Em 2023, até o fim de outubro, o país já havia registrado mais de 1,6 milhão de casos prováveis de dengue. O dado indica um aumento de 21,4% quando comparado com o mesmo período em 2022. A maior parte dos casos foi identificada na região Sudeste, com a notificação de cerca de 893 mil casos, seguida pela Sul (383 mil) e Centro-Oeste (245 mil). Até o momento, as regiões com menos casos foram Norte (32 mil) e Nordeste (103 mil), segundo informações do Ministério da Saúde.
A variação climática e o aumento das chuvas no período, o grande número de pessoas suscetíveis às doenças e a mudança na circulação de sorotipo do vírus são fatores que podem ter contribuído para esse crescimento. Os estados com maior incidência de dengue são Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Acre e Rondônia. 
Somente no Estado do Rio de Janeiro, de janeiro deste ano até o momento, foram registrados 41. 354 casos de dengue prováveis, dos quais 21. 754 foram confirmados em exames laboratoriais, com 23 óbitos, no total. Apenas em outubro, houve 2.286 casos; em novembro, até agora, são 582. O maior número absoluto de casos prováveis é observado na Capital e na região Noroeste Fluminense.
Apesar dos número elevados, a Secretaria de Estado de Saúde (SES-RJ) esclarece que não há, no momento, epidemia de dengue em nenhum dos 92 municípios. Mas a situação é preocupante, conforme avaliação do painel de arboviroses, que avalia os dados de 2023 em relação a uma série histórica de 10 anos.
“Além de estarmos acima do que é esperado para o momento, há uma tendência de aumento. Quando a gente olha pelas nove regiões do estado, a que mais chama a atenção e se destaca em aumento de casos é a região litorânea”, enfatiza Luciane Velasque, superintendente de Informação Estratégica em Vigilância e Saúde da SES-RJ.
Segundo o Ministério da Saúde, as ações adotadas junto a secretarias estaduais e municipais de Saúde resultaram numa expressiva queda de 97% do número de casos notificados de dengue no Brasil, entre abril e setembro. Na 15ª semana do ano, )9 a 15 de abril), foram registrados 114.255 casos suspeitos da doença. Na 35ª semana (27 de agosto a 2 de setembro), foram 3.254 notificações. Nas últimas semanas epidemiológicas, os casos de dengue se mantêm em patamares não epidêmicos.

Temporada de dengue vai de novembro a maio

A dengue é a arbovirose (doença causada por vírus transmitido por mosquitos) urbana mais relevante nas Américas, principalmente no Brasil. O período mais chuvoso no Brasil, na maior parte do país, costuma ocorrer de novembro a maio. É também nesta época do ano que o país registra um aumento significativo nas notificações de casos de dengue.

“O período de calor pode ajudar no processo de proliferação do Aedes aegypti, que é o mosquito que transmite a dengue, a zika e a chikungunya, porque nesse período a reprodução tem influência das altas temperaturas. As pesquisas mostram que as temperaturas ideais estão na faixa de 28 a 32 graus, mas é um ser vivo que se adapta facilmente a mudanças””, alerta o subsecretário de Vigilância e Atenção Primária à Saúde da SES-RJ, Mário Sérgio Ribeiro.
Por isso, desde 2010, o enfrentamento e a divulgação de cuidados para prevenção à doença são impulsionados no penúltimo sábado de novembro, quando é celebrado o Dia Nacional de Combate à Dengue. A data foi instituída por lei e, em 2023, é celebrada neste sábado (18).
Entre 19h30 e 23h30 deste domingo (19/11), os edifícios do Congresso Nacional estarão iluminados de amarelo em homenagem ao Dia Nacional de Combate à Dengue. Na ocasião, será projetada nas fachadas a frase “A dengue pode matar. Você pode se proteger”, associada à imagem do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue e de outras moléstias, como zika e chikungunya.

Quase 40% dos focos estão em caixas d´água

Segundo informações do Painel de Monitoramento de Arboviroses do Ministério da Saúde, os depósitos de armazenamento de água para consumo, como caixas d’água e tambores são os principais criadouros do mosquito, correspondendo a 39,6% dos locais descobertos com foco de larvas.
Em seguida, estão os vasos, garrafas, calhas, lajes, e os depósitos naturais, como bromélias, que correspondem a 36,45% dos criadouros positivos. Já pneus e resíduos passíveis de remoção correspondem a 23,95% dos pontos de encontro de larvas. Os dados foram obtidos por meio dos levantamentos de índices larvários, consolidados até 26 de outubro de 2023.
Os ovos do Aedes aegypti medem cerca de 0,5 mm, o que pode dificultar a visualização. Apesar de minúsculos, eles possuem resistência à seca e podem se manter viáveis no ambiente por um ano, até entrarem novamente em contato com a água.
É nesse momento que os ovos eclodem e, em poucos dias, as larvas se transformam em mosquitos adultos. Mesmo com um ciclo de vida de curto, de 45 dias em média, a fêmea do mosquito Aedes pode colocar centenas de ovos ao longo da vida.

Como a população pode ajudar a combater o mosquito

Para avançar com as ações de combate ao Aedes Aegypti, mosquito que também transmite Zika e chikungunya, o Ministério da Saúde reforça a importância fundamental da participação da sociedade na eliminação dos focos do mosquito em ambientes domésticos. Cuidados com a água acumulada em recipientes e limpeza de ralos e piscinas são algumas das orientações a serem relembradas.

Mário Ribeiro destaca também a importância da participação da população para evitar o aumento de casos da doença, principalmente, durante as estações mais quentes, como o verão. Segundo ele, as pessoas que têm o hábito de armazenar água em baldes, barris, caixas d’água no chão, devem ter mais cuidado.

“Esses criadouros precisam estar protegidos, bem fechados, tampados. O Aedes aegypti pode se desenvolver da fase de ovo até a fase de mosquito em apenas 7 dias. Uma fêmea pode colocar centenas de ovos durante sua vida. Ou seja, em 7 dias, se a pessoa não tiver esse cuidado, podem nascer 100 mosquitos da dengue na sua casa”, ressalta.

A prevenção é a melhor forma de combater a doença. Evitar acúmulo de lixo, não estocar pneus em áreas descobertas, não acumular água em lajes ou calhas, colocar areia nos vasos de planta, cobrir bem tonéis e caixas d’água e receber a visita do agente de saúde são algumas iniciativas básicas. Todo local de água parada deve ser eliminado, pois é lá que o mosquito transmissor coloca seus ovos.

Sintomas e prevenção

Os sintomas de dengue, chikungunya ou Zika são semelhantes. Eles incluem febre de início abrupto acompanhada de dor de cabeça, dores no corpo e articulações, prostração, fraqueza, dor atrás dos olhos, erupção e coceira na pele, manchas vermelhas pelo corpo, além de náuseas, vômitos e dores abdominais.

A orientação é a de, apresentando esses sintomas, procurar a unidade ou serviço de saúde mais perto da residência assim que surgirem os primeiros sintomas.

Algumas medidas preventivas ajudam no combate à doença: evitar água parada, esvaziar garrafas, não estocar pneus em áreas descobertas, não acumular água em lajes ou calhas, colocar areia nos vasos de planta e cobrir bem tonéis e caixas d’água são algumas iniciativas básicas para evitar a proliferação do mosquito.

Todo local de água parada deve ser eliminado, pois é lá que o mosquito transmissor coloca os ovos.

Mosquito Aedes aegypti
Mosquito Aedes aegypti é responsável pela transmissão dos vírus da dengue – Arquivo/Agência Brasil

Como eliminar principais tipos de criadouro do mosquito

– Certificar que caixa d’água e outros reservatórios de água estejam devidamente tampados;

– Retirar folhas ou outro tipo de sujeira que pode gerar acúmulo de água nas calhas;

– Guardar pneus em locais cobertos;

– Guardar garrafas com a boca virada para baixo;

– Realizar limpeza periódica em ralos, canaletas e outros tipos de escoamentos de água;

– Limpar e retirar acúmulo de água de bandejas de ar-condicionado e de geladeiras;

– Lavar as bordas dos recipientes que acumulam água com sabão e escova/bucha;

– Jogar as larvas na terra ou no chão seco;

– Para grandes depósitos de água e outros reservatórios de água para consumo humano é necessária a presença de agente de saúde para aplicação do larvicida;

– Utilizar areia nos pratos de vasos de plantas ou realizar limpeza semanal;

– Retirar água e fazer limpeza periódica em plantas e árvores que podem acumular água, como bambu e bromélias;

– Guardar baldes com a boca virada para baixo;

– Esticar lonas usadas para cobrir objetos, como pneus e entulhos;

– Manter limpas as piscinas;

– Guardar ou jogar no lixo os objetos que podem acumular água: tampas de garrafa, folhas secas, brinquedos;

– Em recipientes com larvas onde não é possível eliminar ou dar a destinação adequada, colocar produtos de limpeza (sabão em pó, detergente, desinfetante e cloro de piscina) e inspecionar semanalmente o recipiente, desde que a água não seja destinada a consumo humano ou animal. É importante solicitar a presença de agente de saúde para realizar o tratamento com larvicida.

  • – Tampar e lavar reservatórios de água são ações importantes para o combate ao Aedes aegypti. A limpeza deve ser periódica com água, bucha e sabão. Ao acabar a água do reservatório, é necessário fazer uma nova lavagem nos recipientes e guardá-los de cabeça para baixo. Esse cuidado é essencial porque os ovos do mosquito podem viver mais de um ano no ambiente seco.

Veja aqui algumas orientações do Ministério da Saúde.

Ações mantêm casos em níveis não-epidêmicos

Além da conscientização, o Dia Nacional de Combate à Dengue marca as ações realizadas ao longo deste ano para eliminar o mosquito Aedes aegypti. No total, foram efetuadas 11 ações de apoio aos estados com maior número de casos e óbitos por dengue e chikungunya, com distribuição de aproximadamente 345 mil reações de sorologia e 131 mil exames de RT-PCR.
O Ministério da Saúde informou que investiu R$ 295 milhões para viabilizar a aquisição e distribuição de quatro tipos de insumos para o controle do Aedes, em 2023. Em março deste ano, foi instalado o Centro de Operações de Emergências (COE) Arboviroses para responder ao aumento de casos de chikungunya e dengue, especialmente os mais graves e os óbitos.

As ações foram realizadas de forma integrada e articulada com estados e municípios, e contaram com a participação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) e Conasems (Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde).

Além disso, o MS lançou o Painel de Monitoramentos das Arboviroses, com acesso público; antecipou a campanha nacional para o combate das arboviroses para maio; capacitou de mais de 9,5 mil profissionais de saúde via UNA-SUS (Universidade Aberta do SUS) e outros 2,1 mil profissionais de saúde para manejo clínico, vigilância e controle de arboviroses.
Ainda segundo a pasta, os esforços incluíram o início do processo de estratificação de risco intramunicipal em áreas prioritárias para a implementação de novas tecnologias de combate ao mosquito, como armadilhas disseminadoras de larvicidas, Wolbachia e borrifação residual intradomiciliar.

Plano Estadual de Contingência no Rio

Já a Secretaria de Estado de Saúde (SES-RJ) informou que já pôs em prática seu Plano Estadual de Contingência, com as chamadas Câmaras Técnicas, que são reuniões com representantes dos municípios para tratar do momento atual, projeções e planejamento de combate à dengue e outras arboviroses.

A SES-RJ também vem garantindo itens para estruturação de centros de hidratação em municípios que manifestarem a necessidade de apoio do estado diante de cenário de epidemia e tem realizado a apresentação do cenário das arboviroses mensalmente nas reuniões com os secretários de saúde dos municípios.

Para o monitoramento da infestação do mosquito da dengue no estado, a SES-RJ, seguindo a orientação do MS, apoiou os municípios na realização de quatro edições obrigatórias dos Levantamentos de Índice Rápido do Aedes aegypti – LIRAa, a partir de 2018, nos meses de fevereiro, maio, agosto e outubro, como preconizado pelo Programa Nacional de Controle da Dengue.

O Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS), da SES-RJ, compõe o Centro de Inteligência em Saúde (CIS), e faz o acompanhamento em tempo real da situação de diversas doenças, como arboviroses (dengue, zika e chikungunya, febre amarela), tuberculose, febre maculosa e gripe aviária, entre outras.

Com informações da Agência Brasil, SES-RJ e Ministério da Saúde

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