Voltar à rotina de trabalho e deixar o bebê em casa ou na creche logo após a licença maternidade é um desafio para 10 entre 10 mães que trabalham fora. Este é, sem dúvida, um dos períodos mais difíceis para as mulheres no pós-parto. Muitas mães que desejam cuidar do bebê por mais tempo ou que não contam com uma rede de apoio, têm muitas dúvidas ou não sabem como conciliar o trabalho e a amamentação.
Fatores como a necessidade de trabalho, devido à condição financeira, social ou pessoal, podem afetar as escolhas das mães quanto a manter o aleitamento materno, mesmo quando o bebê ainda é pequeno e amamenta no peito. Essa fase costuma ser permeada por bastante angústia, medos e insegurança e a mulher pode identificar seus diferentes papéis sociais, como uma forma de conciliar a nova rotina com o filho.
Eu ouço sempre a frase ‘como meu bebê vai ficar sem mim?’. A mulher passa a trazer para si essa nova identidade, muitas vezes não consegue mais se enxergar sem o lugar de mãe, e acaba tendo dificuldade de separar seus outros papéis, como mulher, profissional e esposa. Ter uma orientação faz muita diferença”, pontua a psicóloga da Pró-Saúde, Paola Lima, que atua no Hospital Materno-Infantil de Barcarena Dra. Anna Turan (HMIB), no interior do Pará.

Confira as dicas para conciliar trabalho e amamentação

Equipe do HMIB coletando doações de leite na UBS (Foto: Pró- Saúde / Divulgação)
Para aliviar o coração das mamães, a fonoaudióloga Amanda Lima explica que é possível manter o aleitamento materno mesmo com a retomada do trabalho, desde que a mãe se prepare para isso, contando com uma rede de apoio para suporte e informação especializada.
Muitas mães vivem esse dilema, em maior ou menor grau, e nós sempre procuramos orientar sobre a troca de experiências e rodas de conversas para mostrar possibilidades. É possível organizar a rotina sanando os principais receios, como perda de vínculo com filho ou baixa produção de leite, por exemplo”, explica a profissional.
  • Ordenha e preparação para armazenamento do leite

A produção de leite se dá de acordo com a demanda da criança, ou seja, quanto mais o bebê sugar, mais leite é produzido. “No entanto, é possível ainda manter o estímulo com a ordenha com horários regulares, para isso, ensinamos como ordenhar, posicionamentos e massagem para as mamas, assim a extração continua mesmo a mãe longe do filho”,  aponta Danielly Souza, nutricionista do Materno-Infantil de Barcarena.
A duração total da licença maternidade pode ser usada para amamentar exclusivamente. Mas a especialista orienta a começar a ordenha antes, assim, a mãe treina o bebê para receber o leite com copinho e colher. “Além disso, a mãe também pode iniciar um estoque de leite materno no freezer ou congelador, para que um cuidador ofereça o alimento ao bebê quando ela estiver fora. O leite tem validade de até 15 dias, dessa forma, a mãe retornará ao trabalho segura de que seu bebê estará bem alimentado”, comenta a nutricionista.
Também orientamos a não oferecer mamadeira ou chuquinha, onde é fácil para o bebê extrair o leite. Isso pode fazer com que o bebê  confunda os bicos e recuse o seio depois, interferindo no vínculo mãe-bebê”, completa a nutricionista da unidade, certificada pelo Ministério da Saúde como Hospital Amigo da Criança.
  • Rede de apoio

De acordo com Paola, a mulher precisa contar com uma rede de apoio que entenda os benefícios do aleitamento materno e embarque com a mãe nessa jornada, e para que essa mãe se sinta confortável na separação do bebê e volta ao trabalho.
A rede de apoio pode ser familiares, amigos ou escolas, que devem ser acordados os papéis com dias de antecedência, para que aconteça as adaptações, como a hora da mamada e hora do bebê ficar com a rede de apoio. A pessoa que ficará com o bebê (em casa ou na creche) pode fazer a oferta do leite no copinho que foi ordenhado pela mãe.  Esse suporte fará muita diferença no físico e emocional da mulher”, explica.
A profissional orienta a procurar um local reservado, que traga conforto, e siga  orientações de higiene e armazenamento para facilitar o fluxo do leite, garantindo o alimento do bebê. “Por vezes, se o trabalho for perto, o pai ou familiar pode levar a criança no horário de intervalos para amamentação, como garante a lei. Essa ajuda é essencial para a mãe se sentir acolhida e segura”, complementa.
  • Direito garantido por lei

De acordo com a legislação brasileira, a mulher tem o direito de ter dois intervalos, de meia hora cada um, durante a jornada de trabalho, que não devem ser confundidos com os intervalos normais para repouso e alimentação, para amamentar o seu filho até os seis meses de idade.
Quando a saúde do filho exigir, o período de seis meses poderá ser aumentado, a critério do médico. A profissional também pode ter a jornada de trabalho reduzida, em até 2 horas, caso a duração do trabalho seja superior a seis horas, quando o estabelecimento não dispõe de local para amamentação e não há possibilidade de ir até o bebê.

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Universidade no Rio orienta mães no retorno ao trabalho

Sala de apoio à amamentação da UVA, certificada pelo Ministério da Saúde, foi a primeira do Rio (Foto: Divulgação)

Pouca gente sabe, mas a Universidade Veiga de Almeida (UVA), no Rio de Janeiro, oferece uma sala de aleitamento credenciada pelo Ministério da Saúde para apoiar gratuitamente as mães que voltam a trabalhar.

A sala já funciona há nove anos no campus da Tijuca, zona norte carioca, como ponto de apoio às mulheres que trabalham, estudam ou moram perto do local, para que elas possam retirar o seu leite e armazenar e não interromper o aleitamento ao retornar à sua rotina.

Primeira sala de apoio à amamentação certificada pelo Ministério da Saúde no Rio de Janeiro, o espaço dispõe de poltronas, freezer para armazenamento do leite, toucas, potes de vidro e orientação necessária para evitar o desmame precoce, ou para que a mãe siga amamentando o bebê de forma complementar até os dois anos ou mais, conforme a recomendação do MS.

No Agosto Dourado 2023, a campanha do Ministério da Saúde em 2023 visava justamente à criação destas salas de apoio nas Unidades Básicas de Saúde em cinco estados, destacando a importância do apoio social ao aleitamento materno.

No mês dedicado a incentivar ações e esclarecer sobre a importância da amamentação, a sala lançou um novo serviço. A equipe da sala também passou a oferecer consultas individuais e gratuitas para que essas mulheres não interrompam a amamentação ao voltarem ao trabalho ou às aulas presenciais.

Segundo Abilene Gouvêa, professora do curso de Enfermagem da UVA e coordenadora da Liga da Saúde da Mulher da universidade, o objetivo da sala é ensinar as mães a como retirar e armazenar adequadamente o leite, e, ainda, como oferecê-lo ao bebê fora do peito, estabelecendo um programa de retorno às atividades.

A UVA foi pioneira na criação da sala, que serve não apenas a alunas e professoras, mas a toda a comunidade do entorno da universidade. Nosso objetivo aqui é mostrar que, mesmo voltando ao trabalho ou às atividades normais, a mãe pode seguir com o aleitamento materno”, destaca,

A Sala UVA de Apoio à Mulher Trabalhadora que Amamenta (MTA) fica no campus Tijuca da Universidade Veiga de Almeida (Laboratório de Enfermagem) – Rua Ibituruna, 108. Tijuca, e funciona de segunda a sexta, das 8h às 20h. Agendamentos para consultas podem ser feitos pelo e-mail abilene.gouvea@uva.br ou Instagram: @salaaleitamento.uva. Mais informações: Tel. (21) 2574-8888.

Roda de conversa no Agosto Dourado

Para promover o Agosto Dourado, mês da campanha de conscientização sobre a importância da amamentação, o curso de Enfermagem da Universidade Veiga de Almeida (UVA) fará uma roda de conversa para gestantes, pessoas que amamentam e seus familiares no dia 26 de agosto, às 15h, no bosque do campus da Tijuca.

O objetivo é informar sobre os benefícios da amamentação para mães e bebês e auxiliar em técnicas básicas, como retirada e oferta do leite. Abordar temas como esse é extremamente importantes para levar conhecimento e promover saúde à comunidade.

Há muitas pessoas que não sabem que podem seguir amamentando, sem oferecer fórmulas, quando voltam a trabalhar, que é possível seguir com o aleitamento materno exclusivo até os seis meses’’, ressalta Abilene Gouvêa.

A roda de conversa também abordará os cuidados com o bebê.  O evento conta 25 vagas disponíveis e para se inscrever é necessário enviar uma mensagem pelo Instagram para @salaaleitamento.uva com nome e telefone.

Com Assessorias

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