Nos últimos anos, cientistas confirmaram que os poluentes entram no corpo através dos tratos respiratório e alimentar, causando respostas inflamatórias subliminares e atingindo o cérebro através da corrente sanguínea ou do sistema respiratório superior. O dano resultante à microbiota intestinal também pode ter um impacto no cérebro.
O estudo Global Burden of Disease, realizado em 188 países, conclui que o ar poluído é responsável por 30% dos casos de AVC (Acidente Vascular Cerebral). Por essa razão, a WFN decidiu selecionar a pauta para ser debatida em todo o mundo no Dia Mundial do Cérebro.
“No Brasil, temos cerca de 220 mil novos casos de AVC por ano. Do total, aproximadamente 90 mil vão a óbito, 20% ficam com sequelas graves e outros 20%, sequelas moderadas”, informa o diretor científico da ABN (Academia Brasileira de Neurologia), o neurologista Rubens Gagliardi. Ele explica também que o ar poluído aumenta a pressão arterial, “que é a principal causa do AVC”.
A poluição também aumenta a agregação plaquetária e diminui a oxigenação do cérebro: “A pesquisa de risco de AVC é importantíssima, pois o AVC mata e incapacita, mas pode ser prevenido”.
A prevenção primária do AVC é feita fundamentalmente combatendo os fatores de risco, como hipertensão arterial, diabetes, cardiopatias, colesterol, tabagismo, sedentarismo.
“Recentemente, estudos mostraram que a poluição atmosférica é um fator de risco para o AVC e para as doenças vasculares, assim como a Doença de Parkinson e de Alzheimer. Então é primordial o combate à poluição dentro de um programa de redução do AVC”, ressalta o neurologista.
Os poluentes presentes no ar vêm aumentando os problemas de saúde da população. Estimativas atribuem 9 milhões de mortes anuais aos problemas causados pela contaminação.
Alguns poluentes causam severos efeitos em todos os cantos do planeta, sendo que a lista dos danos ao homem é imensa. Entre elas, os pesquisadores incluem aumento da pressão arterial, cardiopatias, danos às células cerebrais e até envelhecimento das células.
Outras pesquisas apontam que a poluição é um complicador para o autismo, os transtornos de déficit de atenção em crianças, a demência e o desenvolvimento da doença de Parkinson, embora dados científicos ainda não estejam disponíveis.
Para evitar os malefícios causados pela poluição do ar, é necessário que governos e população mudem os hábitos, estimulem a mudança de comportamento e invistam na limpeza da atmosfera, pois os impactos ambientais causados pelo homem geram consequências mundiais para saúde pública.
Daí a relevância de estratégias e políticas públicas para reduzir a poluição e, por consequência, evitar uma série de doenças graves que atingem povos. A Federação Mundial de Neurologia (WFN) enfatiza, neste 2018, os prejuízos da poluição do ar à saúde, por intermédio da campanha “Ar limpo para a saúde do cérebro”.