SUS reforça programa para reinserção de pacientes psiquiátricos

De Volta para Casa: programa criado por Lula há 20 anos atendeu mais de 8 mil ex-pacientes de hospitais psiquiátricos ou de custódia

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O Ministério da Saúde anunciou que vai expandir a oferta de serviços de saúde mental e também o número de novos beneficiários do Programa de Volta para Casa, voltado a auxiliar na reabilitação psicossocial de pessoas com transtornos mentais e histórico de internações de longa permanência. Instituído em 31 de julho de 2003, na primeira gestão do presidente Lula, o programa atendeu, ao longo dos últimos 20 anos, mais de 8 mil pessoas.

Neste ano de 2023, como parte das ações para o fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS), o Ministério da Saúde ampliou em R$ 200 milhões o orçamento da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), que inclui o programa De Volta para Casa. A iniciativa tem o objetivo de aumentar a assistência na rede de saúde mental no SUS em todo Brasil.

“A consolidação da política de saúde mental, focada em assegurar dignidade, cuidado integral, humanizado e em liberdade, além de reinserção psicossocial e garantia dos direitos humanos, está entre as ações prioritárias do governo federal”, informou a pasta.

No período de um ano, até julho de 2024, haverá incremento de R$ 414 milhões que serão repassados para estados, municípios e Distrito Federal.  Com esses novos valores, o aumento do orçamento da rede chega a 27%.

Auxílio-reabilitação psicossocial de R$ 500

O Programa de Volta para Casa visa favorecer a ampliação da rede de relações destas pessoas e o seu bem-estar, além de estimular o exercício pleno dos seus direitos civis, políticos e de cidadania, fora da unidade hospitalar.

Ao longo de duas décadas, a estratégia se tornou um agente transformador, trabalhando em conjunto com os serviços da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), que oferecem suporte e acompanhamento em saúde mental em serviços comunitários que substituem gradualmente o antigo modelo hospitalar.

Atualmente, o programa atende 4 mil pessoas em todo o país. Todos os meses ocorre inclusão de novos beneficiários. Grande parte deles também é de moradores de uma das 870 Residências Terapêuticas existentes no País, oferecidas pelo SUS. O Serviço Residencial Terapêutico (SRT) são casas localizadas no espaço urbano, constituídas para responder às necessidades de moradia de pessoas com transtornos mentais graves.

Para potencializar a reinserção social de pessoas que passaram dois anos ou mais internados ininterruptamente em hospitais psiquiátricos ou de custódia, o programa dispõe de auxílio-reabilitação psicossocial, com valor atual de R$ 500. A pasta tem se esforçado para que mais pessoas tenham acesso ao benefício. Uma vez acessado, o benefício será para toda a vida.

Efeitos da pandemia sobre a saúde mental

A política de saúde mental tem lugar de destaque, sobretudo em razão das evidências de que a pandemia de Covid-19 agravou indicadores de sofrimento mental, sendo essa uma das importantes consequências pós-pandêmicas. Ainda assim, para a ministra Nísia Trindade, a pauta não está referida apenas ao efeito da pandemia.

“Ela também tem muito a ver com a solidão na qual as pessoas vivem, com o individualismo crescente, que muitas vezes se manifesta na dificuldade de interação social. Desde 2016 não havia nenhum reforço de custeio, então dedicamos aumento imediato de recursos para a rede”, explicou.

Em seu discurso de posse, a ministra Nísia assumiu a responsabilidade de alinhar projetos como esse à reforma psiquiátrica brasileira e às produções coletivas da luta antimanicomial, garantindo políticas de cuidado integral e humanizado pelo SUS. Nesse contexto, o fortalecimento do programa é uma das prioridades do Departamento de Saúde Mental do Ministério da Saúde.

Rede de saúde mental é uma das maiores do mundo

Diante da importância do cuidado em saúde mental para todos os brasileiros, o Ministério da Saúde criou o Departamento de Saúde Mental. Em caráter imediato, a pasta retomou a habilitação de novos serviços, bem como iniciou a recomposição do custeio dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e dos Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT). 

O Brasil tem hoje uma das maiores redes de saúde mental do mundo, internacionalmente reconhecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Estudos acadêmicos reiteram que a ampliação da oferta de serviços comunitários em saúde mental diminui a demanda por hospitalização, assegurando mais qualidade de vida para a população.

Os Centros de Atenção Psicossocial (Caps) são serviços de saúde de caráter aberto e comunitário voltados aos atendimentos de pessoas com sofrimento psíquico ou transtorno mental, incluindo aquelas com necessidades decorrentes do uso de álcool, drogas e outras substâncias, que se encontram em situações de crise ou em processos de reabilitação psicossocial.

Nos estabelecimentos atuam equipes multiprofissionais, que empregam diferentes intervenções e estratégias de acolhimento, como psicoterapia, seguimento clínico em psiquiatria, terapia ocupacional, reabilitação neuropsicológica, oficinas terapêuticas, medicação assistida, atendimentos familiares e domiciliares, entre outros.

A lista dos estabelecimentos que oferecem cuidado em saúde mental no Brasil pode ser conferida no mapa interativo elaborado pelo Ministério da Saúde. A ferramenta pode ser consultada aqui.

Fonte: Ministério da Saúde

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