Rigidez na nuca é um dos sintomas da meningite (Foto: Reprodução do Facebook)
Rigidez na nuca é um dos sintomas da meningite (Foto: Reprodução do Facebook)

Foram sete dias internado. Matheus Oliveira,  de 17 anos, filho da cantora gospel Eyshila Santos, não resistiu a um quadro de meningite viral. A morte do adolescente, nesta terça-feira (14), acendeu o sinal vermelho para um problema que costuma se agravar durante o inverno.

Causada por fungos, bactérias e vírus, a meningite provoca a inflamação das membranas que revestem o cérebro e a medula espinhal. E pode levar à morte ou provocar sequelas neurológicas irreversíveis se não for tratada rapidamente. A doença meningocócica pode causar sequelas no sistema nervoso central, provocando alterações motoras e deficiências visuais e auditivas, bem como ferimentos que podem levar a amputações.

Mesmo quando é diagnosticada precocemente e o tratamento adequado é iniciado, aproximadamente 23% dos pacientes acometidos vão a óbito no Brasil, geralmente, em 24 a 48 horas após o início dos sintomas. Uma pesquisa recente da GSK, realizada em cinco países, incluindo o Brasil, revelou a falta de conhecimento por parte de pais e mães brasileiros com relação à meningite, embora 64% deles a considerem a doença mais grave para os seus filhos.

Para o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Samuel Kierszenbaum, a causa do aumento da proliferação de vírus e bactérias nesta época não é diretamente o frio, mas, sim, o hábito de manter ambientes fechados, sem ventilação. A situação se agrava quando há aglomerados de pessoas, como no transporte público.

Exemplos de superação

O carioca Filippe Santos Silvestre perdeu a visão aos 3 anos de idade devido a uma meningite. Antes de começar no goalball, o atleta fez parte da Seleção Brasileira de natação de 2001 a 2003. Conquistou medalha de prata nos Jogos Paralímpicos de Londres-2012 e ouro nos Jogos Parapan-Americanos de Guadalajara-2011.

Não é o único. Pelo menos outros quatro atletas paralímpicos brasileiros superaram a meningite e hoje defendem o nome do Brasil por meio do esporte. São eles: Jhulia Karol dos Santos, atletismo; Suelen Marcheski de Oliveira, atletismo; Ivanilde Cândida da Silva, basquete em cadeira de Rodas, e Andrey Pereira Garbe, natação.

Os cinco participaram de uma campanha lançada em abril pela GSK com o objetivo de conscientizar sobre a doença, suas causas, consequências e a importância da prevenção. O objetivo é alertar as mães sobre os riscos dessa doença potencialmente letal e as formas de melhor proteger seus filhos, incluindo a vacinação.

A campanha Meu Futuro Campeão conta com a participação da fotógrafa australiana Anne Guedes, embaixadora mundial da causa que realizou um ensaio fotográfico em Nova Iorque com bebês e seis atletas paralímpicos de diversos países, que superaram a doença, entre eles um brasileiro, durante a semana que incluiu o Dia Mundial da Meningite (24 de abril).

Os tipos de meningite

Segundo dados do Ministério da Saúde, em 2015 foram notificados mais de 1.132 casos da doença, a maioria nas regiões Sudeste e Sul. Estima-se que no mundo ocorram 500 mil novos casos da doença meningocócica por ano, sendo 50 mil óbitos.

O tipo mais grave é a meningite bacteriana, que somente em 2013 foi responsável por 1.170 mortes no país, quase 19% do total de 6.331 casos registrados no período, segundo o Ministério da Saúde. A meningite de origem viral, embora mais frequente, apresenta uma mortalidade menos expressiva: foram 8.513 casos em 2013, com 109 óbitos, o que representa apenas 1,3%.

Em 2014, dos 5.848 casos registrados de meningite bacteriana, 44% foram provocados por apenas duas bactérias: a Neisseria meningitidis, conhecida como meningococo (28% dos casos), e a Streptococcus pneumoniae, ou pneumoco, com 16%.

“A meningite meningocócica evolui de forma bastante rápida e pode com certa facilidade causar epidemias em moradias estudantis e bases militares, por exemplo. Se não receber o tratamento adequado com urgência, a pessoa infectada pode morrer em apenas 24 horas”, alerta o infectologista pediátrico José Geraldo Ribeiro, professor de Medicina Preventiva da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais.

Como se proteger?

Apesar da gravidade da meningite bacteriana, é possível se proteger da doença por meio da vacinação. Os riscos associados às meningites pneumocócica e meningocócica reforçam a importância da prevenção. Como são causadas por bactérias diferentes, essas duas formas de meningite devem ser prevenidas com vacinas distintas.

Desde 2010 o índice de meningite C diminuiu bastante no país, devido à implementação da vacina contra o patógeno no Programa Nacional de Vacinação, para crianças menores de 2 anos de idade. Com isso, a Meningite B, proporcionalmente, tornou-se uma prioridade para crianças menores de 5 anos de idade nos últimos anos.

Contágio

Parte da população é portadora do pneumococo e do meningococo sem apresentar sinais ou sintomas, mas mesmo assim é capaz de infectar outras pessoas. Assim, quando um portador tosse ou espirra, pode transmitir o microorganismo às pessoas suscetíveis, principalmente quando há convívio ou proximidade com o indivíduo.

Por isso, o contágio é mais comum entre pessoas que residem na mesma casa ou compartilham o mesmo dormitório ou alojamento, bem como em escolas e creches. Ao penetrarem no organismo, as bactérias responsáveis pela meningite invadem a corrente sanguínea e chegam ao cérebro.

Sintomas

Os sintomas das meningites pneumocócicas e meningocócicas são semelhantes: dor de cabeça forte, febre, vômito e rigidez na nuca e, às vezes, manchas vermelhas espalhadas pelo corpo. O exame laboratorial determina o agente causador.

Enquanto a doença pneumocócica (meningite e pneumonia) costuma afetar principalmente populações com o sistema imunológico notoriamente mais frágil, como pessoas acima de 60 anos e crianças pequenas, a meningite meningocócica é frequentemente identificada em crianças menores mas também presente em outras faixas etárias como adolescentes e jovens.

Como se prevenir

A busca por ambientes fechados e protegidos do frio nesta época do ano favorece as aglomerações, o que facilita a transmissão de doenças infectocontagiosas como a meningite.  O infectologista Samuel Kierszenbaum, da SBI, recomenda que os ambientes sejam arejados, que as pessoas se atentem ao hábito de sempre higienizar as mãos, seja com água e sabão ou com álcool gel 70% e se vacinem contra algumas doenças infecciosas. Para reforçar a prevenção, é importante procurar o seu médico e conversar sobre algumas vacinas que protegem contra a doença.

1.   Evite lugares fechados
2.   Areje os ambientes
3.   Higienize sempre as mãos com água e sabão ou álcool gel 70%

Tipos de vacina

A vacinação é o meio mais eficaz para a prevenção das meningites pneumocócicas e meningocócicas. Entre as opções de vacinas pneumocócicas está a Prevenar 13, da Pfizer, que oferece proteção contra os 13 sorotipos do pneumococo mais prevalentes em todo o mundo, muitos deles resistentes a antibióticos. Aprovada em mais de 120 países, a Prevenar 13 pode ser administrada em crianças e jovens de 2 meses a 17 anos de idade, bem como em adultos com 50 anos ou mais.

Já a vacina Nimenrix é indicada para a prevenção contra a meningite meningocócica provocada pelos sorogrupos ACWY da bactéria Neisseria meningitidis. Ela pode ser administrada em crianças a partir dos 12 meses de idade, adolescentes e adultos. Atualmente, no Brasil, o sorogrupo C é o mais prevalente.

“A SBI e a Sociedade Brasileira de Pediatria recomendam a vacina quadrivalente porque outros sorogrupos, como o W, estão crescendo no País. Além disso, sempre é possível ter contato com estrangeiros, vindos de países onde predominam outros sorotipos”, esclarece o infectologista pediátrico José Geraldo Ribeiro.


Veja o vídeo da campanha Meu Futuro Campeão

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