Foi em meio a uma bateria de exames comuns que Priscilla Tedescki, com 39 anos na época, descobriu um nódulo. “Não tive nenhum sintoma e não estava na idade indicada de realizar a mamografia, mas minha médica solicitou e descobrimos um nódulo. Após, realizei mais exames até o resultado da biópsia, que confirmou ser maligno”, conta Priscilla.
Cerca de 40 dias após a descoberta, Priscilla logo realizou a primeira cirurgia e fez a mastectomia, retirando a mama atingida e colocando uma prótese de silicone. “Fiz tratamento com tamoxifeno por cinco anos e não precisei de métodos mais agressivos. Após algum tempo, retirei 90% da outra mama por prevenção e também coloquei a prótese. Atualmente, faço mamografia e ecografia uma vez ao ano e ressonância magnética a cada dois anos”, explica.
Os exames citados e feitos por Priscilla são os indicados para diagnóstico e, de acordo com a Danila Hubie, mastologista do Hospital Erasto Gaertner, estudos comprovam que a mamografia diminui a mortalidade da doença, pois a detecta precocemente.
Dentre os principais sinais, está o nódulo, que pode ser sentido ao palpar, a alteração na pele, o enrijecimento da mama, que pode ficar como uma casca de laranja, a saída de líquido ou secreção pelo mamilo e até a presença de linfonodo”.
Quais são os exames disponíveis para a detecção da doença?
Durante o Outubro Rosa o tema câncer de mama domina as campanhas de conscientização. Mas você sabe quais são os exames disponíveis para a detecção da doença? Sabia que existem alguns tipos de exames disponíveis e que a escolha do exame depende de diversos fatores.
A mamografia é considerada um exame de rastreio e a de base (utilizada para comparação com as seguintes) é indicada a partir dos 35 anos de idade, independente do histórico familiar. Mas, quando há casos de tumores em idade precoce na família, o risco tende a ser maior e, então, o acompanhamento passa a ser individualizado.
Nestes casos, é indicado a realização do exame dez anos antes da idade de aparecimento do tumor no familiar mais jovem acometido. Em casos de biópsias e resultados positivos, o tratamento também é individualizado.
Na consulta, serão feitas as análises da paciente, análises tumorais e o tratamento será indicado e dependerá do tipo do tumor e das condições clínicas da paciente. Temos alguns tratamentos, como a quimioterapia, cirurgia, radioterapia, hormonioterapia, imunoterapia, entre outros”, ressalta a mastologista.
Exames moleculares detectam risco aumentado para o câncer
O câncer pode surgir por meio de hábitos, mas também por mutação genética. “Para pacientes com a mutação detectada, existem cirurgias redutoras de risco, como a que a atriz americana Angelina Jolie fez, que se chama redutora de risco. Para pacientes que já tiveram lesões, que são precursoras, ou que nos dizem que existe um risco aumentado de desenvolver câncer, existem medicamentos chamados de quimioprevenção”, destaca a Dra. Danila
Apesar de não existir exames laboratoriais que identifiquem a doença, há opções para detectar o risco aumentado, seja da doença ou até mesmo de mutações e alterações no DNA O diagnóstico molecular permite e facilita que pessoas e famílias afetadas pela doença acompanhem e rastreie o câncer de forma precoce. O resultado rápido de até cinco horas, para os kits HBOC NGS e BRCA NGS, facilita a conduta médica e a definição de tratamento ou terapias de prevenção. Além de ser uma maneira de reduzir possíveis custos hospitalares e medicamentos.
A ginecologista do Hospital Edmundo Vasconcelos, Luana Ariadne Ferreira, esclarece essas dúvidas e oferece orientações sobre o assunto.
A médica esclarece que os principais exames incluem:
– Mamografia, exame padrão para rastreamento que utiliza raios-x e que detecta alterações nas mamas antes delas serem palpáveis.
– Ultrassom que utiliza ondas sonoras, complementa a mamografia e é útil para diferenciar cistos de massas sólidas, especialmente em mamas densas.
– Ressonância magnética que fornece imagens mais detalhadas e é usada em casos de alto risco ou quando há dúvidas após outros exames.
– Biópsia, sendo a coleta de tecido para análise.
Segundo a especialista, alguns fatores podem influenciar na escolha do tipo de exame para cada paciente, como idade, histórico familiar, densidade mamária, presença de sintomas e condições médicas pré-existentes. “As diretrizes geralmente recomendam que mulheres a partir dos 40 anos façam mamografias anuais ou bienais. Mulheres com histórico familiar ou outros fatores de risco podem precisar começar o rastreamento mais cedo e com maior frequência”, afirma ela.
Segundo ela, cada tipo de exame pode apresentar benefícios e limitações. “Para a mamografia, os benefícios incluem rastreio eficaz, enquanto as limitações são a eficácia em mamas densas e o risco de falsos positivos. O ultrassom é bom para avaliar nódulos, mas não é eficaz como exame primário. A ressonância magnética tem alta sensibilidade, mas é mais cara e não está disponível em todos os lugares”, ressalta.
Há ainda a realização do autoexame, que pode ser realizado por todas as mulheres. “Ele ajuda as mulheres a se familiarizarem com suas mamas e a detectar mudanças precoces. Embora não substitua exames médicos, pode levar a diagnósticos mais rápidos”, explica.
A especialista destaca que a detecção precoce é essencial para aumentar as taxas de recuperação e sobrevivência da doença, com melhores prognósticos e intervenções menos invasivas. Embora a realização de exames deva ser feita por todas as mulheres a partir dos 40 anos, a médica esclarece que alguns grupos de risco devem ficar mais atentos.
Grupos de risco incluem mulheres com histórico familiar de câncer de mama, portadoras de mutações genéticas, aquelas que já tiveram câncer de mama e pessoas com fatores de risco como obesidade ou exposição à radiação”, diz.