As mortes por Covid-19 no Brasil estão em queda há dez semanas consecutivas e chegaram à média diária de 670 na Semana Epidemiológica 34 (15 a 28 de agosto), segundo o Boletim do Observatório Covid-19, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Nos momentos mais críticos da pandemia, em abril de 2021, o país chegou a ter uma média de mais de 3 mil mortes diárias.

O boletim acrescenta que o número de novos casos de Covid-19 teve queda média de 2,4% ao dia e atribui à vacinação a redução contínua na mortalidade e nas internações no país. Segundo dados compilados pelo Monitora Covid-19, considerando os adultos (acima de 18 anos), 82% dessa população foram imunizados com a primeira dose e 39% com o esquema de vacinação completo.

Outro estudo divulgado também nesta sexta-feira (3) pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM) informou que em 795 municípios (33,9%) houve redução do número de casos de covid-19; em 473 (20,2%) não foram registrados novos casos; em 681 (29,1%) os casos se mantiveram estáveis e em 332 (14,2%).

O levantamento também tratou da ocorrência de mortes por covid-19. Em 1.621 (69,2%) não foram registrados novos óbitos, em 303 (12,9%) a situação se manteve estável, em 229 (9,8%) houve queda e em 128 (5,5%) foi detectado aumento de vidas perdidas.

A variante Delta foi identificada em 181 cidades, o equivalente a 7,7% da amostra. Outras 2.062 (88%) não relataram a presença do novo coronavírus nos casos registrados de pessoas infectadas.

Alerta crítico nas UTIs do Rio e Região Metropolitana

De acordo com o boletim da Fiocruz, a taxa de ocupação de leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) para Covid-19 está fora da zona de alerta para 23 estados e o Distrito Federal. As exceções são Roraima, que está na zona de alerta crítico, com 82%, Goiás (62%) e o Rio de Janeiro (72%), que estão na zona de alerta intermediário.

Apesar disso, o boletim considera que o Estado do Rio de Janeiro é o que mais preocupa, com a Região Metropolitana apresentando percentuais críticos de ocupação: Rio de Janeiro (96%), Belford Roxo (100%), Duque de Caxias (94%), Guapimirim (90%), Nova Iguaçu (85%), Queimados (78%) e São João do Meriti (83%).

“O temor por uma reversão da tendência de melhoria nos indicadores da pandemia tem sido colocado, tomando justamente o Rio de Janeiro como exemplo e designando-o como epicentro da variante Delta. É necessário manter cautela e continuar acompanhando os indicadores nas próximas semanas. Deve-se evitar a perspectiva alarmista, mas também não se deve assumir que o panorama indica a possibilidade de flexibilização absoluta de atividades e circulação de pessoas”.

Estado diz que número de internações e óbitos caiu

O Estado do Rio de Janeiro informou que teve redução de 9% nas internações e de 6% no número de óbitos provocados pela Covid-19. Os dados fazem parte da 46ª edição do Mapa de Risco da Covid-19, divulgada nesta sexta-feira (3) pela Secretaria de Estado de Saúde (SES). Com isso o estado retorna à classificação para bandeira amarela, de baixo risco, após uma semana na bandeira laranja, de risco moderado.

A análise compara as semanas epidemiológicas 33 (de 15 agosto a 21 de agosto) e 31 (1 agosto a 7 de agosto). As taxas de ocupação de leitos no estado também tiveram uma pequena redução neste período. A de UTI caiu de 70% para 67% e a de enfermaria, de 46% para 44%, se compararmos a atual edição do mapa de risco com a da semana passada.

Das nove regiões do estado, cinco estão em bandeira amarela: Metropolitana II, Norte, Baixada Litorânea, Centro-Sul e Médio Paraíba. A Região Noroeste passou da bandeira vermelha para a laranja, mesma classificação das regiões Serrana e Baía da Ilha Grande. Metropolitana l é a única que permanece na faixa vermelha.

“Essa mudança no cenário epidemiológico se deve principalmente pela vacinação da população adulta, que já alcançou 78% com a primeira dose e 38% com o esquema vacinal completo. Apesar de ainda estarmos observando um aumento na notificação de novos casos, por causa da circulação da variante Delta, os casos graves e óbitos estão caindo”, disse o secretário estadual de Saúde, Alexandre Chieppe.

Complicação respiratória volta a apresentar alta

Os casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), uma complicação frequentemente relacionada à Covid-19,  ainda se encontram em nível extremamente alto no Paraná, Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo, Goiás e no Distrito Federal. Nessas unidades da federação, há mais de 10 casos para cada 100 mil habitantes.

O último Boletim InfoGripe, divulgado nesta quinta-feira (2) pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) aponta que o número de casos de Srag manteve a tendência de interrupção de queda, observada desde o final de maio. No entanto, os indícios de possível retomada do crescimento em agosto, apontados na semana passada, não se confirmaram, mantendo o sinal de estabilidade.

Os dados indicam que apenas quatro das 27 unidades da federação apresentam sinal de crescimento na tendência de longo prazo, com destaque para Bahia, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Os dois primeiros estados apontam para início de crescimento ao longo de agosto, enquanto o Rio de Janeiro apresenta sinal de crescimento acentuado desde a segunda quinzena de julho.

Dentre os demais estados, dez apresentam sinal de estabilidade nas tendências de longo e curto prazo: Acre, Alagoas, Amapá, Ceará, Minas Gerais, Paraíba, Piauí, Roraima, Santa Catarina e São Paulo.

A análise aponta que todos os estados apresentam ao menos uma macrorregião de saúde em nível alto ou superior e sete estados apresentam ao menos uma macrorregião em nível extremamente elevado: Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo.

“Em todos esses estados observa-se que essa tendência tem sido puxada principalmente pelos casos graves em crianças e adolescentes e pela população acima de 60 anos. No caso do Rio de Janeiro, para a população acima de 70 anos estima-se que a situação atual já esteja em situação similar ao observado no pico do final de 2020”, disse o coordenador do InfoGripe, Marcelo Gomes.

O estudo observou entre crianças e adolescentes (de zero a 9 anos e de 10 a 19 anos) uma estabilização dos casos de Srag em patamar significativamente elevado quando comparados com o histórico da pandemia. “Vale considerar que a situação atual é similar ao pico mais agudo de 2020”, diz a Fiocruz.

Segundo o coordenador do InfoGripe, o patamar de estabilização se apresenta mais alto à medida que a idade diminui. “Já a redução expressiva do número de casos de Srag na população idosa é reflexo do impacto da campanha de vacinação escalonada realizada nos meses de abril e maio. Os valores mais altos da população mais jovem indicam que a transmissão segue elevada e são atribuídos à transmissão elevada na população em geral”, afirmou.

A incidência da síndrome é um parâmetro de monitoramento da pandemia de Covid-19, uma vez que o Sars-CoV-2 é responsável por 96,6% dos casos virais de Srag registrados desde 2020.

50% das pessoas vacinadas em municípios

O estudo da CNM apontou que 24% dos 2.344 municípios pesquisados têm pelo menos 50% das pessoas com o ciclo vacinal completo contra a covid-19.  Segundo o levantamento, 16 municípios (0,7%) vacinaram com as duas doses ou dose única mais de 90% dos adultos, 96 (4,1%) entre 70% e 90%, 450 (19,2%) entre 50% e 70%, 1.270 (54,2%) entre 30% e 50% e 394 (16,8%) entre 10% e 30%.

A pesquisa indicou também que 463 cidades (19,8%) já imunizaram com a primeira dose mais de 90% das pessoas com mais de 18 anos, 1.135 (48,4%) de 70% a 90%, 563 indivíduos (24%) de 50% a 70% e 91 (3,9%) de 30% a 50%.

Do conjunto de cidades consultadas, 14 (0,6%) estão imunizando com a primeira dose pessoas de 30 a 34 anos, 89 (3,8%) estão na faixa etária de 25 a 29 anos, 1.669 (71,2%) estão na faixa de 18 a 24 anos e 556 (23,7%) já estão aplicando vacinas em pessoas de 12 a 17 anos.

Entre as administrações municipais, 367 afirmaram ter ficado sem vacina contra a covid-19 nesta semana, o equivalente a 15,7%. Outros 1.900 (81,1%) não informaram ter passado pelo desabastecimento de imunizantes, enquanto 73 (3,3%) não responderam à pergunta.

Foi perguntado novamente sobre a manutenção de medidas de distanciamento social, com 1.130 (48,2%) das cidades com alguma forma de restrição de horário das atividades não essenciais. Outras 1.145 (48,8%%) responderam não ter lançado mão deste recurso durante a pandemia.

Completar o esquema vacinal é importante

O boletim divulgado pela Fiocruz reforça a avaliação de que, com o avanço da vacinação para a população mais jovem, o rejuvenescimento da pandemia observado no primeiro semestre deste ano foi revertido. “As internações hospitalares, internações em UTI e óbitos voltaram a se concentrar na população idosa, que apresenta maior vulnerabilidade entre os grupos por faixas etárias”, destaca.

Os pesquisadores pedem que esse processo seja acelerado e ampliado e ressaltam que a maioria da população adulta ainda não completou o esquema vacinal, o que é fundamental para maior efetividade das vacinas. Acrescentam ainda que a vacinação de adolescentes ainda está em fase inicial.

“Apesar de ainda ser necessário avançar na ampliação e aceleração da vacinação, esse processo contribui para a importante tendência de redução da incidência e mortalidade, sendo notável o declínio no número absoluto de internações e óbitos em todas as faixas etárias”, afirma o boletim.

Outro ponto destacado é que as vacinas não impedem completamente a transmissão do vírus Sars-CoV-2, mesmo quando o esquema vacinal está completo. Pessoas vacinadas podem transmitir para outras pessoas, independentemente de manifestarem a doença, e não estão totalmente livres do risco de desenvolver um quadro grave, ainda que esse risco seja reduzido de forma importante pela imunização.

Além disso, os pesquisadores veem um cenário em que o relaxamento de medidas de distanciamento físico, tanto por parte de governos quanto da população, se dá ao mesmo tempo em que cresce a presença da variante Delta nas amostras analisadas. “O conjunto desses fatores resulta em cenário que combina incertezas com exigência de muita atenção”, alertam.

“A redução do impacto da pandemia de modo mais duradouro somente será alcançada com a intensificação da campanha de vacinação, a adequação das práticas de vigilância em saúde e o reforço da atenção primária à saúde, além do amplo emprego de medidas de proteção individual, como o uso correto de máscaras e o distanciamento físico”.

Da Agência Brasil

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