Originalmente uma tradição norte-americana, a Black Friday conquistou o mundo com sua promessa de descontos incríveis em uma variedade de produtos. No entanto, para muitos, o evento se tornou uma oportunidade para ceder a impulsos de compras exageradas e, em alguns casos, desenvolver um vício em compras.
Esse fenômeno pode resultar em dívidas esmagadoras e estresse financeiro, trazendo impactos também para a saúde mental e psicológica de quem passa pela situação. Comprar em excesso pode levar a sérias consequências, e o vício em compras pode ter impactos emocionais e psicológicos, causando sentimentos de culpa, ansiedade e depressão.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a compra compulsiva – ou oniomania – é um Transtorno do Controle do Impulso, ou seja, tem a ver com a incapacidade de resistir a um instinto ou desejo de realizar um ato que é prejudicial ao próprio indivíduo ou outras pessoas. O transtorno atinge 3% da população brasileira, segundo estimativas da OMS.
Mas em meio à avalanche de propagandas, fica difícil resistir a tanta tentação pelo consumo, certo? Para ajudar os consumidores a evitar cair nas armadilhas da oniomania durante a Black Friday e em outras ocasiões de consumo, o Portal ViDA & Ação traz orientações de duas psicólogas. As especialistas ainda recomendam 5 medidas básicas. Confira:
Consequências emocionais e financeiras das compras exageradas
Com a chegada da temporada de descontos, é crucial que os consumidores estejam cientes dos perigos da compulsão por compras. Karina Stryjer, líder de projetos de saúde emocional na Telavita, clínica digital de psicologia e psicoterapia, explica que a oniomania é uma condição séria que pode resultar em consequências financeiras e emocionais significativas.
“Os sintomas dessa condição incluem a obsessão constante com as compras, a busca por alívio emocional por meio do consumo, a perda da noção do tempo durante as compras e gastos financeiros excessivos”, destaca a especialista.
Com a Black Friday e o Natal, esse transtorno pode ser ainda mais agravado. “A pessoa com compulsão de compras se engana ao fazer compras nesta época, pois é um período em que gastar dinheiro parece estar autorizado, pelo clima de festa e pelas promoções que sempre parecem imperdíveis”, reforça Karina.
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Comprar demais traz sentimentos de culpa, ansiedade e depressão
Para a psicóloga Mara Leme, que é PhD. e VP da BNI Brasil, este frenesi de compras também traz consigo um perigo silencioso: o vício em compras. “À medida que os descontos inundam as lojas e sites, é necessário que as pessoas lembrem da importância de um consumo consciente, evitando gastos desnecessários e compreendo a causa do desejo desenfreado”, enfatiza.
Segundo ela, a dependência psicológica é um estado de mal-estar que se manifesta após a pessoa interromper o uso daquilo que vicia, nesse caso, as compras. Ou seja, deixar de comprar algo irá promover uma reação negativa no cérebro. “Na situação contrária, ao comprar acontecerá uma diminuição da tensão, da ansiedade, elevação da euforia e outras sensações agradáveis. Porém, o cérebro condiciona esses efeitos à presença contínua do objeto vicioso”, explica a psicóloga Mara Leme.
A psicóloga enfatiza a importância de procurar ajuda profissional caso alguém perceba padrões de comportamento relacionados à oniomania em si mesmo ou em seus entes queridos. Reconhecer e enfrentar o transtorno é o primeiro passo crucial para superar esse desafio. “O equilíbrio e a consciência são essenciais para garantir uma experiência de compra saudável e gratificante. Não é um problema comprar, mas é necessário entender se essa compra realmente faz sentido”, finaliza Karina.
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1. Defina um orçamento: “Antes de começar a comprar na Black Friday, estabeleça um limite de gastos realista. Cumpra esse orçamento rigorosamente para evitar gastos excessivos”, ensina Mara. “Defina um orçamento claro e não ultrapasse esse limite, mesmo diante de ofertas tentadoras”, reforça Karina;
2. Faça uma lista de desejos: “Planeje com antecedência o que você realmente deseja comprar e mantenha-se fiel a essa lista. Evite ceder à tentação de adquirir itens não planejados”, sugere a psicóloga. “Elabore uma lista de compras específica e siga-a rigorosamente”, completa Karina;
3. Esteja ciente dos gatilhos emocionais: “Muitas vezes, o vício em compras está relacionado a emoções negativas, como estresse ou solidão. Esteja atento aos momentos em que você sente vontade de comprar para lidar com emoções difíceis”, comenta. “Avalie se suas compras são realmente necessárias ou se são impulsionadas por emoções momentâneas”, diz Mara;
4. Busque apoio, se necessário: Segundo Karina, amigos e familiares podem ajudá-lo a manter o controle. Mas, se necessário, procure um profissional. “Se você acredita que tem um problema real de vício em compras, não hesite em procurar ajuda profissional. Terapia e aconselhamento podem ser fundamentais para superar esse desafio”, aconselha a psicóloga Mara.
5. Use a Black Friday de forma consciente: “Evite compras impulsivas, reserve um tempo para pensar antes de finalizar a compra”, aconselha Karina. “Aproveite as ofertas da Black Friday de maneira consciente, aproveitando os descontos sem comprometer seu bem-estar financeiro”, completa Mara.
Mais sobre a Black Friday
A Black Friday acontece oficialmente na última sexta-feira de novembro – este ano, neste dia 24. Mas desde o início do mês diversas marcas já realizam ofertas, descontos e promoções especiais atribuídas à tradicional data, que surgiu nos Estados Unidos e se espalhou pelo Brasil, já sendo considerada uma das principais no calendário de consumo do país. Muitos consumidores em todo o mundo já estão fazendo planos para aproveitar as ofertas tentadoras.
A expectativa é que neste ano os brasileiros movimentem cerca de R$ 15,5 bilhões em compras, segundo projeção do setor de meios eletrônicos de pagamento da Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços). A pesquisa da MField com 2.300 participante revelou um crescimento de 32,2% na população que planeja comprar na Black Friday 2023 com relação ao ano passado.
Com Assessorias
