Há um ano, Vanessa Romão estava pronta para comemorar o último Dia dos Namorados antes de se casar com o terapeuta Fellipe Cruz. Faltavam só dois meses para o casamento, marcado para setembro. Os convites estavam todos prontos na casa dela para serem distribuídos. Mas, naquele 12 de junho, ao invés de ir para um restaurante, o casal foi para o hospital. Vanessa foi internada com Covid e só saiu 40 dias depois com o diagnóstico de Leucemia Mielóide Aguda.

A história é contada pelo médico hematologista Vanderson Rocha em seu instagram, para enaltecer a história de superação de sua paciente. “Para surpresa de todos, inclusive dos médicos, ao receber a notícia do câncer, Vanessa quis saber: “O que vamos fazer para eu ficar boa?”. Quem esperava que ela se desesperasse ou chorasse não entendeu bem, mas é assim que ela encara os desafios”, recorda-se o doutor em Hematologia Terapia Celular.

Ainda bem, conta o também professor titular da Universidade de São Paulo (USP), porque vieram outras notícias difíceis depois. Vanessa teria que fazer um transplante de medula óssea e nenhum de seus familiares eram compatíveis. Os doadores estavam no banco do Redome. “Isso mesmo! Doadores. Encontramos dois compatíveis, da Alemanha”.

Durante o transplante, nada foi simples. Ela contraiu uma mucosite grave e foram 37 dias internada. Vanessa atravessou tudo isso com muito otimismo, reagendou o casamento para setembro deste ano, quer conhecer a Alemanha (e se possível sua doadora) em 2024 e já voltou a trabalhar, inclusive com uma promoção.

“Que possamos aprender com a história da Vanessa que podemos caminhar pela vida cheios de certezas, com uma ideia clara de quem somos e de onde pretendemos chegar, mas que, quando surgirem obstáculos, possamos mudar a rota com um olhar positivo e de muita coragem. Viver feliz e bem deve sempre ser nossa regra mais rígida. E, se for preciso, dedique seu amor incondicional ao lado de quem passa por esse caminho!”, diz o médico, que é é coordenador de terapia celular da Rede D ‘Or.

Leucemia: entenda o câncer do sangue

Novos casos de leucemia podem chegar a 11.540 por ano até 2025 no Brasil. Veja os principais sintomas e a relação da doença com a medula óssea

Estamos no mês da campanha Junho Laranja, de conscientização sobre anemia e leucemia, doenças do sangue. A leucemia é um tipo de câncer com origem nos leucócitos ou glóbulos brancos. A proliferação desordenada dessas células geralmente afeta a produção de outras células da medula óssea, como as hemácias, leucócitos normais e plaquetas. Com a doença, ainda que os leucócitos costumem estar em grande número, eles perdem a função de nos proteger, deixando o organismo suscetível a infecções.

O número de casos novos no Brasil para cada ano do triênio de 2023 a 2025, pode chegar a 11.540, segundo estimativa do Instituto Nacional de Câncer (Inca). O dado corresponde a um risco estimado de 5,33 por 100 mil habitantes.

“A leucemia aguda é a mais grave e mais agressiva. Muitas vezes, após a quimioterapia, o transplante de medula óssea acaba sendo o tratamento mais importante, porque permite que as células sanguíneas sejam novamente produzidas e amadurecidas na medula óssea de maneira normal”, diz o presidente da Sociedade Brasileira de Patologia, Clóvis Klock.

O médico patologista é um dos responsáveis pelo diagnóstico da leucemia, por meio da análise da biópsia de medula óssea, quando necessária no acompanhamento dos pacientes com a doença.

A diferença entre a leucemia aguda e crônica reside no fato de que a primeira progride rapidamente, produzindo células que não estão maduras e não conseguem realizar as funções normais, já a segunda geralmente progride mais lentamente e os pacientes possuem um número maior de células maduras.

Os sintomas podem aparecer de forma gradual, por isso é preciso ficar atento a infecções recorrentes ou graves, febre com frequência, anemia que não melhora com tratamento ou sangramentos repetitivos sem causa aparente. “É de extrema importância ficar atento aos sintomas que aparecem no corpo e sempre consultar um médico”, afirma o presidente da SBP. Esse problema se agrava com a associação de problemas nas hemácias, como anemia, e nas plaquetas, que pode levar a quadros de sangramentos graves.

Anemia

A anemia é um distúrbio da produção das hemácias ou glóbulos vermelhos, que são responsáveis por transportar o oxigênio para todas as células do corpo. Portanto, a anemia costuma levar a sintomas relacionados ao cansaço generalizado, palidez de pele e mucosas, falta de disposição, dificuldade de aprendizagem e apatia.

Ainda que a deficiência de ferro seja uma das causas mais comuns da anemia e que ela seja frequente na gravidez por conta mesmo da gestação, diversas outras causas podem levar à esta condição. Entre eles, estão fatores hereditários como a doença falciforme e as talassemias, estados específicos da vida, como durante o primeiro ano de vida, período menstrual e gestação, ou doenças que interfiram com a produção da medula óssea.

A anemia pode estar associada a uma grande quantidade de doenças crônicas, podendo tanto diminuir a qualidade de vida, quanto progredir e levar até mesmo à morte, por isso, representa um sinal de alarme para diversas doenças mais graves, com destaque para o câncer. Em caso de sintomas, é imprescindível procurar um médico.

Com Assessoria da SBP

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