A campanha para que o cigarros eletrônico continue proibido no Brasil ganhou um forte aliado. Na noite deste domingo, 10 de março, o monumento ao Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, recebe, numa cerimônia a partir das 19h, uma iluminação especial em tons de verde não apenas para cativar os olhos dos espectadores, mas para lançar um alerta importante à sociedade.

Esta é uma iniciativa da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), em parceria com o Santuário Arquidiocesano Cristo Redentor, que tem como objetivo conscientizar a população sobre os perigos associados ao uso de cigarros eletrônicos, destacando a importância de mantê-los proibidos no Brasil.

Apesar dos esforços para conter o consumo de tabaco nos últimos anos, relatos impactantes de ex-fumantes e evidências científicas disponíveis por toda a internet revelam que o hábito de fumar voltou a crescer, especialmente entre os jovens, por meio dos cigarros eletrônicos.

Desde 2009, o comércio dos dispositivos eletrônicos para fumar (DEFs) é proibido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), por meio da Resolução n°46. No entanto, a falta de fiscalização no país permite que qualquer pessoa tenha fácil acesso aos chamados vapes, sendo crianças e adolescentes as novas vítimas da dependência de nicotina e pacientes de graves quadros respiratórios, cada vez mais frequentes.

“Temos visto adolescentes e crianças já completamente adictas do hábito de fumar. Os menores compram de contrabando, de cambistas, nas portas das escolas”, disse a presidente da SBPT, Margareth Dalcolmo. Segundo ela, são produtos “reconhecidamente tentadores, viciantes e prejudiciais à saúde da nossa juventude”.

A médica pneumologista lembra que o uso desses dispositivos desencadeou até mesmo o surgimento de uma nova doença, denominada Evali (Doença Pulmonar Associada aos Produtos de Cigarro Eletrônico ou Vaping), que causa fibrose e outras alterações pulmonares, podendo levar o paciente à UTI, ou mesmo à morte, em decorrência de insuficiência respiratória.

Ação contra projeto que quer liberar comércio de cigarro eletrônico

A ação no Cristo Redentor faz parte da campanha da SBPT, em conjunto com outras sociedades médicas como cardiologia, pediatria, adolescentes, a Fiocruz e a Academia Nacional de Medicina, lançada em outubro do ano passado, em oposição ao projeto de lei 5008/2023, apresentado pela senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), que propõe a liberação do comércio do cigarro eletrônico no país.

Para os especialistas, a regulamentação para liberar o uso, o comércio e a publicidade dos dispositivos eletrônicos para fumar (DEFs) coloca em risco a importante redução da proporção de fumantes no Brasil, que passou de 35% para 9% nos últimos 30 anos.

Margareth Dalmolmo comentou sobre a experiência do Reino Unido – usada como argumento por defensores da liberação dos vapes – que passou a oferecer cigarros eletrônicos como política de redução de dano, como intermediário para deixar o cigarro convencional. “Mas esse sistema não está funcionando e está sendo revisto na Inglaterra”, pontuou.

“Continuaremos firmes na defesa da regulamentação vigente, enquanto instamos os órgãos fiscalizatórios a intensificar seus esforços para coibir o trânsito, a propaganda e a oferta desses produtos. Esta ação reforça nosso compromisso em proteger esta e as futuras gerações”, disse a médica pneumologista.

Leia mais

Oncologistas alertam: cigarro eletrônico também causa dependência
10 razões para cigarro eletrônico continuar proibido no Brasil
Cigarro eletrônico: médicos são contra proposta para liberação

Riscos à saúde e custos econômicos do tabagismo

O tabagismo é uma das maiores ameaças à saúde pública global, causando a morte de mais de 8 milhões de pessoas anualmente. Segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), a indústria do tabaco é responsável por 12% dos óbitos no mundo e está relacionada a mais de 60 tipos de doenças.

Além disso, impõe enormes custos econômicos à sociedade, com gastos de mais de R$ 125 bilhões para mitigar os problemas de saúde associados ao tabagismo, conforme o relatório do Instituto de Educação e Ciências em Saúde (IECS 2020).

Por isso, iluminar o monumento ao Cristo Redentor neste domingo é mais do que um espetáculo visual: é um lembrete vívido dos desafios enfrentados na luta contra o tabagismo. É um chamado à ação para proteger a juventude brasileira dos perigos associados ao uso desses dispositivos.

Margareth Dalcolmo também agradeceu à Arquidiocese por ser uma aliada na proteção de crianças e adolescentes. “Sob as bênçãos do Cristo Redentor, expressamos nossa gratidão pela parceria estabelecida para a execução deste ato luminoso, que representa um marco em nossa luta contra os malefícios dos cigarros eletrônicos e demais dispositivos aquecidos de tabaco”, completou.

“Saúde e bem estar de nossa população são realidades inegociáveis e não podem ser relativizadas. Portanto, nosso sagrado monumento ao Redentor adere a esta campanha na certeza de que tal participação influenciará positivamente na conscientização”, destaca o reitor do Santuário Cristo Redentor, Padre Omar. Também participaram representantes de diversas instituições públicas, privadas e da sociedade civil.

Com informações do Santuário do Cristo Redentor e SBPT

Gostou desse conteúdo? Compartilhe em suas redes!
Shares:

Related Posts

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *