Especialistas divergem sobre a dica de comer em intervalos de três horas (Imagem: Pixabay)
Especialistas divergem sobre a dica de comer em intervalos de três horas (Imagem: Pixabay)

Quem já experimentou diferentes dietas ao longo da vida, como eu, já deve ter ouvido de tudo. E, principalmente, sobre o tempo ideal de pausa entre uma e outra refeição. A recomendação para comer a cada três horas é quase unanimidade entre boa parte dos nutricionistas. Quase uma máxima sagrada no meio. Será mesmo?

Para a endocrinologista Bianca Paraguassú, essa prática, na verdade, não colabora para o emagrecimento e nem acelera o metabolismo. “É um grande mito, pois, segundo pesquisa publicada pela Associação Médica Americana, como cada refeição, em média, adiciona 180 calorias ao consumo diário, o aumento de vezes que a pessoa se alimenta faz com que ingira mais calorias no total, o que leva ao ganho de peso. A quantidade de refeições por dia deve ser diferente para cada um”, afirma.

Já para o nutrólogo Fernando Bacalhau, o intervalo de três horas é aconselhável para evitar a compulsão alimentar, um problema que atinge até 4% da população geral e 6% dos obesos, segundo dados da Associação Americana de Psiquiatria. “O ideal é não comer mais de quatro vezes ao dia. Controlar a alimentação e manter esse hábito ajuda a controlar os desejos. Dessa forma, você irá conseguir emagrecer de forma saudável”, ressalta o médico.

Com esta dúvida básica, o blog VIDA & AÇÃO abre aqui a seção Mitos e Verdades, trazendo para você uma seleção de dicas de especialistas sobre temas de interesse. O tema de hoje é para quem quer perder aqueles quilinhos a mais, controlar a compulsão ou mesmo combater a obesidade.

1. Quanto menos calorias, mais emagrece
Verdade. Segundo a mesma pesquisa americana, a restrição calórica é o que determina a perda de peso. Outro fator que influencia é a adesão à dieta, seguindo as indicações nutricionais. (Bianca Paraguassu)

2. Para ter resultado tem que fazer dieta junto com exercício
Mito. Uma pesquisa de 2014, endossada pela respeitada publicação britânica, The Lancet, comparou resultados de quem se exercita e faz dieta versus quem só restringe a alimentação. O estudo aponta que, no fim, a diferença foi só de meio quilo em média. No entanto, vale ressaltar que a atividade física traz outros benefícios, como o condicionamento cardiovascular, e é importante para a manutenção do peso perdido. (Bianca Paraguassu)

3. Quem perde rápido, recupera rápido
Mito. O chamado “efeito rebote” não é verdade, mesmo quando se utiliza medicamentos. Quem perde rápido tende a manter o peso, mas precisa se cuidar. Quem emagrece ou faz cirurgia de redução de estômago acredita que já resolveu o problema, porém é preciso ficar de olho na balança e não exagerar. A manutenção não é fácil, pois, ao contrário do que se pensa, o corpo não se acostuma. (Bianca Paraguassu)

4. Tipo de dieta não importa, mas sim quanto perde no começo
Verdade. O primeiro mês é o mais importante. Independentemente da dieta adotada, quanto mais peso você perder no início do tratamento, mais fácil será para manter, segundo dados do estudo Lookahead, que acompanhou grupos de pessoas ao longo de 8 anos. (Bianca Paraguassu)

5. Se pesar duas vezes por semana e comer bem no café da manhã ajuda a manter o peso
Verdade. Certos comportamentos são comuns em quem consegue manter o peso perdido, em longo prazo. O mais inusitado é a pesagem frequente, ao menos duas vezes por semana. A prática de atividade física também faz parte da rotina. Já no quesito alimentação, essas pessoas são adeptas do controle alimentar rígido (mesmo em comemorações), com pouco fast food no menu, e o café da manhã é a principal refeição. (Bianca Paraguassu)

6. Dieta não precisa de acompanhamento médico
Mito. O número de visitas ao médico está diretamente relacionado à perda de peso. O que mostra que o acompanhamento profissional tem papel importante no processo. Quem quer perder peso deve procurar o acompanhamento de um endocrinologista, para não só perder, mas também manter o peso. (Bianca Paraguassu)

7. Comer escondido pode ser um sinal de compulsão alimentar
Verdade. O famoso assalto à geladeira durante a noite pode estar associado à compulsão alimentar. Neste caso, o fato de comer compulsivamente escondido pode estar associado a outras doenças. E pode ter como causa a dieta restrita, que impede que o indivíduo consuma os nutrientes importantes para a manutenção da saúde. A falta de carboidratos, proteínas, gorduras a longo prazo pode provocar ansiedade, depressão e compulsão alimentar. Seguir uma alimentação restrita também causa falta de autocontrole, a pessoa pode descontar as emoções na comida e comer em grandes quantidades.(Fernando Bacalhau)

8. Compulsão alimentar não tem cura
Mito. Exagerar na comida de vez em quando, principalmente em festas, não faz mal a saúde, mas o problema é quando essa vontade de comer em excesso torna-se uma compulsão alimentar. Muitas vezes a pessoa com compulsão passa comer quando não está com fome, se alimenta mesmo estando satisfeita e consome alimentos em grandes quantidades em pouco tempo. O compulsivo come até não aguentar mais e alguns até passam mal por conta do excesso da comida e não porque tem outro distúrbio como a bulimia. O tratamento deve ser feito com o auxílio de diversos profissionais como nutrólogo, terapeutas e psicólogos. (Fernando Bacalhau)

9. Carboidrato zero combate a compulsão alimentar
Mito. A falta de qualquer grupo de nutriente na alimentação pode desencadear a compulsão. Por isso, é importante manter alguns alimentos ricos em carboidratos e excluir alguns como o açúcar. Opte pelo arroz integral, legumes, verduras, batata doce, frutas ajuda a evitar a fome e o desejo em comer. (Fernando Bacalhau)

10. A falta de líquidos pode interferir na compulsão
Verdade. Quando o corpo está desidratado o cérebro pode interpretar que está com fome, mas o que realmente ele precisa é só de um copo de água. Por isso, beba líquido com frequência. (Fernando Bacalhau)

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