O verão é, tradicionalmente, a pior época em número de casos de dengue. O Brasil é o primeiro país no mundo a disponibilizar o imunizante na rede pública, mas também é o que tem o maior número de casos da doença, conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS). Somente em 2023, foram 2,9 milhões de casos – mais da metade dos cinco milhões registrados globalmente e quase 50% mais registros do que no anterior, segundo o Ministério da Saúde.
No último dia 15, o Ministério da Saúde anunciou que irá priorizar a faixa etária de 10 a 14 anos na campanha de vacinação contra a dengue que iniciará a partir de fevereiro. O esquema deixa de fora milhares de crianças, além de todo o público adulto, embora o imunizante seja aconselhado para pessoas dos 4 aos 60 anos.
Especializado em atendimento infantil, o Hospital Pequeno Príncipe alerta sobre a atenção especial da dengue em crianças, principalmente abaixo dos 2 anos, pois pode haver um agravamento súbito de sintomas se a doença não for identificada precocemente, devido à baixa imunidade.
“Em pacientes de pouca idade, a febre alta gerada pela dengue pode ocasionar aumento da frequência respiratória e cardíaca, sudorese mais intensa, além de acarretar quadros de desidratação”, explica o infectologista Victor Horácio, vice-diretor de Assistência e Ensino da instituição.
Sinais da dengue em crianças
A dengue em crianças possui um agravamento súbito de sintomas, que podem levar a sequelas graves ou a óbito, caso não seja tratada adequadamente. O sangramento (na gengiva, na pele, na evacuação ou no vômito) indica a dengue hemorrágica, que exige um atendimento médico emergencial. Veja os principais sinais da doença em crianças:
- febre alta [39°C a 40°C];
- dores musculares e nas articulações;
- lesões de pele;
- fraqueza em geral; e
- sonolência, choro e irritação excessivos.
Como os sinais podem confundir-se com as viroses, que são muito comuns na infância, o diagnóstico médico por meio de análise clínica, epidemiológica e de exames laboratoriais é essencial.
Tratamento da dengue
O acompanhamento com um pediatra durante e após a detecção da doença é fundamental para evitar manifestações mais graves e até atípicas que cada criança pode apresentar. Nos casos mais leves, o tratamento é feito com repouso, hidratação e controle dos sinais clínicos. Já em situações mais graves, pode ser necessário o internamento para hidratação intravenosa e até mesmo suporte intensivo.
Vacina da dengue para crianças
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) recomenda a vacina Qdenga contra a dengue preferencialmente para imunizar crianças e adolescentes. Aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o imunizante é aplicado em duas doses, com intervalo de três meses, e destinado a indivíduos de 4 a 60 anos de idade.
O Ministério da Saúde incorporou a vacina ao Sistema Único de Saúde (SUS) e irá priorizar a faixa etária de 6 a 16 anos na aplicação que iniciará a partir de fevereiro. O público prioritário foi recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pela Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização.
A médica pediatra Elisabeth Fernandes, da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Elisabeth reforça que a vacina confere proteção contra os 4 sorotipos do vírus da dengue, mesmo para as pessoas que já apresentaram a doença. “É uma injeção subcutânea, ministrada em duas doses, com intervalo de 3 meses entre elas”, diz.
“Alguns efeitos colaterais são possíveis, como dor no local da injeção, moleza, dor de cabeça e febre, que podem acontecer até dois dias após a aplicação, principalmente na primeira dose”, lembra a pediatra.
Prevenção inclui uso de repelentes nas crianças
A forma de proteção mais usual e prática, segundo a Dra. Elisabeth, é o uso de repelentes, mas não se pode usar de forma indiscriminada. “No caso de bebês e crianças, as indicações precisam ser respeitadas de acordo com a faixa etária”, informa a pediatra, adicionando o guia a seguir:
- Para bebês acima de 2 meses: Icaridina na concentração de 10%
- Para bebês acima de 6 meses: Icaridina na concentração de 20% e IR3535
- Para crianças acima de 2 anos: DEET
“Os repelentes não devem ser aplicados na presença de lesões ou ferimentos”, diz a médica, reforçando que o produto não deve tocar olhos e boca, assim como não deve ser manipulado pelas crianças.
Como se proteger do mosquito
A crise climática é apontada como uma das causas do aumento da dengue, já que o mosquito transmissor (Aedes aegypti) se reproduz em regiões quentes e com água parada. Por isso, as recomendações clássicas de cuidados com o ambiente doméstico permanecem. Confiram as dicas dos especialistas para a higienização dos ambientes.
não deixe água parada e acumulada;
mantenha as lixeiras fechadas e protegidas da chuva;
mantenha os vasos de plantas limpos e utilizar areia até a borda;
guarde baldes, garrafas e outros recipientes com a boca para baixo;
cubra os reservatórios e caixas de água;
retire a água dos pneus e reservá-los em ambientes protegidos;
Use inseticidas na presença de mosquitos.
Com Assessorias