“O câncer não é uma doença fácil de encarar. Estamos felizes por encontrar um lugar onde somos tão bem acolhidos. Aqui é a nossa segunda casa”. O depoimento, emocionado, é de Camila, mãe da pequena Camilly, de 9 anos, hóspedes de uma das sete unidades do Programa Casa Ronald McDonald, coordenado pelo Instituto Ronald McDonald no Brasil.
Com o programa, foram oferecidas mais de 70 mil hospedagens, 316 mil refeições e 11,6 mil viagens aos hospitais apenas em 2022. Nos Espaços da Família Ronald McDonald, a ONG acolheu mais de 10 mil pessoas e serviu cerca de 3 mil lanches. O trabalho é fundamental para famílias que não podem custear o longo tratamento do câncer infantojuvenil.
Há quase 24 anos, o Instituto atua na luta contra a doença que mais acomete crianças e adolescentes de 1 a 19 anos – são 7.930 ocorrências por ano, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca). A importância de refletir sobre o tema é intensificada em todo o mundo neste 4 de fevereiro, Dia Mundial do Câncer.
Levantamento do Inca aponta desigualdade das chances de cura do câncer infantojuvenil associada as regiões do país. Enquanto a média de sobrevivência na Região Sul é de 75% e na Região Sudeste, de 70%, nas regiões Centro-Oeste, Nordeste e Norte, as médias são de 65%, 60% e 50% respectivamente.
A missão do Instituto é aumentar as chances de cura do câncer infantojuvenil aos mesmos patamares dos países com alto Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que podem chegar a 80% de chances de cura. Hoje, no Brasil, a média de sobrevivência é de 64%.
Para a diretora executiva do Instituto Ronald McDonald, Bianca Provedel, a data comemorativa é um forte aliado como recurso para manter vivo o alerta e conscientizar a população de forma geral.
“O Dia Mundial do Câncer serve como um lembrete sobre os cuidados de prevenção. Essas datas comemorativas do calendário são revestidas de valor por representarem o esforço de se manter um alerta ou tema”, destaca Bianca.
Desafio é o diagnóstico precoce
Com sintomas silenciosos e que, na maioria das vezes, se confundem com sinais de diversas doenças comuns na infância, como febre, manchas roxas pelo corpo, e tantas outras, o diagnóstico precoce acaba sendo um grande desafio no combate ao câncer infantojuvenil.
No Brasil, o tempo entre a percepção de sintomas e a confirmação diagnóstica é longo e por isso muitos pacientes chegam ao tratamento em fase avançada da doença. Ainda de acordo com a pesquisa do Inca, cerca de 80,8% dos pacientes que iniciaram o tratamento da doença chegaram ao hospital sem diagnóstico.
A necessidade e importância de estar alerta aos sinais podem ser decisivas para aumentar as chances de resultados positivos durante o tratamento. Renato Melaragno, oncologista pediátrico do Hospital Santa Marcelina de São Paulo e membro da comissão médica do Instituto Ronald McDonald, lembra que pais e responsáveis devem estar atentos aos principais sinais e sintomas do câncer em crianças e adolescentes como:
- Palidez inexplicada;
Perda de peso;
Febre prolongada sem causa aparente;
Hematomas ou sangramento;
Dores nos ossos e nas juntas, com ou sem inchaços;
Caroços ou inchaços – especialmente se indolores e sem febre ou outros sinais de infecção
Vômitos acompanhados da alteração de visão e equilíbrio;
Tosse persistente ou falta de ar;
Sudorese noturna
Reflexo branco no olho quando incide uma luz;
Olho aumentado de tamanho com mancha roxa;
Inchaço abdominal
Dores de cabeça incomum, persistente ou grave
Fadiga, letargia, ou mudanças no comportamento, como isolamento
Atenção: os sinais descritos acima são comuns a inúmeras doenças da infância menos graves e não significa que a criança ou o adolescente tem câncer. Cabe ao profissional de saúde saber a diferenciação e nunca medicar a criança sem um diagnóstico correto, acarretando um tratamento inadequado.
“Em nosso meio, cerca de 30% das crianças com leucemia recebem tratamento prévio com corticoide para sintomas respiratórios antes do diagnóstico da leucemia, reduzindo as chances de cura”, afirma o oncologista.
Programa Diagnóstico Precoce
O Instituto Ronald McDonald oferece, há quase 15 anos, o Programa Diagnóstico Precoce do Câncer Infantojuvenil, que visa capacitar profissionais e estudantes da saúde e sensibilizar profissionais da educação básica sobre o tema. A iniciativa auxilia os profissionais de saúde e da área de educação a terem conhecimento sobre os sinais sugestivos da doença e orienta sobre o encaminhamento adequado para as crianças ou adolescentes que apresentam possíveis sintomas.
Ao lançar o programa, o Instituto Ronald McDonald amplia a identificação precoce da doença. A iniciativa já capacitou mais de 28 mil profissionais e estudantes de saúde, impactando milhares de crianças e adolescentes. Desde 2020, o programa também conta com uma metodologia em um formato totalmente digital.
“Nossa ideia é trabalhar para que mais crianças cheguem ao hospital no estágio inicial da doença, diminuindo os custos para o tratamento e aumentando as chances de cura. Por isso, investimos no programa Diagnóstico Precoce”, destaca Francisco Neves, superintendente institucional e fundador do Instituto no Brasil, reforçando a importância de um diagnóstico assertivo e na fase inicial.
Chico, como é conhecido, sabe exatamente do que está falando, pois sentiu a dor que nenhum pai quer sentir, de ver seu filho partir. Marquinhos faleceu aos 8 anos, em janeiro de 1990. Apesar da grande perda, Chico transformou sua dor em propósito e hoje se dedica a auxiliar famílias a não precisarem se despedir de seus filhos, principalmente por ele saber as dificuldades que os menos favorecidos e os que moram longe dos grandes centros enfrentam:
Sobre o Instituto Ronald McDonald
Organização sem fins lucrativos, o Instituto Ronald McDonald (IRM) há mais de 23 anos atua para propiciar saúde e bem-estar de crianças, jovens e suas famílias e contribui para aumentar as chances de cura do câncer infantojuvenil no Brasil.
Para atingir esse objetivo, o Instituto trabalha promovendo a estruturação de hospitais especializados, a hospedagem para famílias que residem longe dos hospitais, a capacitação de estudantes e profissionais de saúde para realizarem o diagnóstico precoce, incentiva a adesão a protocolos clínicos e promove disseminação de conhecimento sobre a causa.
A ONG faz parte do sistema beneficente global Ronald McDonald House Charities (RMHC), presente em mais de 60 países, coordenando os programas globais Casa Ronald McDonald, voltado para a hospedagem, transporte e alimentação dos pacientes, e o Espaço da Família Ronald McDonald, que torna menos desgastante o dia a dia das famílias durante o tratamento.
No Brasil, há ainda outros dois programas locais: Atenção Integral e Diagnóstico Precoce, com ações específicas de combate ao câncer infantojuvenil. Saiba mais sobre os programas e as instituições beneficiadas em www.institutoronald.org.br.
Como ajudar
O Instituto conta com o apoio de diversas empresas e pessoas físicas para desenvolver e manter seus programas.
“Para manter nossos programas em operação e conseguirmos chegar mais próximo da nossa missão, dependemos 100% de doação de pessoas físicas e empresas. Cada moedinha conta e nos ajuda a transformar a vida de muitas famílias que precisam”, garante Chico.
Para ajudar o Instituto, acesse: doe | Instituto Ronald McDonalds de Apoio à Criança. (colabore.org).