Uma doença silenciosa, mas que impressiona pelo número de vítimas. Dentre os tipos de câncer, o de pulmão é o que mais mata no mundo e é o segundo mais comum entre os brasileiros.  Os tumores pulmonares lideram o ranking das doenças oncológicas que mais matam todos os anos, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). A doença é uma das principais causas de morte no Brasil.

Números de pesquisas recentes sinalizam para a necessidade de agir. Segundo estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca), cerca de 30 mil pessoas perdem a vida por causa da doença no país. A edição mais recente do Atlas de Mortalidade por Câncer (2019) indicou que são 29.354 mortes em decorrência dessa neoplasia maligna a cada 12 meses.

Segundo dados do Observatório Global de Câncer (Globocan), em 2020, 11,4% de todos os casos novos de câncer no mundo, globalmente, foram de pulmão. No Brasil, já é o terceiro tipo de tumor mais comum em homens, com 18.020 casos novos, e o quarto em mulheres, com 14.540 casos novos ao ano – excluindo o câncer de pele não melanoma.  É estimado que durante o triênio 2023-2025 em torno de 32.300 novos casos da doença sejam diagnosticados a cada ano.

Apesar do alto número de diagnósticos e de mortes, a desinformação ainda é enorme, o que faz com que muitos dos casos só sejam descobertos de forma tardia. Cerca de 80% dos pacientes que fazem diagnóstico de câncer de pulmão no Brasil estão com a doença em estágio avançado, período em que costuma apresentar mais sintomas.

O câncer de pulmão pode ser assintomático nos estágios iniciais, o que leva à maioria dos diagnósticos em estágios avançados.  Isso faz com que apenas 20% dos casos sejam diagnosticados cedo, no período inicial, momento em que há chance de cura. A maioria dos pacientes apresenta sintomas relacionados ao próprio aparelho respiratório.

“Os sinais de alerta são tosse, falta de ar e dor no peito. Outros sintomas inespecíficos também podem surgir, entre eles perda de peso e fraqueza. Em poucos casos, cerca de 15%, o tumor é diagnosticado por acaso, quando o paciente realiza exames por outros motivos. Por isso, a atenção aos primeiros sintomas é essencial para que seja realizado o diagnóstico precoce da doença, o que contribui amplamente para o sucesso do tratamento”, destaca a oncologista Mariana Laloni, da Oncoclínicas.

Em estágios mais avançados, a doença costuma dar sintomas semelhantes ao de outras enfermidades do sistema respiratório, como tosse, tosse com sangue, sensação de falta de ar (dispneia) e cansaço recorrente.

“Geralmente, as fases iniciais não provocam nenhum sintoma, somente em etapas mais avançadas o paciente passa a sentir dores toráxicas, tosse, falta de ar, escarro com sangue, emagrecimento, falta de apetite, indisposição, entre outros”, conta a oncologista torácica Suellen Nastri, da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.

Formas de prevenção e tratamentos

Por conta deste cenário, identificar a doença precocemente aumenta as chances de cura. A orientação atualmente é de que as pessoas com mais risco de desenvolver a doença (fumantes que utilizam pelo menos 20 maços/ano e tabagistas ativos ou ex-tabagistas, que pararam de fumar nos últimos 15 anos) participem de programas de rastreamento. Ex-fumantes devem ficar sempre atentos e fazer exames periódicos.

Muitos diagnósticos de câncer de pulmão aconteceram acidentalmente durante a pandemia do coronavírus, pois pacientes realizavam tomografias para detectar a doença viral e acabavam descobrindo o tumor.

“O acompanhamento é fundamental para ex-tabagistas, em especial aqueles que possuem alta carga tabágica, que fumaram mais de 20 maços por ano. Esses pacientes têm a maior probabilidade de desenvolver a doença”, aponta a especialista.

Suellen pontua que para evitar a doença é necessário não fumar, evitar o abuso de bebidas alcoólicas, reduzir o consumo de açúcares, gorduras e comidas processadas, não optar por alimentos ricos em sódio e conservantes, além de praticar atividades físicas diariamente.

Por que transplante não é uma opção?

A questão de transplantar o órgão afetado como uma solução para a doença é uma dúvida comum entre os pacientes. A oncologista alerta sobre os riscos do procedimento.

“Os pacientes que são transplantados são obrigados a usar medicamentos imunossupressores para evitar a rejeição do órgão doado. Dessa forma, se ainda houver células cancerosas no organismo, a reprodução dos tumores será ainda mais rápida, podendo causar metástase ou reincidência da doença”, detalha a oncologista torácica Suellen Nastri, da BP.

Existem dois tipos principais de câncer de pulmão: carcinoma de pequenas células e de não pequenas células. O carcinoma de não pequenas células corresponde a 85% dos casos e se subdivide em carcinoma epidermóide, adenocarcinoma e carcinoma de grandes células. O tipo mais comum no Brasil e no mundo é o adenocarcinoma e atinge 40% dos doentes.

Novidades terapêuticas

O tratamento para o câncer de pulmão vai depender do estágio e da extensão da doença: “As modalidades de tratamento para esses pacientes geralmente envolvem cirurgia, radioterapia, quimioterapia, terapia alvo ou imunoterapia. Cada caso é único e o médico deverá seguir o que for melhor para o paciente”, explica Suellen.

As pesquisas relacionadas a diagnósticos e tratamentos não param. A edição 2023 da Asco (American Society of Clinical Oncology), maior congresso de oncologia do mundo, trouxe interessantes atualizações nos tratamentos relacionados ao câncer de pulmão:

“Um dos achados importantes foi sobre o uso de terapia-alvo para pacientes com doença localizada, especialmente aqueles em fase inicial e com a mutação do EGFR, um biomarcador de um subtipo de câncer de pulmão. Esse grupo obteve benefícios em termos de sobrevida global com uso de uma medicação específica inibidora do EGFR, como tratamento complementar à cirurgia e quimioterapia pós cirurgia”, destaca Suellen.

Com Assessorias

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