hipertensão arterial é um dos principais fatores de risco para doenças cardiovasculares, responsáveis por 30% das mortes no Brasil. Estima-se que mais de 50 milhões de brasileiros entre 30 e 79 anos tenham pressão alta, mas cerca de 70% desses pacientes não conseguem mantê-la sob controle e correm o risco de sofrer infarto do miocárdio ou acidente vascular cerebral (AVC). 

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), se o Brasil alcançar 50% de controle de pressão arterial, 365 mil mortes já seriam evitadas. Para alcançar a meta de 70% de controle até 2030, um dos principais desafios é estimular a adesão dos pacientes hipertensos ao tratamento, visto que menos da metade dos doentes crônicos o seguem corretamente.

Com este objetivo, a Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH) decidiu iluminar de vermelho e azul o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, para chamar a atenção da população e convocar toda a sociedade civil organizada a integrar um movimento nacional de conscientização sobre os males causados pela pressão alta à saúde. 

A iluminação especial de um dos pontos turísticos mais icônicos do Brasil aconteceu na noite desta quarta-feira (26), como parte de um encontro para o lançamento oficial da agenda 2025 da campanha Aliança Onda: Menos Pressão, Mais Ação, iniciativa que busca ampliar o controle da hipertensão arterial no país.

A ação reforça a necessidade de conscientização sobre a doença e seu impacto na saúde da população brasileira. Para isso, o movimento busca envolver diferentes setores da sociedade para fortalecer políticas de prevenção, diagnóstico e adesão ao tratamento, inclusive com uso de ferramentas digitais e estímulo a bons hábitos de saúde.

Especialistas explicam diagnóstico e tratamento da doença

Presente na ação de lançamento, o Portal Vida e Ação conversou com o médico cardiologista Mario Fritzch Toros Neves, professor titular de Clínica Médica da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e membro do Conselho Científico da SBH, sobre as complicações geradas pela falta de adesão às medicações de controle da doença.

Fritzch também explica que, embora seja mais frequente entre pessoas mais velhas, a hipertensão arterial tem sido cada vez mais descoberta em pacientes jovens devido, sobretudo, a maus hábitos alimentares, que inclui ultraprocessados e alimentos com alto teor de sódio.

Já a médica nefrologista Frida Plavnik, mestre e doutora em Nefrologia e Medicina pela Unifesp/EPM e Diretora de Ensino da SBH, explicou os critérios médicos para que uma pessoa seja diagnosticada como hipertensa e quando deve iniciar o tratamento. Frida e Fritzch são diretores da SBH e representaram a entidade no lançamento da campanha.

Confira as entrevistas:

Um terço das mortes podem ser evitadas com pressão sob controle

De acordo com a SBH, a adesão e a persistência no tratamento podem reduzir os casos de insuficiência cardíaca em 53%; diminuir em 37% a ocorrência de infarto agudo do miocárdio; evitar complicações por AVC em 81% das ocorrências e ainda reduzir em 30% a mortalidade por todas as causas.

Além das complicações já reconhecidas (infarto e AVC), recentes publicações têm alertado para o ressurgimento de uma complicação grave da pressão alta não tratada: a hipertensão maligna, condição em que os rins e coração são afetados concomitantemente e de forma acelerada. O principal motivo dessa nova descoberta, que é subdiagnosticada e apresenta alta mortalidade e morbidade quando não tratada apropriadamente, é a falta de controle da pressão arterial.

Estímulo à mudança de estilo de vida

Entre as estratégias propostas pela Aliança Onda para alcançar o objetivo de controle da pressão arterial dos brasileiros está o estímulo à mudança de estilo de vida, o que engloba uma alimentação saudável com baixo teor de sal e açúcar; a prática regular de atividade física; o controle adequado de peso; e a cessação do tabagismo.

Para os pacientes crônicos, a iniciativa também incentiva a utilização de ferramentas digitais e aplicativos para aumentar o engajamento no tratamento, por meio de lembretes para o uso contínuo e correto de medicamentos prescritos e para o automonitoramento da pressão arterial, além de estratégias de gamificação.

Preparação para o Dia Mundial da Adesão

A iluminação do Cristo Redentor abre o calendário em preparação para o Dia Mundial da Adesão (World Adherence Day), marcado para 27 de março, movimento da World Heart Federation que visa alertar a população para essa problemática.

De acordo com o o médico Luis Cuadrado Martin, presidente da SBH,  a iniciativa marcou um chamado estratégico a grandes empresas e setores da gestão da saúde pública para abraçarem a causa e se tornarem aliadas no enfrentamento dessa doença silenciosa, mas devastadora. 

Precisamos de uma mobilização nacional para mudar esse cenário. Ao se juntar à Aliança Onda, as organizações não apenas contribuem para a qualidade de vida de milhares de brasileiros, mas também exercem um importante papel social, promovendo a saúde cardiovascular no país e ajudando a salvar vidas”, afirma.

Controle da pressão também traz benefícios a empresas

Além do impacto social, a adesão à campanha pode estimular a melhora da qualidade de vida dos colaboradores, contribuindo para a redução do absenteísmo e do afastamento; aumento da produtividade; melhor percepção de bem-estar institucional; e redução dos gastos com planos de saúde.

A convocação do movimento no Brasil envolveu os atuais apoiadores da iniciativa: as empresas Agência Koko, Elfie, Medlevensohn, Servier do Brasil e Skema Business School, além da Prefeitura Municipal de Águas de Lindóia (SP).

No Rio de Janeiro, também foram convidados representantes de instituições como a Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ), Iniciativa FIS (Fórum Inovação Saúde) e Business France e Câmara de Comércio França-Brasil Rio de Janeiro (CCIFB-RJ).

De acordo com informações da SBH, executivos das empresas Amazon (AWS), Grupo DPSP (Drogaria São Paulo e Pacheco), Engie Brasil, Funcional Health Tech, L’Oreal, Med-Rio Check-up, Omron e Pluxee já sinalizaram interesse em participar do movimento.

Aliança Onda: menos pressão, mais ação

A Aliança Onda tem quatro pilares fundamentais: ampliar a informação e o conhecimento da sociedade sobre a hipertensão; mobilizar parceiros para promover a prevenção; incentivar o engajamento dos pacientes; e estimular a participação ativa dos profissionais de saúde no acompanhamento e tratamento.

As diretrizes nacionais e internacionais mais recentes ressaltam que o trabalho integrado entre todos os profissionais de saúde e instituições de diferentes áreas é fundamental para obter avanços no controle da hipertensão arterial.

Para mais informações sobre a Aliança Onda, acesse: www.aliancaonda.com.br.

Com informações da SBH

Shares:

Posts Relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *