Com o número de casos e mortes crescendo nas últimas semanas, o Estado do Rio de Janeiro já iniciou a corrida pela vacinação contra a Covid-19. A Secretaria de Estado de Saúde (SES) informou que vai receber até dia 20 de dezembro o primeiro lote com oito milhões de agulhas e seringas que poderão ser usadas para a vacinação da população.
Um segundo lote com outras 8 milhões de agulhas e seringas será entregue à SES em janeiro. A vacinação no Estado do Rio, segundo a SES, deverá ocorrer assim que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovar a compra das vacinas pelo Ministério da Saúde. A estimativa é de imunizar 3,5 milhões de pessoas no estado a partir de março de 2021.
A informação foi divulgada pelo secretário de Estado de Saúde, Carlos Chaves, nesta quinta-feira (10/12), durante audiência pública da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). Esta foi a segunda reunião, realizada este mês, para discutir ações de enfrentamento à pandemia. O secretário também antecipou que o governo já comprou, ao todo, 16 milhões de seringas.
Em janeiro, devem chegar as outras oito milhões de seringas. A nossa previsão é começar a campanha de vacinação em março. Ela ocorrerá em quatro fases, e neste primeiro momento, vamos priorizar os profissionais da saúde, idosos, população indígena, pessoas com comorbidades, professores, forças de segurança, funcionários do sistema prisional e população privada de liberdade”, pontuou.
O secretário lembrou que as oito milhões de seringas serão o suficiente para aplicar duas doses para esta população prioritária. Chaves ainda lembrou que o plano de vacinação seguirá o mesmo protocolo aplicado para as vacinas da gripe e garantiu que a equipe de profissionais da saúde está preparada para aplicar o imunizante. “Nossa equipe tem experiência com imunizações e estamos prontos para dar as vacinas, aguardando apenas as doses chegarem”, afirmou.
A SES-RJ informou que o processo de compra já está concluído e agora está fazendo o empenho de verbas para a entrega imediata do material. Outro processo de aquisição, de mais 50 milhões de agulhas e seringas, foi iniciado em 4 de dezembro e estará concluído para as fases seguintes da campanha de vacinação contra a Covid-19. Além disso, o Governo do Rio já iniciou a readequação de toda a sua estrutura de logística, inclusive as de armazenamento e distribuição das doses de vacinas, para estar totalmente preparado para o início da vacinação.
De acordo com a SES, o Plano Nacional de Imunização, do Governo Federal, prevê a distribuição de agulhas e seringas aos estados. Mesmo assim, o Governo do Rio adotou um plano de contingência estadual, para que não ocorram atrasos na vacinação dos cidadãos fluminenses. Os 16 milhões de agulhas e seringas serão suficientes, caso necessário, para as quatro primeiras fases da campanha de imunização contra a Covid-19, quando a previsão é de que sejam vacinadas 3,5 milhões de pessoas no estado.
Em agosto, foi iniciado o processo de compra de 164 câmaras refrigeradas que serão enviadas aos municípios fluminenses, para ajudar na montagem da infraestrutura local. O Governo do Estado já tem a infraestrutura de armazenamento e distribuição de doses de vacina, pois faz seguidamente grandes campanhas de imunização contra a gripe e muitas outras doenças. A frota da SES será priorizada para distribuição das doses de vacinas contra a Covid-19. Parte dos municípios também dispõe de veículos refrigerados para esse transporte.
Tipo e armazenamento da vacina
A presidente da Comissão, deputada Martha Rocha (PDT), também quis saber qual será a vacina comprada pelo estado. Em resposta, o secretário esclareceu que o governo está seguindo as orientações do Ministério da Saúde e aguardando a homologação da Anvisa.
“A princípio vamos usar a vacina produzida pela AstraZeneca, e ela deve chegar no Rio, em janeiro. Se isso acontecer, vamos começar a campanha de vacinação ainda no primeiro mês do ano, mas o Ministério da Saúde trabalha com a previsão de entrega para março, por isso temos esses dois cenários possíveis”, justificou.
A deputada ainda questionou sobre o armazenamento da vacina. “Precisamos saber se o Rio já tem estrutura para receber esse medicamento que precisa ser condicionado em um local com baixíssima temperatura”, afirmou. Segundo o superintendente de Vigilância Epidemiológica da (SES), Mário Ribeiro, as vacinas da AstraZeneca/Oxford precisam ser mantidas na mesma temperatura das vacinas já distribuídas no Brasil. Com isso, as geladeiras comuns já são suficientes. Caso seja a vacina da Pfizer, será preciso ter uma refrigeração especial.
“Ela (da Pfizer) exige um freezer que chegue a menos 70 graus. Nenhuma vacina era preparada para ser armazenada nessa temperatura no Brasil. Então, nesse caso, teremos que encomendar espaços de armazenamento. Mas alguns representantes dizem que a Pfizer já está estudando uma forma de viabilizar também esse armazenamento”, justificou Ribeiro. Ele também informou que não há nenhuma indicação do Ministério da Saúde para vacinação de crianças. “Hoje não seria possível vacinar menores de 18 anos e gestantes”, disse.
Durante a reunião, a coordenadora-geral de Articulação Estratégica de Vigilância da Secretaria Municipal de Saúde do Rio (SMS), Patrícia Guttman, antecipou que a prefeitura já tem um plano alinhado com o Ministério da Saúde. “Estamos acostumados com grandes vacinações, como a do vírus influenza. Só estamos aguardando receber as doses de vacina””, disse. Patrícia também explicou que o município só irá aderir ao plano nacional. “Nesse primeiro momento a previsão é que sejam fornecidas, na capital, vacinas para 1,2 milhão de pessoas”, concluiu.
Leitos e atendimento
O estado do Rio conta com 17 milhões de habitantes e, atualmente, 91% dos leitos para covid já estão ocupados, segundo a presidente da comissão. Sobre a oferta de vagas para internação, o secretário explicou que não há como funcionar sem um Sistema Único de Regulação.
“Descobrimos 380 leitos vazios nas unidades. Eles são do SUS, não dos hospitais. Estamos levantando também a quantidade de leitos nas unidades privadas”, informou O secretário também anunciou a reformulação do Hospital Eduardo Rabelo, em Senador Vasconcelos, especializado em idosos. “A secretaria pretende reaparelhar e mudar a condução da gestão para atendimento global”, concluiu.
Volta às aulas
Os deputados também perguntaram sobre o retorno das aulas no estado. “Seguimos à risca o conceito das bandeiras de proteção e é como estamos orientando a Secretaria de Estado de Educação até o momento. Ele não é um modelo imutável, mas é o mais confiável até agora. Sempre podemos adaptá-lo, dependendo do cenário da pandemia”, respondeu o epidemiologista da SES, Danilo Klein.
Com SES e Alerj