Você já cuidou da sua saúde mental hoje? Para muitas pessoas essa é uma pergunta estranha porque, em geral, fomos acostumados a fazer check-up em rotinas médicas e odontológicas, porém, não fomos adaptados a direcionar o cuidado para o cenário emocional e cognitivo.

E o ano de 2020 trouxe isso ainda mais à tona: foi um período intenso e de grandes mudanças, principalmente por causa da pandemia causada pela Covid-19. Devido ao vírus tivemos de nos adaptar, isolar e distanciar das pessoas queridas, e isso trouxe problemas para muitos.

Para a psicóloga Fernanda Meira, do Hospital Anchieta de Brasília, 2020 foi um ano revolucionário e impactante para grande parte da população mundial, pois a rotina foi modificada com o início e disseminação da COVID-19. Ela explica que a pandemia exigiu cuidados extremos, independente da faixa etária.

Crianças e adolescentes saíram da escola para estudar em seus lares remotamente, trabalhos presenciais foram substituídos por Home Office, idosos precisaram parar suas atividades sociais cotidianas e se afastarem do convívio de suas famílias. As histórias de vida foram alteradas radicalmente diante das adaptações necessárias e rápidas para proteção da doença, além das vivências das perdas, sofrimento e o luto que, talvez, ainda se faz presente”, pontua.

Renata Nayara Figueiredo, médica psiquiatra e presidente da Associação Psiquiátrica de Brasília, a APBr, explica que a pandemia provocou um desgaste na população como um todo, uma sensação de descontrole do tempo. “Sabemos que o futuro é incerto, mas o coronavírus nos mostrou isso, tirou controle da nossa vida, empresas tiveram de fechar, milhões de pessoas morreram e não há como combater a doença. Isso mexeu muito com a saúde mental das pessoas”, argumenta.

O novo ano promete trazer muita esperança de dias melhores. Neste contexto de pandemia, o Janeiro Branco, mês dedicado à saúde mental,é um momento importante para programar o cuidado com a mente e as emoções em 2021. Para a especialista, a campanha Janeiro Branco, #Todocuidadoconta, é de extrema importância nesse momento, pois nos convida a zelar pela saúde mental, a programar o cuidado com a mente e as emoções para o próximo ano. Por isso, de acordo com ela, precisamos sim, estabelecer metas, objetivos e fazer promessas, mas para isso, é preciso planejamento, equilíbrio emocional e persistência.

Temos que analisar também como estão as relações interpessoais, se elas estão trazendo adoecimento ou bem-estar. Não importa a idade, gênero, profissão, personalidade, ou o lugar no mundo que você more, o que realmente importa é fortalecer a saúde mental para que a pessoa faça suas melhores escolhas e tenha o amadurecimento emocional para escrever a sua história”, analisa a psicóloga.

Para a psiquiatra, já entramos na quarta onda do coronavírus. “Essa é a onda dos transtornos psiquiátricos. Vale lembrar que a primeira onda é a da Covid-19 , a segunda pelo foco no tratamento do vírus, há retardo do diagnóstico outras enfermidades e a terceira, a onda das doenças crônicas que foram agravadas pelas pausas no acompanhamento”, destaca.

Renata complementa que a terceira onda trouxe muitos problemas, pois o paciente deixou de se cuidar, de fazer o tratamento necessário por medo de pegar Covid e pode adoecer por atraso nesse cuidado ou mesmo vir a óbito. “Agora, com a quarta onda, tivemos um aumento no número de pacientes com transtornos mentais, de consultas e prescrição de remédios”, afirma. E por isso, é de extrema importância a procura pelo especialista.

E como melhorar nossas expectativas para o Ano Novo?

De acordo com a psiquiatra, mesmo com as dificuldades impostas pela pandemia, é preciso manter os cuidados com a saúde. “É imprescindível ter hábitos saudáveis, com alimentação equilibrada e atividade física, e melhorar/manter o convívio social mesmo que a distância”, pondera. Ela continua: “Também é importante planejar”.

E embora muitos planos de começo de ano não vinguem, Renata aponta que eles são fundamentais nessa época de renovação. Mas é preciso fazer planos mais concretos e estipular prazos inalcançáveis para determinadas vitórias, como por exemplo, 20kg em um ano. “Se a pessoa chegar a novembro sem perder esse peso, ou ela vai desistir do objetivo ou ela querer perder em um mês e isso é perigoso para a sua saúde. Então, invés de ter esse tipo de meta, por que não estipular um quilo por mês?”, explica.

Segundo Renata, o importante é traçar metas factíveis e ter recursos à sua disposição que facilitem a jornada rumo aos seus sonhos. Ela ainda recorre à metodologia chamada SMART, um acrônimo para cinco palavras, como forma de ajudar as pessoas na hora de escolher quais serão os seus objetivos para 2021. E ainda explica em detalhes o que é cada um.


– Específica (Specific): sua meta deve indicar claramente o que você deseja alcançar
-Mensurável (Measurable): deve ser possível acompanhar o seu progresso com o passar do tempo
– Alcançável (Attainable): a meta deve estar dentro da sua realidade de hoje
– Relevante (Relevant): a meta deve ser relevante, precisa ter um propósito
– Temporizáveis (Timed): precisa ter um prazo para ser alcançada

A presidente da Apbr complementa: “de qualquer forma, é claro que você deve escolher os seus objetivos com base naquilo que faz mais sentido para você e que estejam de acordo com sua realidade hoje”.

Atendimento especializado


O cuidado com a saúde mental é conduzido através do acompanhamento do psicólogo e que pode acontecer em diferentes vertentes (individuais, em grupo, presenciais ou online) e em serviços públicos ou privados a partir de uma pesquisas em sites de cada localidade.

“Que Janeiro Branco seja o primeiro mês do seu cuidado mental e emocional e seja o incentivo para novos aprendizados, ressignificações e felicidades”, conclui a psicóloga

Com Assessorias

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