Apesar do sucesso de campanhas como Outubro Rosa, 31% das mulheres brasileiras acima de 18 anos não estão bem informadas sobre o câncer de mama; 24% declaram não saber a idade correta para iniciar a mamografia sem histórico familiar ou indicação médica.  Para 24%, a idade adequada seria abaixo dos 40 anos, quando na verdade o ideal seria acima.

Os dados são do inédito Índice de Conscientização do Câncer de Mama, pesquisa de opinião conduzida pela empresa de pesquisa Somatório Inteligência e encomendada pelo Instituto Natura, que incorporou o Instituto Avon em julho deste ano. O estudo, realizado com mulheres entre 18 e 70 anos, entre as usuárias do Sistema Único de Saúde (SUS) ou do sistema privado de saúde, mostra os diferentes níveis de conscientização sobre a saúde das mamas e os direitos relacionados ao tema.

Os resultados reforçam que o conhecimento está associado diretamente ao perfil socioeconômico das brasileiras, abrangendo recortes de escolaridade, raça, renda e sistema de saúde utilizado por cada mulher. De acordo com o índice, mulheres que nunca frequentaram a escola ou que possuem apenas o ensino fundamental incompleto não possuem informações básicas em relação à saúde das mamas, com índice de 49% de desconhecimento.

Já entre as que têm o ensino superior completo, o índice de desinformação chega a apenas 15%. O mesmo contexto se repete com a renda familiar, quanto mais alta a renda, maior o nível de conscientização. Entre as classes econômicas mais altas o nível de informação considerada adequada chega a 34%.

Já entre aquelas que possuem renda mais baixa este número não ultrapassa 15%, ou seja, apenas uma entre 10 mulheres têm acesso à informação adequada quando se trata de autogestão em saúde das mamas.

Entre as mulheres que se declaram pretas ou pardas o nível de conhecimento adequado alcança 24%, enquanto entre as mulheres brancas este número chega a 33%. A pesquisa também evidencia diferenças relevantes entre usuárias do SUS e do sistema privado de saúde. 38% das usuárias do sistema privado alcançaram níveis adequados de conhecimento, ou seja, têm acesso às informações centrais sobre a doença. Já entre as usuárias do SUS esse número não passa de 25%.

Duas entre 10 mulheres acham que autoexame ainda é principal forma de diagnóstico

Um dado que chama atenção  é que duas em cada 10 mulheres identificaram o autoexame como o principal meio para investigar a suspeita da doença. Embora o autoexame seja importante para que a mulher esteja atenta aos sinais e possa buscar ajuda, o autoexame não deve ser considerado o principal método de detecção. Consultas de rotina e mamografias continuam sendo os meios mais eficazes e confiáveis para o diagnóstico precoce da doença.

Quando se trata de diagnósticos, mesmo entre aquelas mulheres que não tenham sido diretamente acometidas pela doença, é perceptível que se trata de um quadro clínico muito presente no cotidiano das brasileiras. Segundo o Índice, 7 em cada 10 entrevistadas já tiveram alguém próximo com um diagnóstico de câncer de mama.

Dessa forma, os níveis de conhecimento alto e muito alto chegam a 32% das mulheres que conhecem alguém que tem ou teve a doença. Enquanto entre as mulheres que já tiveram câncer de mama este número chega a 64%.

O Índice de Conscientização também aponta que 64% da população feminina acima dos 18 apresentaram um índice de conhecimento médio ou alto a respeito da doença, o que demonstra que o empenho dos órgãos públicos e organizações da sociedade civil em promover campanhas sobre o tema ao longo dos anos tem colaborado para levar informação para as mulheres. Os dados estão disponíveis no site do Panorama

Conscientização e o impacto na realização de exames preventivos

Novos dados do Panorama do Câncer de Mama, estudo desenvolvido pelo Instituto em parceria com o Observatório de Oncologia desde 2020, mostram um tímido aumento na realização de mamografias em 2023 em relação à importante queda de exames realizados nos anos de pandemia.

Segundo a pesquisa, no ano passado foi registrado crescimento de 5,7% em comparação a 2019, o que representa um aumento de 4,2% em relação ao ano anterior.  Vale ressaltar que apenas em 2022, o número de produção de mamografias conseguiu superar a queda importante que houve na pandemia, aumentando em 1%.

As informações foram coletadas a partir da divulgação anual de informações oficiais do DataSUS, a base de dados do Sistema Único de Saúde, levando em consideração exames feitos por mulheres nas faixas etárias de 50 a 69 anos.

O levantamento demonstra que, mesmo com os avanços nos últimos anos, o cenário ainda preocupa. Isto porque, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que a taxa de cobertura de exames atinja 70% do público-alvo.

Esse número é calculado de acordo com o volume de exames realizados em um determinado período e o número de mulheres na faixa etária alvo do rastreamento, no Brasil o número é de apenas 23,4%, número que só em 2023 alcança os patamares já baixos em 2019.

Fonte: Instituto Natura

 

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