Após bons resultados no sequenciamento genômico do vírus da SARS-CoV-2, o Instituto Butantan estendeu seu trabalho para envolver o acompanhamento e sequenciamento dos vírus da dengue e influenza no Estado de São Paulo e no Brasil. Os dados auxiliarão nos estudos sobre a história evolutiva desses vírus e conhecer quais são as variantes virais nas regiões estudadas.

Até maio de 2023, pesquisadores do Instituto Butantan já identificaram a circulação no país de dez variantes da ômicron e duas novas sublinhagens da variante delta, do vírus Sars-Cov-2, transmissor da Covid-19. As variantes da ômicron são classificadas como BQ.1.1, BQ.1.1.14, CL.1, BQ.1.1.19, XBF, XBB.1.13, XBB.2.3, XBB.1.5.4, XBB.1.9.2, FH.1., oriundas dos Estados Unidos, Europa, Ásia e Austrália.

Já as novas sublinhagens da variante delta são classificadas como AY.43.1 e AY.43.2, ambas derivadas da variante AY.43. Essas sublinhagens foram definidas pelas mutações não sinônimas características ORF1ab:A4133V e ORF3a:T14I para o AY.43.1 e ORF1ab:G1155C para o AY.43.2. Uma análise indicou que elas podem ter tido uma provável origem brasileira.

As informações são do último Boletim Epidemiológico da Rede de Alertas das variantes do SARS-CoV-2, do CeVIVAS – Centro para Vigilância Viral e Avaliação Sorológica, um dos Centros de Ciência para o Desenvolvimento (CCDs-SP) apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), com sede no Instituto Butantan.

“Faz todo sentido ampliar esse mapeamento para os vírus estratégicos, do ponto de vista de portifólio vacinal do Butantan. Queremos acompanhar o que está acontecendo com a Covid-19, com a Influenza e com a Dengue, para termos respostas rápidas para a população e para garantir a atualização do portfólio das nossas vacinas. Identificar os vírus circulantes leva a confirmar a efetividade das vacinas que estamos usando e permitir ao Instituto Butantan, principal produtor da vacina da influenza, a melhoria constante dos imunizantes”, defendeu.”, declarou Sandra Coccuzzo, coordenadora do CeVIVAS.

Capacidade protetora das vacinas é investigada

Por meio desse sequenciamento é possível identificar quais eventuais variantes podem surgir e a partir de uma base de dados do CeVIVAS, checar se as vacinas desenvolvidas pelo Butantan protegem a população contra essas novas variantes.

Para conhecer a capacidade protetora das vacinas empregadas, o CeVIVAS investigará se os soros de indivíduos vacinados neutralizam a infecção das variantes circulantes e como é a resposta celular frente à linhagem viral usada na imunização e frente às variantes circulantes na população.

“É importante testar para tratar, já que os anti-virais para as doenças respiratórias tem prazo para serem iniciados. Testar também é importante para proteger, vigiar e otimizar recursos. Isso vai trazer uma robustez à instituição na discussão de quais são as atualizações necessárias para as vacinas que atendem o país. Nós temos uma ligação importante com o SUS e com a saúde pública a nível nacional”, diz Sandra.

Mais de 50 mil sequenciamentos do Sars-CoV-2 durante a pandemia

Criado em 2022, os primeiros passos para a elaboração do CeVIVAS foram dados durante a pandemia da Covid-19, quando a equipe liderada pela diretoria do Centro de Desenvolvimento Científico realizou mais de 50 mil sequenciamentos do vírus SARS-CoV-2 no estado de São Paulo, expondo qual era o cenário pandêmico e as novas cepas encontradas em cada região paulista.

Além do monitoramento dos vírus, o CeVIVAS tem como missão checar se as pessoas vacinadas com o imunizante disponível estão protegidas dessas novas variantes encontradas. A análise dos sequenciamentos vai ajudar o instituto a atualizar seus produtos.

“O projeto permite que o Butantan conheça, de fato, o que está circulando no país e tenha o domínio do conhecimento para poder melhorar suas vacinas”, comenta Maria Carolina Sabbaga, investigadora principal do CeVIVAS. “Este projeto de pesquisa vai diretamente ao encontro da Missão do Instituto Butantan: estar sempre a serviço da Saúde Pública do Estado de SP e do país”, complementou Sandra Coccuzzo, coordenadora do CeVIVAS.

  1. Aprimoramento das vacinas

    As cidades de Santos e Cubatão participam de um projeto científico de pesquisa do Butantan para identificação e sequenciamento genético dos vírus de influenza e SARS-CoV-2. A parceria deve ter duração de cinco anos, período em que as vacinas fabricadas pelo Butantan contra a gripe e a covid-19 levarão em consideração as variantes mais prevalentes dos vírus causadores destas doenças.

  2. A Faculdade de Medicina de Cubatão, da Universidade São Judas Tadeu, é a parceira da iniciativa que tem como objetivo aprimorar as vacinas contra os vírus Influenza e SARS-CoV-2 a partir da realização do sequenciamento genético de amostras colhidas em pacientes com síndromes gripais.O professor da Universidade São Judas Tadeu e Inspirali, Evaldo Stanislau, destacou que o intervalo entre as pandemias está diminuindo e ressaltou a importância da testagem para o manuseio clínico e a vigilância.
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