A pequena Laura, 5 anos, chega animada à Clínica-escola do Autista, em São Gonçalo, e procura de sala em sala por sua companheira de terapia: a cadela Benta. Da raça Golden Retriever, a cadela de 2 anos foi especialmente selecionada e treinada para o trabalho terapêutico. De acordo com a psicóloga e professora da Uerj, Vanessa Breias, é uma “excelente mediadora” no processo de reabilitação da saúde física, mental e na melhoria da qualidade de vida das crianças e adolescentes atendidas pela clínica.
Responsável pela terapia com auxílio de cães, ou cinoterapia, desenvolvida na unidade, Vanessa explica que a intervenção dos cães no tratamento do autista ajuda a melhorar a linguagem corporal, a afetividade, a coordenação motora e a socialização. O trabalho é realizado uma vez por semana e envolve atividades lúdicas, como, por exemplo, brincar de escovar os pelos e os dentes do cachorro ou simular dar banho no cachorro.
“A primeira coisa que a gente tem que garantir na terapia com cães é a comunicação, que não começa pela fase verbal. O contato com o cão aumenta o estímulo táctil, facilita o vínculo afetivo e promove o bem-estar físico. A Laura, por exemplo, um dia chegou à clínica e falou “cachorro delícia”, isso mostra o quanto ela se sente confortável em “brincar” e interagir com a Benta. O animal não faz juízo moral ou de valor, não avalia se a pessoa é magra, gorda ou se tem dificuldades e limitações antes de se aproximar dela”, destaca a psicóloga.
A terapia com cães foi tema do seu projeto de extensão de Vanessa a Faculdade de Formação de Professores da Uerj. Na Clínica-Escola do Autista, o primeiro aspecto que é considerado é a singularidade de cada pessoa e suas necessidades específicas. Assim, não há um protocolo específico a ser seguido e sim um plano de intervenção e objetivos baseados nas necessidades e potencialidades de cada criança.
“Como terapeutas, temos atividades elaboradas, mas temos que levar em conta que cada um tem necessidades específicas muito particulares. Neste sentido, na clínica temos intervenções assistidas por cães que privilegiam a dessensibilização sensorial que algumas crianças possuem, outras onde o principal enfoque é o favorecimento de vínculo afetivo e a possibilidade da interação com o próximo e assim por diante”, acrescenta Vanessa.
A Clinica-escola do Autista é fruto de uma parceria entre a Prefeitura de São Gonçalo e o Núcleo de Atenção às Necessidades do Cidadão Especial (Nuance). Além da terapia com cães, a unidade oferece atendimento médico nas áreas de neuropediatria, pediatria e nutrição, atividades multidisciplinares, entre elas fonoaudiologia, psicologia e fisioterapia e tratamento odontológico para pessoas com necessidades especiais. A clinica fica na Rua Expedicionário Martins Pereira 29, Maria Paula, São Gonçalo.
Fonte: Prefeitura Municipal de São Gonçalo