Depois do calorão de mais de 40 graus, com sensação térmica beirando a 60 graus à sombra no dia do padroeiro da cidade, São Sebastião, em 20 de janeiro, o carioca tem convivido os últimos dias com uma frente fria que trouxe muita chuva e até baixou as temperaturas para amenos 25 graus. Mas não é apenas na praia do carioca que a queda nos termômetros influencia.
Especialistas alertam que as alterações bruscas na temperatura, causadas pelos efeitos das mudanças climáticas, podem deixar o corpo mais vulnerável. O motivo é a variação rápida entre o clima quente e o frio, ou vice-versa, que tem efeitos similares ao de um choque térmico no organismo e enfraquece as defesas do corpo. O problema facilita o desenvolvimento de doenças, principalmente as respiratórias, como: gripe, resfriado, sinusite e rinite.
Para minimizar o impacto das mudanças repentinas de temperatura, o organismo humano adequa a sua temperatura à do ambiente por meio de vasodilatação, constrição dos vasos sanguíneos e transpiração. Esse mecanismo, quando em pleno funcionamento, evita o choque térmico. Porém, quando falha, atrapalha a atividade das células e enfraquece o sistema de defesa do corpo.
Quando a temperatura diminui rapidamente, as vias áreas nasais estão despreparadas para receber o ar frio e podem inflamar. Piora a situação, fechar janelas e portas para dificultar o resfriamento do ambiente. O hábito diminui a ventilação no espaço, facilitando o acúmulo de pó e sujeiras e a transmissão de vírus e bactérias relacionadas a problemas respiratórios.
Também oferece riscos à saúde o aumento repentino de temperatura. O calor excessivo causa a contração dos vasos sanguíneos – constrição dos vasos – diminuído o fluxo de sangue no corpo e, consequentemente, a pressão arterial. São sintomas comuns da situação dor de cabeça, enjoo, tontura, náuseas e mal-estar geral.
A infectologista Andrea Almeida, do Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual (Iamspe), alerta que os incômodos no corpo são sinais importantes do impacto das mudanças de temperatura no organismo.
“Para evitar o problema, ajuste imediatamente a hidratação, a dieta e o vestuário de acordo com o clima. Em ambientes quentes, ingira mais líquidos e use roupas leve, já nos mais frios, coma comidas mais nutritivas e mantenha os espaços arejados. Caso surjam sintomas intensos, procure por assistência médica”, aconselha.
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Maior atenção aos idosos com as mudanças bruscas de temperatura
Em períodos de mudanças bruscas de temperaturas é necessária uma atenção ainda maior com os idosos. Devido a essas alterações, os riscos à saúde desse público, são maiores.
No calor, os idosos tendem a sofrer com desidratação e hipertermia, que é a elevação da temperatura corporal. Já durante o frio a população idosa pode apresentar o aumento de doenças respiratórias, como a pneumonia. Dessa forma, a situação pode ocasionar uma rápida instabilidade do quadro clínico de saúde.
Nos períodos mais quentes do ano, os idosos podem perder mais água pela urina, já que muitos deles fazem uso de medicações para controle de doenças como hipertensão arterial e diabetes, ocasionando quadro de desidratação. Fraqueza, boca seca e amarga, tontura e vômito também são sinais de alerta em dias com altas temperaturas.
Já quando os termômetros baixam, eles ficam mais suscetíveis a hipotermia ocasionada pela queda da temperatura corporal, doenças respiratórias e infecções, como gripe e pneumonias.
“Buscar por um médico é sempre a melhor opção para prevenir o agravamento dos problemas de saúde nos idosos, principalmente quando há dias com variações bruscas de temperaturas. Qualquer sinal de sonolência, pressão baixa, confusão mental ou diminuição do volume urinário deve ser relatado”, explica Omar Jaluul, geriatra do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
O especialista explica ainda que familiares e cuidadores devem sempre oferecer água e frutas leves e ricas em água para as pessoas mais velhas. “O idoso tende a não sentir sede, por isso é importante que haja sempre a oferta de líquidos, principalmente água. Isso ajuda a mantê-los hidratado”, afirma o geriatra.
Orientações para enfrentar mudanças bruscas na temperatura
- Estar em dia com todas as coberturas vacinais;
- Buscar ajuda médica se o idoso apresentar calafrios ou dificuldades respiratórias;
- Tomar água ao longo do dia;
- Manter os ambientes ventilados, arejados e frescos;
- Não se expor ao sol entre 10h e 16h;
- Usar de roupas leves, chapéus, bonés e protetor solar.
Além de 12 mortes e dois desaparecimentos, 14 dos 92 municípios do Rio de Janeiro registram cerca de 100 mil pessoas afetadas de alguma forma pelos temporais desde meados de janeiro. Desse total, 27 mil estão desalojadas e outras 927 estão desabrigadas. A Baixada Fluminense é a região mais castigada – a região registrou duas fortes tempestades na mesma semana.
Alerta para novos temporais com risco de alagamentos e deslizamentos
A terça-feira (24) foi chuvosa em boa parte do estado e desde quarta-feira (24) o tempo permanece instável, com possibilidade de pancadas moderadas a qualquer hora. Um quadro que deve seguir pelo menos até o De acordo com o site Meteored, as últimas previsões indicam tempestades intensas no Rio, especialmente entre quinta e sexta-feira (26). Em pontos isolados, os acumulados de chuva podem passar dos 200 mm até domingo (28).
O Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) emitiu alerta para o Rio de Janeiro para chuvas de 30 mm/h ou até 50 mm/dia, além de ventos intensos de até 60 km/h. Há risco de alagamentos e deslizamentos, cortes na energia elétrica, queda de galhos de árvores e descargas elétricas.
Em caso de rajadas de vento fortes e tempestades com raios, evite se abrigar debaixo de árvores, pois há risco de queda e de descargas elétricas. Além disso, não estacione veículos em locais próximos a torres de transmissão e placas de propaganda.
Previsão até o domingo (28) mostra que pode chover mais de 200 mm nos próximos dias, com risco alto de alagamentos e deslizamentos
Litoral de São Paulo, Santa Catarina e Paraná também são atingidos pelas chuvas
A meteorologia também tem indicado acumulados altíssimos de chuva no litoral de São Paulo, assim como ocorreu no litoral no litoral de Santa Catarina e Paraná nos últimos dias.
Um segundo alerta do Inmet foi emitido para os próximos dias para o leste e litoral de São Paulo, que deve ter risco de chuva superior a 60 mm/h ou acima de 100 mm/dia, com grande risco de alagamentos e transbordamentos de rios, além de risco altíssimo de deslizamentos de encostas.