Você lembra da sua primeira marquinha de vacina, a BCG? Pois essa é uma cicatriz importante no marco de desenvolvimento de toda criança brasileira. É quando elas ganham imunidade para combater uma doença grave, que ainda ameaça boa parte da população – a tuberculose, uma doença infecciosa e altamente contagiosa.

O Brasil é o país das Américas que mais registra casos da doença. Em 2021, pouco mais de 91 mil casos foram registrados. Já em 2022, o número chegou a 103.766 mil pessoas, segundo dados do DataSus, do Ministério da Saúde.

tuberculose é transmitida pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, mais conhecida como bacilo de Koch. Além de atingir os pulmões, os ossos, rins e meninges também são afetados. Os principais sintomas são tosse – que pode conter sangue, falta de ar, dor no peito, fraqueza, perda de peso, febre e sudorese ao final do dia. 

Apesar da gravidade, a tuberculose pode ser evitada de forma simples, com a aplicação da vacina BCG. Entre as primeiras vacinas indicadas para recém-nascidos, a BCG previne contra as formas mais graves da tuberculose, como a tuberculose miliar e a meningite tuberculosa.  

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, nos países onde a tuberculose é frequente e a vacina integra o programa de vacinação infantil, mais de 40 mil casos anuais de meningite tuberculosa são evitados.

Contudo, mesmo sendo gratuito, o imunizante apresenta uma das piores quedas de cobertura vacinal no país. Segundo dados preliminares do Ministério da Saúde, em 2023, houve uma redução de 30% da cobertura vacinal em relação ao ano anterior, apresentando uma das maiores quedas da última década.

De acordo com o Programa Nacional de Imunizações (PNI), nos seis primeiros meses de 2024, a cobertura vacinal desse imunizante atingiu 75,3% em todo o país. O número se aproxima do índice preliminar de todo o ano de 2023, quando 79,1% das crianças menores de um ano foram vacinadas. Ambas, porém, ainda estão abaixo da meta de 90%.

Aumento de casos em Rondônia: crianças apresentam maior risco

Conforme dados do DataSUS, só em 2023, foram registrados 899 casos da doença em Rondônia, um aumento de 23,4% em relação ao ano anterior. No Dia da Vacina BCG, lembrado em 1º de julho, a pediatra Márcia Guzman, do Hospital Bom Pastor, localizado em Guajará-Mirim (RO), alerta sobre a importância da cobertura vacinal para controlar novos casos de infecção e garantir a saúde infantil.

Quando há baixa cobertura vacinal, as chances de crianças serem infectadas aumentam. Caso elas não sejam vacinadas podem enfrentar sérios problemas respiratórios, ser foco de transmissão e morrer”, alerta a profissional.

A vacina BCG está disponível para todos os recém-nascidos no município de Guajará-Mirim, independentemente de ter nascido ou não em nossa maternidade. “O objetivo é garantir a proteção contra doenças como a tuberculose, possibilitando o fortalecimento do organismo, especialmente, nas primeiras horas de vida”, alerta Juan Boado, médico e diretor técnico da unidade.

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No Rio de Janeiro, música durante a vacinação acalma bebês

Bem longe de Rondônia, no Rio de Janeiro, profissionais de saúde fazem de tudo para aumentar a cobertura vacinal e reforçar a importância do imunizante no calendário de vacinação da criança. Boas práticas de imunização, estabelecidas pelo Ministério da Saúde, desde a ‘mamanalgesia’ até o uso de música durante a aplicação da vacina, são um diferencial no Super Centro Carioca de Vacinação (SCCV), em Botafogo.

Relatos de experiências positivas são comuns entre os enfermeiros responsáveis pela aplicação da vacina BCG. O objetivo é desenvolver um ambiente acolhedor, sensível e respeitoso, de acordo com as necessidades e particularidades de cada família.

Enfermeiro Igor Barreto da Gama destaca uso da música no momento da vacinação da BCG (Fotos: Edu Kapps / SMS-Rio)

Para Igor Barreto da Gama (foto), ex-aluno do curso de capacitação, atual instrutor e um dos enfermeiros responsáveis pela aplicação da BCG no SCCV, o uso da música no momento da vacinação é o diferencial da unidade, além de ser uma de suas ferramentas favoritas.

A maioria das famílias que atendo opta pelo uso da música durante a aplicação da BCG, tendo em vista que auxilia no relaxamento do bebê. Acredito que a aplicação do imunizante exige paciência. É importante explicar as etapas do processo de vacinação e tranquilizar os responsáveis pela criança”, diz Igor Barreto.

Ana Paula Toazza, 30 anos, acredita que vacinas são fundamentais não só para a proteção individual, mas também coletiva. Ela é mãe do Bernardo Toazza Castilho, de 3 meses, e mora em Porto Alegre (RS). Formada em Nutrição, Ana Paula sabe a importância que as vacinas têm.

Quando meu filho nasceu, ainda no hospital, tomou a BCG. Estamos completando o calendário de vacinação de acordo com a idade dele para proteger de vírus e bactérias”, declarou.

Porta de entrada para o calendário de vacinação

A vacina BCG é a porta de entrada para o calendário de vacinação das crianças, segundo Eder Gatti, diretor do Departamento do PNI. O Ministério da Saúde recomenda que a dose seja aplicada o mais precocemente possível logo após o nascimento em bebês com mais de dois quilos. Caso não seja possível administrar ainda na maternidade, a vacinação deve ocorrer na primeira ida à Unidade Básica de Saúde (UBS). 

Desde o início de 2023, uma série de ações vem sendo realizadas para reforçar a cultura de vacinação no país, com destaque para a estratégia de microplanejamento, recomendada pela OMS, que consiste em diversas atividades com foco na realidade local de cada estado e município”, destaca.

De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde do Rio (SMS), além da prevenção contra as formas graves da tuberculose, a experiência positiva na aplicação da vacina nos recém-nascidos é capaz de gerar um forte vínculo entre os responsáveis pelo bebê e a unidade de saúde, impactando também na cobertura vacinal de outros imunizantes.

Para Adriana Desterro (foto), diretora do Super Centro de Vacinação de Botafogo, a primeira experiência de vacinação é capaz de gerar assistência integrada ao longo da infância.

Para muitas famílias, o primeiro acesso à rede pública de saúde ocorre no ato da realização da primeira vacina. Em muitos casos, existem a hesitação, a insegurança e muitas dúvidas sobre a vacinação, o cuidado posterior e a programação vacinal. A aplicação da BCG é um dos primeiros momentos de vida do recém-nascido, o que torna a prática ainda mais sensível”, destaca,

Por isso, a equipe da unidade busca orientar da melhor forma, além de apresentar a rede pública de saúde e atualizar a caderneta vacinal de todos os responsáveis pela criança, já que o bebê, neste primeiro momento, não será introduzido ao restante dos imunizantes.

No SCCV, acreditamos que a experiência positiva das famílias representa a chance da criança retornar à unidade e dar seguimento no calendário de vacinação”, completa Adriana Desterro.

Treinamento em boas práticas de imunização

Super Centro Carioca de Vacinação, em Botafogo, funciona todos os dias da semana (Foto? Edu Kapps / SMS-Rio)

Desde 2015, a SMS oferta para os profissionais de saúde da rede a capacitação para aplicação da vacina BCG, nas maternidades e unidades e unidades de Atenção Primária (clínicas da família e centros municipais de saúde), seguindo as boas práticas de imunização.

Este treinamento, implementado pela Coordenação de Imunizações do município, visa a padronização da técnica de aplicação do imunizante, garantindo a qualidade no serviço prestado à população.

No SCCV, a aplicação da vacina BCG é feita em dias pré-estabelecidos, das 8h às 22h, conforme o cronograma disponível no link https://shre.ink/lts3. O imunizante também está disponível nas unidades de Atenção Primária e maternidades da rede municipal.

A orientação é para que pais e responsáveis levem seus filhos aos postos portando um documento de identificação e a caderneta de vacinação da criança. A SMS também oferece uma cartilha com orientações sobre o calendário vacinal de rotina de crianças e adolescentes, com informações essenciais sobre cada imunizante disponível. O material pode ser consultado no site do EpiRio, no link https://shre.ink/ltsg.

Imunização com a BCG diminui os riscos de casos graves de tuberculose

A famosa marca no braço direito

Nesta segunda-feira (1/7), Dia da Vacina BCG, data de conscientização estabelecida pelo Ministério da Saúde, a Secretaria de Estado de Saúde (SES-RJ) reforça a necessidade de vacinação com o imunizante para evitar formas graves de tuberculose.

Para tirar eventuais dúvidas sobre a BCG, técnicos da Subsecretaria de Vigilância e Atenção Primária à Saúde (Subvaps) da SES-RJ respondem perguntas frequentes sobre o tema:

 

1. O que pode acontecer caso uma pessoa não se vacine com a BCG?

Pessoas não vacinadas têm maior risco de desenvolver formas graves de tuberculose, como meningite tuberculosa e tuberculose miliar.

2. Qual é o público-alvo de vacinação da BCG?

Recém-nascidos, sendo as primeiras 12 horas após o nascimento preferenciais para a vacinação. Crianças de até 4 anos, 29 dias e 11 meses de idade que não tenham sido vacinadas anteriormente também podem receber a BCG.

3. Quem não tomou a BCG quando criança, ainda pode se vacinar?

Na rotina, a BCG é recomendada para crianças até 4 anos de idade que não foram vacinadas anteriormente. Em algumas situações específicas, pode ser recomendada para adolescentes e adultos que têm contato intradomiciliar com pessoas diagnosticadas com hanseníase.

De acordo com o Ministério da Saúde, “além das crianças, a vacina é indicada para quem convive com pessoas diagnosticadas com hanseníase e estrangeiros menos de cinco anos que estejam de mudança para o Brasil e não foram imunizados”.

4. Quantas doses são aplicadas?

A vacina BCG é aplicada em dose única.

5. Quais são as contraindicações da vacina BCG?

Recém-nascidos com peso inferior a 2 kg, mulheres grávidas, pessoas a partir de 5 anos portadoras de HIV e pessoas com histórico de reação adversa grave à vacina BCG não devem ser vacinadas.

6. Há alguma reação da vacina?

De acordo com o Ministério da Saúde, depois da aplicação, a reação começa com uma mancha vermelha que evolui para uma pequena ferida e, por fim, a famosa cicatriz no braço direito, que a maioria das pessoas desenvolve. Segundo a SES-RJ, as reações que podem ocorrer incluem:

– Formação de um pequeno nódulo ou úlcera no local da aplicação.
– Aumento de linfonodos na região axilar.
– Em raros casos, pode ocorrer formação de abscesso ou infecção.

Com Assessorias

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