Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), mais de um bilhão de pessoas no mundo vivem com algum tipo de deficiência. Só no Brasil são 18,6 milhões de pessoas com deficiência (PCDs), considerando a população com idade igual ou superior a dois anos, segundo estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base na Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) de 2022.

Esse total representa 8,9% da população, que ainda enfrentam desafios como falta de acessibilidade e diversas outras barreiras que impedem a inclusão da pessoa com deficiência na sociedade. Mesmo assim, a representatividade e o atendimento a essa parcela da população ainda carecem de adequação e reconhecimento em diversas esferas, incluindo o desenvolvimento de produtos, serviços e até conteúdos e campanhas publicitárias.

Neste contexto, muito tem se falado sobre capacitismo. Mas você sabe o que essa expressão significa? De acordo com o Ministério da Saúde, o termo significa “opressão e discriminação que atinge exclusivamente as pessoas com deficiência, por causa da deficiência. É duvidar da capacidade da pessoa, colocando à frente a deficiência, sem considerar as demais características”.

Em meio ao debate online e na imprensa a respeito do importante combate ao capacitismo, um expressivo volume de lançamentos literários tem chegado ao mercado para colaborar com a desconstrução do capacitismo. São títulos que oferecem melhor compreensão dos desafios associados às deficiências e contribuem para a luta contra esta forma de discriminação. 

Entre os destaques, está “Manual Anticapacitista – Tudo que você precisa saber sobre inclusão de pessoas com deficiência”, que já demos aqui no ‘Ler Faz Bem’, e que também está disponível como audiolivro. Autores da obra, ambos cadeirantes, Carolina Ignarra e Billy Saga ampliam o conceito de capacitismo, envolvendo também a questão da acessibilidade como obstáculo para a cidadania.

“O capacitismo é uma tentativa preconceituosa e comum, um comportamento opressor e que discrimina a pessoa com deficiência, por meio de determinadas formas de tratamento, comunicação e práticas, além de barreiras físicas, arquitetônicas e atitudinais que impedem o pleno exercício da cidadania por essas pessoas”, afirmam.

Governo promove cartilha ‘Combata o capacitismo’

Mas, afinal, é possível medir as capacidades de outra pessoa pelo fato de ela ter alguma deficiência? Para reforçar a importância da inclusão e combater o preconceito, os ministérios da Saúde e o dos Direitos Humanos e da Cidadania divulgaram recentemente que estão promovendo a cartilha “Combata o capacitismo”.

O documento foi lançado em 2023 pela Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (ENSP/Fiocruz). Com uma linguagem simples e direta, a cartilha apresenta dicas e orientações destinadas à população brasileira para o enfrentamento a este tipo de comportamento.

O material traz ainda definições como a do capacitismo institucional, uma forma de discriminação que se manifesta pela reprodução de discursos que reforçam concepções de passividade, de opressão e de invisibilização. E aborda o contexto da deficiência como um produto social, alertando que naturalizar a exclusão é antiético e depõe contra a humanidade de quem faz isso.

conheça – e evite – alguns Termos capacitistas

A cartilha “Combata o capacitismo” apresenta dicas para substituições de termos preconceituosos usados no dia a dia. Confira abaixo:

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Imagem: divulgação

Confira a cartilha

‘Manual Anticapacitista’: como desconstruir esse preconceito

“Manual Anticapacitista – Tudo que você precisa saber sobre inclusão de pessoas com deficiência” narra as experiências dos autores como cadeirantes em ações de conscientização e estratégias para ampliar a inclusão de diversidade e a construção de uma sociedade mais justa, a começar pelo mercado de trabalho. Lançado pela editora Jandaíra, o livro é vendido pelo site da Amazon (clique aqui).

A obra conta com um prefácio coletivo com contribuições de 21 pessoas com diferentes tipos de deficiências e traz uma lista de influencers e pessoas especializadas no tema para seguir nas redes sociais. ‘Manual Anticapacitista’ reúne conselhos e dicas sobre:

como fazer valer a Lei de Cotas para pessoas com deficiência;

como promover a acessibilidade;

como humanizar as relações com as pessoas com deficiência;

como reconhecer as interseccionalidades das pessoas com deficiência;

como tornar-se um aliado de fato de fato da inclusão de pessoas com deficiência;

como valorizar a representatividade das pessoas com deficiências na mídia e nas redes sociais.

8 audiolivros para ampliar seu conhecimento sobre o capacitismo

A falta de tempo hábil para o letramento não pode ser uma justificativa para deixar de se atualizar sobre um tema tão relevante. Para quem prefere os audiolivros, a Audible traz títulos, também acessíveis para pessoas com deficiência visual, para somar na rotina e dar a oportunidade de se aprofundar em diferentes temas mesmo quando envolvidos em outras atividades mais mecânicas, como arrumar a casa, se locomover ou preparar uma refeição.

As obras selecionadas abaixo fazem parte do catálogo de 600 mil audiolivros disponíveis no Brasil – algumas delas estão inclusas na assinatura do serviço e outras podem ser adquiridas individualmente para baixar e ouvir quando e onde quiser.

Confira as sugestões e aprenda mais a respeito.

1.    Manual Anticapacitista, de Carolina Ignarra e Billy Saga, com duração de 3h45

2.    Extraordinário, de R. J. Palacio, com duração de 8h57

3.    Como eu era antes de você, de Jojo Moyes, com duração de 13h02

4.    Toda luz que não podemos ver, de Anthony Doerr, com duração de 17h32

5.    O Jardim Secreto, de Frances Hodgson Burnett, com duração de 10h31

6.    Propósito Azul – Uma história sobre o autismo, de Kaká Lobe e Andre Lobe, duração de 6h50

7.    Cérebro Singular, de Mayra Gaiato, com duração de 3h31

8.    Mentira perfeita, de Carina Rissi, com duração de 18h11

Guia contra a falta de acessibilidade no conteúdo digital

Para ajudar a combater o capacitismo nos conteúdos digitais que circulam pela internet e redes sociais, o IAB Brasil ((Interactive Advertising Bureau – Brasil), associação que tem como objetivo o desenvolvimento sustentável da publicidade digital, lançou em novembro de 2023 o “Guia de Acessibilidade para Conteúdo no Digital”.

O material, elaborado em parceria com a Sondery, consultoria de acessibilidade criativa para projetos e campanhas inclusivas envolvendo pessoas com deficiência, tem como objetivo fornecer orientações sobre práticas inclusivas e acessíveis no digital para profissionais e marcas do segmento.

O “Guia de Acessibilidade para Conteúdo no Digital” aborda aspectos fundamentais sobre esse assunto, desde conceitos sobre diversidade e deficiência, até ações para combater o capacitismo e pontos de atenção na construção de peças publicitárias.

Além disso, o material destaca os três pilares essenciais para tornar um conteúdo digital mais acessível, sendo eles: audiodescrição, tradução para Libras (Língua Brasileira de Sinais) e legendas. Esses recursos, quando aplicados desde a concepção do conteúdo, garantem a entrega de informações com qualidade e acessibilidade a um público mais amplo, abrangendo pessoas com deficiência visual, auditiva ou outras necessidades específicas.

O documento também oferece insights para a criação de peças publicitárias acessíveis, incentivando o uso de recursos integrados organicamente ao conteúdo e destacando a importância de fatores como a quantidade e velocidade da fala, enquadramento de cena, trilha sonora, animações e motion para garantir a efetividade dessas práticas.

O Guia é voltado para profissionais de marketing, publicidade, comunicação e todos que buscam construir um ambiente digital mais inclusivo e diverso. O “Guia de Acessibilidade para Conteúdo Digital” está disponível na íntegra no site do IAB Brasil.

Fonte: Ministério da Saúde, Audible e IAB Brasil

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