A enfermeira carioca Andrea Sant´Ana, de 50 anos, foi diagnosticada com câncer de mama em meados de 2020, em plena pandemia do novo coronavírus. Ela conta que seu primeiro exame foi inconclusivo. Ao receber a confirmação, no entanto, veio uma mistura de emoções. “A última coisa que eu pensei foi na morte. Na hora, pensei em questões práticas, como: ‘O Gabriel não sabe cozinhar’”, disse ela, referindo-se ao filho mais novo, hoje com 18 anos. Em seguida, Andrea pensou no quadro das pessoas que são acometidas pela doença. 

“Na hora, o chão se abre e a pessoa se abate. A depressão é quase automática, vem acoplada no combo. No lado de cá, antes como cuidadora e depois como enfermeira, acompanhei os quadros. Alguns têm sucesso, outros não. Mas  sempre fui muito proativa. O que me salvou, além da fé e do serviço de saúde, foi a rede de apoio – especialmente colegas de trabalho e família. Isso é muito importante”, destacou Andrea, durante uma cerimônia na sede da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), alusiva ao Outubro Rosa, no Dia Mundial de Combate ao Câncer de Mama (19 de outubro).

Ao Portal ViDA & Ação, Andrea contou que sua história de superação começa muito antes do câncer de mama. Nascida e criada em Austin, bairro de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, ela trabalhou como doméstica e cuidadora de idosos antes de ter a oportunidade de estudar e passar no Enem para uma universidade pública e cursar Enfermagem.

Andrea conseguiu se formar já com 45 anos e passou a trabalhar como prestadora de serviços para a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), onde atuava como coordenadora de campo de um projeto sobre Covid-19 quando descobriu o câncer de mama.

Segundo ela, além das repercussões físicas, porque a doença e o tratamento trazem um grande cansaço, tem a questão social. “O tratamento exige uma condição financeira, uma alimentação correta e específica. Não dá pra ficar comendo besteira”, conta. Ela destacou a importância da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Alerj na luta das pessoas que não têm acesso a diagnóstico rápido e atendimento nos serviços de saúde. 

“A gente sabe de casos em que um nódulo de uma mama passou para as duas mamas porque a paciente levou quatro anos para ser atendida”, disse ela “Passei por todas as etapas, estou em acompanhamento. Viva o SUS, viva a CDDM, viva as mulheres”. Mestre em Enfermagem pela UniRio e membro da Articulação Nacional da Enfermagem Negra (Anen), ela também encontrou forças no ativismo: “Quero agradecer à deputada Enfermeira Rejane que me ligava à noite, me dando atividade pra ocupar a cabeça,  fazendo sentir inserida nas questões do movimento negro”, completou.

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