Março ainda está pela metade e o Brasil já enfrenta a sua terceira onda de calor em 2024, segundo alerta do Inmet. No ano passado, foram nove ondas como a que estamos vivendo nesses últimos dias, às vésperas do fim do verão, com temperaturas igual ou superior aos 40º Celsius.  Como os cientistas têm alertado, períodos de calor extremo serão cada vez mais comuns no país e em todo o mundo por causa da crise climática. E as populações mais vulneráveis são as mais atingidas.

Neste Dia Nacional da Conscientização sobre as Mudanças Climáticas (16 de março), especialistas alertam sobre a urgência de tratar essa questão. “Esta não é a primeira e não será a última onda de calor que vamos enfrentar daqui pra frente”, diz Igor Travassos, porta-voz da frente de Justiça Climática do Greenpeace Brasil. Segundo ele, o calor não é questão apenas das ciências climáticas, contudo, mas também das sociais, uma vez que as temperaturas impactam de maneira desigual as populações.

“Os efeitos das ondas de calor e temperaturas altas impactam de forma desproporcional as populações ribeirinhas, pescadores e pescadoras, comunidades indígenas, quilombolas, população preta, periférica e trabalhadora. Estas populações também são as primeiras a sofrerem as consequências e as que possuem menos ferramentas para reagir”, ressalta.

Estudo recente do Greenpeace Brasil e Ipec, divulgado em outubro de 2023, mostra que 62% dos brasileiros reconhecem que pessoas pobres são as mais afetadas por eventos climáticos extremos. Os dados também apontam que 72% das pessoas pretas confiam pouco ou não confiam nos governos municipais para protegê-las dos impactos de desastres causados pelas mudanças climáticas, enquanto entre os brancos o percentual é de 63%.

“As populações mais empobrecidas têm menos condições de enfrentar os eventos climáticos extremos, incluindo as ondas de calor. O impacto das altas temperaturas é sentido de formas diferentes pela população, pois as possibilidades de se proteger e enfrentar o calor estão diretamente ligados à classe social, raça, gênero e como determinados territórios têm acesso às políticas públicas estruturais, como acesso à água, áreas verdes, saúde e renda”, diz Travassos.

Plano Nacional de Adaptação à Mudança do Clima

Ele lembra que 33 milhões de pessoas sequer têm acesso à água tratada no país, segundo o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento. Além disso, dados do IBGE de 2022 mostraram que enquanto 26,7% dos brancos têm ar-condicionado em casa, a proporção de pretos e pardos com acesso a esse bem é de apenas 12,6% e 15,3%, respectivamente

O Greenpeace Brasil defende a renovação urgente do Plano Nacional de Adaptação à Mudança do Clima (PNA), elaborado em 2016 a toque de caixa e atualmente defasado (seu prazo expirou em 2020), que não considera as periferias das cidades como territórios sensíveis. A ong quer a “ampla participação da sociedade civil e elaboração de medidas que promovam a justiça climática, protegendo as parcelas da população que estão mais expostas aos riscos”.

“É urgente a reconstrução do Plano Nacional de Adaptação (PNA) para que estados e municípios também implementem seus planos locais, assim como é necessária a participação das pessoas mais impactadas na elaboração dessas políticas. O diagnóstico dos riscos e problemas enfrentados pelos territórios já são de conhecimento das pessoas que ali estão, é preciso que o poder público construa soluções com quem vivencia diariamente os efeitos das mudanças do clima”, diz Igor Travassos.

Recentemente, a organização entregou ao Ministério do Meio Ambiente (MMA), o abaixo-assinado Basta de Tragédias, que pede aos governantes urgência de adaptação frente aos eventos extremos que seguem afetando cidades de diferentes regiões no Brasil. “O Brasil precisa de políticas, ações e medidas de adaptação às mudanças climáticas para enfrentar esse cenário de emergência climática”, diz Igor Travassos.

Dia Nacional da Conscientização sobre as Mudanças Climáticas

O Dia Nacional da Conscientização sobre as Mudanças Climáticas (16 de março) tem o objetivo de desenvolver uma maior conscientização da população sobre as mudanças climáticas e sobre as ações que podemos adotar para a sua mitigação. Celebrado no Brasil desde 2011, a data foi criada pela Lei nº 12.533/2011, para esclarecer a população sobre a importância das ações pensadas para diminuir o agravamento dos impactos promovidos pelas mudanças climáticas, além de promover a mobilização e conscientização da população sobre a necessidade das ações individuais e conjuntas.

De acordo com a meta estipulada pelo Acordo de Paris, precisamos manter o limite da temperatura global em 1,5°C. Entretanto, o último relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) publicado em 2022, indica a possibilidade de o planeta aquecer mais de 3,2ºC até 2050.

Algumas evidências do aquecimento global já estão presentes, como o registro da década mais quente dos últimos 125 mil anos, a menor cobertura de gelo no verão do Ártico dos últimos mil anos, o mais rápido aquecimento oceânico desde a era do gelo e entre outras.

Como as empresas podem colaborar

As organizações desempenham um papel crucial na conscientização ao combate às mudanças climáticas, tendo em vista sua influência e alcance significativos na sociedade. Por isso, é importante sensibilizar os funcionários sobre a urgência das questões climáticas, mas também inspirá-los a agir de maneira proativa, tanto dentro quanto fora da empresa, contribuindo assim para um impacto positivo no meio ambiente e na comunidade em geral.

A Solví compartilha quatro estratégias práticas de como engajar ativamente colaboradores nessa causa para iniciar e fortalecer essa conscientização dentro do ambiente corporativo.

  1. Desafios e Competições: Crie competições como o “Desafio Sem Carro”, onde os colaboradores se comprometem a não usar carros pessoais por um dia ou mais, estimulando a conscientização e ação coletiva.
  2. Dias Temáticos: Organize eventos como “Dias Verdes” ou “Semanas em prol do clima” na empresa, com atividades educativas como palestras e plantio de árvores para envolver os colaboradores.
  3. Jogos e Quizzes: Desenvolva jogos relacionados ao clima e à sustentabilidade, como o “Quiz do Carbono”, onde os colaboradores respondem perguntas sobre como reduzir sua pegada de carbono, tornando o aprendizado mais divertido e interativo.
  4. Desafio da Mesa Sustentável: Incentive os colaboradores a adotarem práticas sustentáveis em suas mesas de trabalho, como redução de papel, utilizar canecas reutilizáveis e desligar equipamentos quando não estiverem em uso. Crie placar ou sistemas de recompensas para acompanhar o progresso e motivar a participação.

Agenda Positiva

Engenharia no enfrentamento das mudanças climáticas no RJ

Nas últimas décadas, cidades do Estado do Rio de Janeiro têm sido fortemente castigadas por temporais que se tornaram ainda mais intensos, em função das mudanças climáticas, a exemplo dos mais recentes que provocaram mortes, destruição e desalojamentos na Baixada Fluminense e em bairros da Zona Norte da capital.

Como forma de contribuir com autoridades governamentais e com a sociedade civil a combater efeitos do aquecimento global que afetam diretamente à população, a Coppe/UFRJ – Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro – promove, dia 19 de março, às 14 horas, o painel “Coppe Sociedade: a Engenharia no enfrentamento dos desastres”. 

O objetivo é reunir academia, representantes da sociedade civil e órgãos de Governo para apresentar os impactos das mudanças climáticas no estado do Rio de Janeiro, alertar e educar sobre o enfrentamento de desastres, e discutir perspectivas de avanço na relação entre a academia e a sociedade.

Para tanto, o painel será dividido em três mesas-redondas: “Mudanças climáticas e os impactos na infraestrutura civil-urbana”, “Organização da sociedade no enfrentamento dos desastres” e “Situação atual e desafios dos municípios para lidar com eventos naturais extremos”.

O evento, que consolida o pioneirismo e a vocação da Coppe em aliar pesquisas em diferentes áreas estratégicas para o desenvolvimento do país, contará na abertura com a diretora da Coppe, professora Suzana Kahn. Tharcisio Fontainha, também diretor-adjunto de Planejamento e Desenvolvimento da Coppe, apresentará o coordenador do recém-criado Centro de Estudos e Pesquisas de Engenharia em Desastres (Ceped).

O evento, que é aberto ao público, gratuito e com direito a certificado de participação, será realizado no auditório da Coppe, na Rua Moniz Aragão, 360, Centro de Tecnologia 2, bloco 1, Cidade Universitária.

Com Assessorias

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