Todos sabemos que o uso de qualquer medicamento sem prescrição médica deve ser evitado, especialmente nos casos de dengue. O perigo da automedicação na dengue é significativo devido aos riscos associados ao uso de medicamentos à base de ácido acetilsalicílico (aspirina), bem como de outros anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), como o ibuprofeno e o naproxeno.
Esses medicamentos podem aumentar o risco de sangramentos, uma complicação séria associada à dengue. A recomendação de evitar esses medicamentos é devido ao fato de que a dengue pode causar queda nas plaquetas, células sanguíneas responsáveis pela coagulação. Por isso, o uso de medicamentos que afetam a coagulação pode agravar o risco de hemorragias.
“A dengue é apenas a doença mais comum causada pelo mosquito, que também é vetor da Zika e Chikungunya. Mas é importante nos atentarmos principalmente aos casos graves da dengue, onde há complicações e o paciente precisa acompanhar os sintomas e a evolução do quadro da doença”, reforça Nívia Ferreira, médica infectologista do Hospital Estadual do Centro-Norte Goiano (HCN), unidade do governo de Goiás em Uruaçu administrada pelo Instituto de Medicina, Estudos e Desenvolvimento (IMED).
Elisa Teixeira Mendes, infectologista do Hospital São Luiz Campinas, também alerta ainda para o risco da automedicação em casos de dengue. “O uso de anti-inflamatórios e AAS (ácido acetilsalicílico, conhecido também como aspirina), aumenta o risco de hemorragias e podem complicar o quadro clínico”.
Conheça os sintomas de casos graves de dengue
Os principais sintomas da dengue normalmente são febre alta (acima de 38°C), de início abrupto, que geralmente dura de 2 a 7 dias, acompanhada de dor de cabeça, dores no corpo, nos olhos e articulações, além de prostração, fraqueza, dor atrás dos olhos, manchas vermelhas pelo corpo e coceira na pele.
Para casos mais graves, os sinais de alerta são dores abdominais intensas, vômito constante, sangramentos, alterações neurológicas e no humor do paciente. De acordo com a médica infectologista do HCN, é fundamental que esses sinais de alerta sejam avaliados por um médico especialista, para evitar a evolução da doença para um quadro mais grave.
“Ao identificar episódios de febre e cansaço, com mais sintomas associados, é importante buscar atendimento médico, para diagnóstico e tratamento adequado para aliviar os sintomas sem comprometer a saúde do paciente e, caso necessário, sugerir internação para acompanhamento clínico””, orienta Nívia.
Um alerta especial deve ser direcionado para gestantes, idosos e crianças, além de pessoas com doenças crônicas e comorbidades como hipertensão, diabetes, cardiopatias, DPOC e outras. Estes grupos são considerados mais vulneráveis aos impactos da doença, exigindo uma atenção redobrada à prevenção e ao monitoramento desses sintomas.
Pensando nisso, a especialista traz alguns alertas e reforça a importância dos cuidados, ressaltando que
Tratamento e prevenção
A hidratação desempenha um papel crucial no tratamento, contribuindo significativamente para o alívio dos sintomas e a recuperação do paciente. Durante a infecção pelo vírus da dengue, a febre e os sintomas associados podem levar à desidratação, aumentando o risco de complicações. Manter-se hidratado ajuda a compensar a perda de líquidos devido à febre e aos possíveis vômitos, auxiliando na estabilização da pressão arterial e na prevenção de complicações mais graves, como o choque.
Apesar de já existir uma vacina para os 4 sorotipos de dengue, a conscientização da população também é fundamental, tanto para prevenção quanto para o tratamento da doença. “É de extrema importância a avaliação e o acompanhamento de um profissional de saúde, pois a dengue pode ter complicações sérias e o risco aumenta caso o paciente já tenha contraído a doença anteriormente”, afirma a médica infectologista.
Chuvas favorecem proliferação do mosquito
Segundo o Ministério da Saúde, em 2023, o Brasil registrou mais de 1,5 milhão de casos prováveis de dengue. O número supera as notificações feitas ao longo de 2022 e é quase três vezes maior do que os números de 2021. Com o clima quente e o aumento das chuvas no início do ano, há uma alta na proliferação do mosquito Aedes Aegypti, pois é mais comum o acúmulo de água em diversos recipientes, como pneus, vasos de plantas e objetos descartados.
Esses locais se tornam propícios para o mosquito Aedes Aegypti, que se reproduz em água limpa e parada. Durante os períodos chuvosos os focos de proliferação são ampliados, destacando a urgência de medidas preventivas para conter a expansão desses focos. Por isso, é importante limpar e verificar regularmente esses pontos que podem acumular água.
Entre as medidas a serem adotadas estão esvaziar garrafas e mantê-las com a boca virada para baixo, limpar calhas, colocar areia nos pratos das plantas, tampar tonéis, lixeiras e caixas-d’água e colocar objetos, como pneus e lonas, abrigados da chuva. O uso de repelentes também se configura como uma prática preventiva eficaz.
Circulação dos sorotipos 3 e 4 da dengue preocupa
Além do aumento de casos em relação aos anos anteriores, é preocupante a possibilidade de circulação dos sorotipos 3 e 4 do vírus da dengue, que já foram identificados em outros estados e municípios.
“Há vários anos não temos casos desses sorotipos em Campinas. A possibilidade de infecções por eles é preocupante, pois pacientes que já tiveram dengue com outros sorotipos têm maior risco de evoluir para quadros graves”, explica Dra Elisa.
Segundo ela, a cidade de Campinas está enfrentando um aumento nos casos de dengue. Até o último dia 15, o boletim divulgado pelo Departamento de Vigilância em Saúde do município registra 11.306 casos confirmados da doença e três óbitos (dados até a 52ª semana epidemiológica). A maioria dos casos está concentrada na faixa etária entre 20 e 39 anos.
Medidas de prevenção em casa
Dados da Prefeitura de Campinas apontam que, dos criadouros identificados durante as visitas de agentes, 72% são vasos e pratos de flores e plantas, latas, garrafas, baldes, materiais de construção.
“A prevenção começa em casa. O mosquito se reproduz em água parada, por isso, é tão importante conscientizar a população. Ações individuais têm impacto significativo na redução dos criadouros do mosquito transmissor”, destaca a infectologista.
– Elimine criadouros: Verifique regularmente áreas ao redor de sua casa em busca de recipientes que possam acumular água, como vasos de plantas, pneus velhos e recipientes descartáveis. Esses são locais propícios para a reprodução do mosquito Aedes aegypti, vetor da dengue.
– Limpeza de calhas e canaletas: Certifique-se de que calhas e canaletas estejam limpas, evitando acúmulo de água parada.
– Descarte adequado de resíduos: Descarte corretamente o lixo, evitando deixá-lo acumulado em locais inadequados.
– Cuidados com recipientes de água: Mantenha caixas d’água vedadas e piscinas devidamente tratadas.
– Proteção adicional: Para aumentar a proteção é possível utilizar repelentes, principalmente durante as horas de pico de atividade do mosquito, ao amanhecer e ao entardecer. Além disso, instalar telas em janelas e portas para impedir a entrada do mosquito.
Com Assessorias