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Patricia conta como superou a doença, com apoio da oncologista Vera Teixeira (Foto: Acervo pessoal)

O câncer de mama surgiu como uma bomba no caminho da executiva de contas de seguro de saúde Patrícia Jesus dos Santos. Trabalhando no setor de saúde há 27 anos, ela sempre fez seus exames ginecológicos regularmente e não tinha histórico familiar. Depois dos 40 anos, segundo recomendação médica, incluiu a mamografia na sua agenda periódica de saúde. Mas de uma hora para outra, com muitos planos de vida, descobriu que tinha a doença. Hoje com 49 anos, ela superou o câncer de mama e celebra a vitória de estar viva e com saúde.

Ao Blog Vida & Ação Patrícia fala sobre a sua luta, a aceitação da doença, as mudanças que teve que fazer na sua nova rotina, como isso impactou na vaidade, na feminilidade… Muito além de um exemplo de superação, ela também fala de sentimentos como fé, compaixão e mostra como mantém a positividade e o otimismo… Enfim, empoderamento resume.

Para a oncologista Vera Teixeira, da Oncoclínica (RJ), que foi quase um ‘anjo da guarda’ na vida de Patrícia, conhecer histórias de superação, tanto de pessoas anônimas quanto de celebridades, transmite forças e humaniza o enfrentamento do câncer como o de mama e de colo do útero.”A doença vem crescendo no Brasil e no mundo e pode ser curada com a detecção precoce, por meio de exames diagnósticos regulares”.

Além disso, destaca, saber que outras pessoas tiveram histórias com final feliz e de vitória é uma maneira saudável de lutar contra o câncer. “É muito importante medidas de promoção à saúde física e emocional. As verdadeiras ferramentas de promoção de bem-estar e de prevenção do câncer são ter uma vida saudável, praticando exercícios físicos regularmente e mantendo uma dieta equilibrada”, orienta.

Confira o relato de Patrícia:

“Em 2010, estava com férias marcadas, mas resolvi antecipar a mamografia. É como se um anjo tivesse me falado para adiantar esse exame. Minha médica encaminhou a análise para um mastologista oncológico. O resultado foi um tumor de 1,5 cm, um carcinoma ductal invasivo (ou infiltrante) na mama direita. Era setembro de 2010. Quando recebi o laudo, minha amiga de longa data, que é médica intensivista e me acompanhou durante os exames, dra. Teresa Navarro, pegou o laudo e me chamou para almoçar. Falamos de diferentes temas e, no fim, ela me deu a notícia de que era um câncer agressivo e disse:  ‘Estou contigo nessa batalha’.

Li o envelope e a toda a minha vida passou em segundos. Apesar do susto, pois, na hora, não acreditei, nunca achei que fosse morrer. Só pensei como ia contar isso para minha filha, que tinha acabado de fazer de 15 anos. Ela sabia que tinha feito uma pulsão (procedimento de análise mais específica para um possível tumor). Sempre pergunto ‘para que as coisas acontecem em nossas vidas’, e não por quê.

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Sou o primeiro caso na minha família. Não tinha histórico. Não tinha nenhuma pré-disposição. Fazia caminhada, me alimentava bem. E pensei: ‘Vou acabar com isso e isso não vai acabar comigo. Preciso sobreviver’. Não é fácil enfrentar a doença. Para mim, o câncer foi isso.

Minha vida parou. Tinha muito fraqueza nos ossos. Tive que me afastar do trabalho durante um ano e dois meses. A quimioterapia é agressiva, mas necessária. E traz intercorrências. O tratamento nos deixa fracos, debilitados, cansados. Mas é uma fase em que você fica frágil para ficar forte. Forte para viver, para ver minha filha criada, formada.

Tudo isso foi perto da Copa do Mundo. Pensei: ‘Preciso assistir ao Mundial’. Meus amigos me diziam: ‘Você é um exemplo’. O câncer faz um back up em nossas vidas. Meu pacto com a dra. Vera Teixeira, da Oncoclínica, é não saber da sobrevida do paciente com câncer de mama.

Não quis usar peruca. Raramente usava alguma coisa. Andei com lenço durante um tempo. Assumi minha falta de cabelos e isso me fez bem. Fiquei sem todos os pelos do corpo, até cílios. Um conhecido chegou a brincar comigo, perguntando se estava jogando cartas, por causa dos lenços, pois ele dizia que estava parecendo uma cigana. Entendi como brincadeira.

Depois desse susto, continuo fazendo os exames a cada seis meses ao longo de cinco anos (2011 e 2015). Durante cinco anos, é preciso ir ao médico para realizar exames periódicos para controle e rastreamento. Desde 2016, faço anualmente e continuarei fazendo enquanto minha médica pedir. Ela quer me acompanhar por mais cinco anos.

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Patrícia só tinha um foco: ficar boa para ver a filha criada, formada… (Foto: Acervo pessoal)

Como era agressivo, meu câncer de mama foi resolvido com cirurgia e não com radioterapia. Fiz mastectomia radical com esvaziamento maxilar da mama direita. Não era um nódulo detectável no autoexame. E acabei tirando as duas mamas, já que a segunda tinha risco de desenvolver o câncer de mama. Tirei o útero preventivamente e entrei na menopausa aos 46 anos.

Para outras pessoas que estão enfrentando o câncer nesse momento, minha mensagem é: a vida é feita de escolhas. Então, escolha viver e lute por essa vida. E tiro disso tudo duas lições: aprendizado para ficar mais forte e a percepção ainda mais clara do quanto família e amigos são fundamentais. Se pudesse, minha vontade seria de rodar as unidades da Oncoclínica e tirar um dia da semana para conversar com os pacientes, contando minha história, ajudando na superação.

Minha vida tem como base três pilares: fé – seja ela qual for, acho importante estarmos ligado a algo divino, sabendo que não estamos sozinhos; tratamento – ter acesso, se cercar de bons profissionais, como fui abraçada pela dra. Vera, que se tornou uma amiga; e amor à vida, com o tempero de estar cercada por família e amigos.

A mulher é um ser divino, cuida de várias vidas. Sim, somos grandiosas, temos de nos respeitar, precisamos estar mais unidas, mais felizes, mais saudáveis, mais realizadas e libertas de tabu”.


 

 

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