar esse direito para diversas pessoas com deficiência “que continuam a morrer mais cedo, têm uma saúde mais precária e experimentam mais limitações no dia a dia”.

Esses resultados ruins se devem às condições injustas enfrentadas por pessoas com deficiência em todas as áreas da vida, incluindo no próprio sistema de saúde. Os países têm a obrigação, conforme previsto na legislação internacional sobre direitos humanos, de abordar as desigualdades na saúde enfrentadas por essas pessoas”, destacou a entidade.

A OMS apela aos estados-membros que tomem medidas para promover a igualdade na saúde para pessoas com deficiência e pede ainda que a sociedade civil, incluindo organizações de pessoas com deficiência e outros parceiros na promoção da saúde, colabore e defenda a implementação de ações que permitam alcançar o mais elevado padrão de saúde possível para todos.

Como apoiar e promover a inclusão no dia a dia

Há inúmeras maneiras de apoiar e promover a inclusão no dia a dia, e essa pauta deve estar sempre em evidência. Na opinião de Natalie, para que o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência ganhe cada vez mais visibilidade, é essencial demonstrar que a participação dessas pessoas na sociedade deve ser uma realidade constante, e não em um evento pontual.

O reconhecimento e a celebração do momento devem servir como um ponto de partida para a verdadeira participação de todos na sociedade. Se a participação desse público for limitada a uma data comemorativa, em vez de se tornar parte integrante do cotidiano, o que ocorre é uma forma de exclusão disfarçada”, reforça.

Neste dia 3 de dezembro, ações que envolvam o mundo corporativo, escolar e esportivo, como o acesso a esportes adaptados, programas de educação inclusiva em atividades práticas que trabalham com todos os envolvidos, preparando-os para receber com naturalidade e respeito, enaltecem a data.

Essas iniciativas tendem a sensibilizar e garantir que a inclusão de pessoas com deficiência se torne uma prática cotidiana, transformando-se em um verdadeiro compromisso com a acessibilidade e equidade”, pontua a palestrante.

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Dia Nacional da Acessibilidade

O Dia Nacional da Acessibilidade (5 de dezembro) é lembrado para sensibilizar a sociedade sobre a necessidade da eliminação de barreiras físicas e sociais em diversos locais para garantir condições para as pessoas com deficiência ocupar qualquer lugar que desejar.

A construção de um espaço público inclusivo precisa, no mínimo, atender a acessibilidade estrutural, como elevadores, rampas de acesso, plataforma elevatória, banheiros adaptados, audioguia, comunicação em libras e audiodescrição (em caso de um evento), sistema de sonorização de emergência, entre outros.

Para Natalie, diversas questões ajudam na construção de uma maior autonomia de pessoas com deficiência, está aí a relevância desta data para focar no assunto.

Os espaços urbanos públicos acessíveis são aqueles que, arquitetonicamente, permitem que esses cidadãos possam ter acesso de forma autônoma, enquanto os ambientes inclusivos são aqueles que respeitam a diversidade e atenda, da melhor forma possível, as diversas necessidades e amplie a participação de todos, explica Natalie.

Dia da Criança com Deficiência

De acordo com a psicopedagoga, o Dia da Criança com Deficiência (9/12) merece um olhar diferenciado para que haja uma inclusão de sucesso. A família é o primeiro ambiente de socialização da criança, por isso o papel dos pais é fundamental na constituição de seus filhos em todos os aspectos. Mas, a comunidade como um todo também é responsável pela inclusão dos pequenos. Dentro de todo esse aspecto de conscientização, a palestrante explica:

É importante garantir que essas crianças tenham acesso a uma educação inclusiva, oportunidades de desenvolvimento e o suporte necessário para crescer em um ambiente que respeite suas necessidades e potencialidades desde cedo, para aumentar sua autonomia, autoestima e plena participação na sociedade”, finaliza Natalie.

Natalie Schonwald, exemplo de superação

Pessoa com deficiência física, Natalie é um dos muitos exemplo de superação de PCDs que a cada dia ganham mais visibilidade na luta anticapacitista. Após um AVC com 8 meses, enfrentou um caminho de superação. Sua história é marcada não apenas pela adversidade, mas pela resiliência e conquistas que a transformou em fonte de inspiração, destacando a importância da inclusão e da diversidade em todas as suas formas.

Com apoio da familia, Natalie pratica pratica esporte desde seus 9 anos. Como atleta, participou do mundial de adestramento paraequestre em 2003 –, também é embaixadora da equipe feminina de surfe adaptado. Psicóloga, pedagoga, palestrante de inclusão e diversidade, ela é pós-graduanda em Psicopedagogia pelo Instituto Singularidades (SP) e autora dos livros infantis “Na Cidade da Matemática” e “Na Cidade da Matemática – Bairro das Centenas”.

Natalie completa seu trabalho escrevendo artigos e realiza atividades em escolas que envolvem assuntos como o de combate ao bullying e diversidade, este último, também é um tema que a psicóloga aborda em suas palestras em empresas. A profissional também é voluntária da Associação dos AVCistas do Brasil – uma organização comunitária de acolhimento às vítimas de AVC e seus familiares, e da Comunidade Educadores Reinventores. 

Com informações da Assessoria de Imprensa e Agência Brasil

 

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