O estresse emocional, dentre outros fatores, tem gerado aumento de casos de refluxo gastroesofágico, queé o retorno involuntário e repetitivo do conteúdo do estômago para o esôfago. De acordo com a dentista Kamila Godoy, membro da Associação Brasileira de Ortodontia, da World Federation of Orthodontists e pesquisadora da Faculdade de Odontologia da USP, o refluxo, associado à uma alimentação extremamente ácida, traz acidez estomacal (que tem Ph em torno de 2,0) à boca, resultando numa diminuição importante da acidez local.

“Ainda que a saliva possua mecanismos que tentam neutralizar o Ph, essa alteração química corrói o esmalte do dente. Caso haja escovação dentária na sequência, acontece a erosão do esmalte, podendo, inclusive, levar à formação de cavidades”, explica Kamila. Segundo ela, a incidência de refluxo gastroesofágico no Brasil é em torno de 12%. “As crianças na primeira infância ainda são o grupo de maior prevalência. Em adultos, mulheres grávidas são as que mais apresentam, assim como obesos, fumantes e sedentários”, relata a dentista.

É fundamental frisar que a higienização da boca não previne a contaminação do coronavírus. A higiene bucal está relacionada à contenção da proliferação bacteriana que, através da boca, pode atingir outras regiões do corpo, como garganta, coração e pulmão. Mas nenhum produto dental é capaz de reter o vírus e tampouco evitar a sua transmissão”, alerta a dentista.

Estresse causa fraturas e desgastes

O estresse também gera desgastes e fraturas dentárias, além de distúrbios temporomandibulares, causados por problemas com os músculos da mandíbula, ou das articulações, ou do tecido fibroso que os une. O paciente pode ter dor de cabeça e sensibilidade nos músculos da mastigação, ou ainda pode ouvir um estalo nas articulações da mandíbula.

O tratamento sempre é multidisciplinar, e a odontologia precisa ser integrativa, indicando condutas que visam a mudança de comportamento dos pacientes. Costumo, inclusive, associar o tratamento à praticas meditativas e de relaxamento”, sugere Kamila Godoy.

No meio da pandemia do coronavírus é natural sermos bombardeados de informações que aumentam nossa ansiedade e causam estresse. Mesmo ao dormir, nosso corpo tem hábitos involuntários que, podem sim, estar relacionados a situações do nosso cotidiano e o bruxismo é uma delas.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o distúrbio atinge 30% das pessoas no mundo e de maneira geral o diagnóstico sempre é tardio, quando o dente já sofreu algum desgaste. “O bruxismo é uma desordem funcional na qual a pessoa range muito ou pressiona os dentes durante o sono. O incômodo permanece ao longo do dia ao escovar os dentes e ao mastigar alguns tipos de alimentos”, explica Willian Ortega, especialista em Ortodontia.

Mesmo que a causa específica da doença não esteja clara, os especialistas vinculam o problema a situações de estresse, tensão, frustração e ansiedade. “O estilo de vida atribulado e os problemas que afetam nossa vida direta ou indiretamente, como a pandemia do coronavírus, por exemplo, interferem no nosso emocional de uma forma que, até na hora de dormir, não conseguimos controlar a tensão”, complementa o dentista.

Entre os potenciais sinais do bruxismo estão dores de cabeça e pescoço, zumbido no ouvido, estalos ao abrir e fechar a boca, dores na mandíbula e nos músculos da face. “Isso acontece pelo esforço dos músculos da mastigação que continuam sendo ativados mesmo durante o sono”, afirma.

Apesar das crises variarem de uma noite para outra, é fundamental o acompanhamento de um especialista. “Há casos de bruxismo assintomáticos e as pessoas só percebem com o tempo ou quando vão a uma consulta de rotina no dentista”, enfatiza Ortega.

O tratamento é focado em reduzir a dor e preservar os dentes. A placa dentária em acrílico é indicada na maioria dos casos. “O uso desse tipo de dispositivo para dormir é feito sob medida para encaixar entre os dentes protegendo-os do impacto. Apesar de não ter cura, as placas auxiliam na melhora dos sintomas”, diz.

Outra alternativa é a aplicação do botox, que no caso do bruxismo é utilizado com fins terapêuticos. A substância promove relaxamento muscular e automaticamente a diminuição de dores. “Em determinados casos a paralização do músculo pode ser benéfica trazendo uma sensação de alívio ao paciente e diminuindo até o uso de medicamentos para dor ou inflamação. Além do mais, o excesso de força e carga sobre os dentes pode acarretar em desgaste acentuado, mobilidade e até perda dos mesmos”, esclarece doutor Willian.

A procura de atividades de relaxamento, que auxiliam no combate do estresse cotidiano também pode contribuir para o controle do bruxismo. Apesar do transtorno não ser perigoso, pode causar danos permanentes. “Por isso é importante sempre consultar um especialista para que após a conclusão do diagnóstico, a melhor forma de tratamento seja indicada. Por hora, a melhor dica é buscar formas de relaxar e diminuir a ansiedade, como uma leitura leve, filmes, jogos de diversão, meditação ou qualquer outra atividade que cause prazer e relaxamento”, finaliza Ortega

Casos que pedem urgência no atendimento presencial

Dores intensas, fraturas, inchaço repentino ou quedas são alguns dos casos que exigem intervenção rápida. E quando o atendimento presencial é inevitável, entra a importância da biossegurança. “São procedimentos adaptados no consultório com o objetivo de dar proteção e segurança ao paciente, ao profissional e sua equipe”, diz a dentista.

O único meio de prevenir a transmissão de doenças é o emprego de medidas de controle de infecção, como equipamento de proteção individual (EPI), esterilização dos instrumentos, desinfecção do equipamento e ambiente, e antissepsia da boca do paciente.

Tratamentos que já estavam em andamento antes da quarentena

A continuidade do tratamento exige todas as mudanças necessárias no protocolo de biossegurança: anamnese prévia, bochecho com solução de água oxigenada, equipamento de proteção individual (EPI) para toda a equipe de atendimento e para o paciente, e espaçamento entre as consultas.

A conduta com o paciente que precisa de receita ou atestado

No âmbito do atendimento por telemedicina, é possível emitir atestados ou receitas odontológicas por meio eletrônico. Estes devem conter a identificação do dentista e do paciente, o registro da data e hora, além da validade do documento. No entanto, segundo Kamila, os casos que pedem alguma medicação especial são aqueles em que a consulta presencial é imprescindível.

 

Com assessorias
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