Aos quatro anos de idade, ele tinha um atraso na fala e só apresentou melhoras com intervenção adequada. Hoje, é o CEO de uma das maiores empresas globais que trabalham com TEA (Transtorno do Espectro Autista). Com dois casos na família, um sobrinho e um primo – e, também, por sua experiência pessoal, o norte-americano Kenny Laplante teve a ideia de criar a Genial Care em 2020 no Brasil para colocar em prática seu propósito depois de conhecer mais de perto o complexo universo do autismo.
“Eu cresci, me formei no colégio, na universidade, iniciei minha carreira em Wall Street, passei a trabalhar como investidor na área de saúde e isso foi uma tremenda escola para mim, com mentores incríveis. Comecei a refletir sobre como a tecnologia poderia auxiliar crianças com condições crônicas, sobretudo as crianças com autismo”, disse Laplante a Mike Dias, apresentador do Scale Up Valley, podcast global voltado a líderes de alto impacto e suas empresas em escalada.
O propósito de Kenny já se reflete em positivos impactos para a sociedade. A falta de suporte e intervenção em crianças autistas na primeira infância (até os 5 anos de idade) incorre em grandes impactos na vida adulta – a estimativa é de que existam 70 milhões de pessoas com autismo no mundo, sendo cerca de 85% dos adultos com autismo estão desempregados. Além disso, essa é uma condição que deve crescer aproximadamente cinco vezes na próxima década.
”Acreditamos em uma ideia simples: toda criança merece atingir seu máximo potencial. Assim como aqui dentro: cuidamos e desafiamos nossas próprias pessoas a se tornarem a melhor versão de si mesmas”, ressalta o fundador da Genial Care.
Foco nos cuidadores de pessoas com autismo
A startup Genial Care, fundada no Brasil por Laplante, tem como compromisso “criar ferramentas para ajudar no desenvolvimento de crianças com autismo e capacitar e apoiar pessoas cuidadoras nessa jornada”.
Laplante conta que o diferencial da startup é o foco nos cuidadores. “O pai e a mãe são os professores mais naturais que qualquer criança pode ter, eles têm muito potencial para serem protagonistas, mas são ignorados nos processos”, explica Kenny.
Uma pesquisa feita em 2020 pela startup com 500 cuidadores de crianças de até 12 anos diagnosticadas com autismo mostrou que as mães são as principais responsáveis pelo cuidado do filho (86% dos casos). Quase 70% dos entrevistados disseram que precisam de ajuda para planejar o futuro a longo prazo da criança e 57% gostariam de orientação sobre o fazer e como agir diante de situações desafiadoras.
A Genial Care trabalha de forma multidisciplinar no cuidado e desenvolvimento de crianças autistas e suas famílias, conectando tecnologia e embasamento científico, e conta com uma frente de capacitação de profissionais, a Genial Care Academy.
“Através de avaliação direcionamos a intervenção ideal para cada caso, em três disciplinas complementares: Terapia Ocupacional, fonoaudiologia e ABA (Análise Comportamental Aplicada). Fazemos tudo isso através de pessoas e tecnologias focadas no cuidado e desenvolvimento de crianças com autismo e suas famílias”, explica Laplante.
Professor e escritor se descobre autista após diagnóstico do filho
O escritor Lucelmo Lacerda se descobriu autista após receber o diagnóstico do filho. Quando passou a investigar a fundo o assunto, percebeu traços do autismo em outros membros da família, como o irmão e o sobrinho.
A partir daí, foi em busca de respostas para desvendar o espectro autista e lançará, nas próximas semanas, livro com amplo material, fruto de pesquisas e da própria experiência. Hoje, ele reúne mais de 340 mil seguidores em suas redes sociais, onde aborda o assunto.
Lucelmo Lacerda é professor universitário, historiador, psicopedagogo e pesquisador na área de análise do comportamento. Doutor em Educação pela PUC-SP, com pós-doutoramento no departamento de psicologia da UFSCar e Mestre em História pela PUC-SP.
Também é pesquisador nos campos de Autismo e Inclusão. Angariou 115 mil seguidores no Instagram e 225 mil inscritos no YouTube especialmente com seu trabalho de conscientização sobre o Transtorno do Espectro Autista e quadros assemelhados.
Ele é autor do livro Ensino Religioso na Era da Laicidade? Modelos em Ação no Brasil e lançará, em breve, a obra Crítica à Pseudociência em Educação Especial – Trilhas de uma Educação Inclusiva Baseada em Evidências, onde aborda, também, o autismo.
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Com Assessorias