Há um consenso entre médicos e pesquisadores de que o Alzheimer e outras demências podem começar muitos anos antes de os sintomas serem notados e, enquanto uma cura não vem, mudanças de hábitos cotidianos podem retardar os efeitos mais incapacitantes da doença.
O Alzheimer começa a dar sinais até 20 anos antes do diagnóstico e é justamente nesta fase inicial em que o tratamento para retardar os efeitos são mais eficazes”, afirma a ] a geriatra e ortomolecular Márcia Umbelino, especializada no tratamento e prevenção de doenças neurodegenerativas.
A médica tem pacientes com a doença e que precisam do apoio de pessoas próximas para que a doença não avance rapidamente, como Cleonice Conceição, de 91 anos, que faz tratamento desde 2019. Os sintomas, no entanto, começaram quando ela ainda tinha 76 anos, segundo relata a filha Rosane.
Ela começou a ficar muito repetitiva e isso foi um sinal de alerta para a família. Ao mesmo tempo todos, falavam que era “coisa da idade”. Eu a levei para realizar exames, mas o diagnóstico não aparecia”, conta ela sobre sua experiência ao procurar tratamento para sua mãe.
Com o passar do tempo  os esquecimentos foram aumentando, sintomas como: esquecer o gás  ligado e outros esquentar a comida várias vezes, não querer tomar banho, alta irritabilidade. Rosane explica sobre a evolução de sua mãe após o diagnóstico e início de tratamento:
Na primeira consulta, em 2019, ela foi diagnosticada com Alzheimer. Então, começou a usar uma série de medicações e acompanhamos os efeitos colaterais, para saber quais ela se adaptava melhor”.
Desde 2019 Cleonice faz uso de medicações específicas para demência e uso de antidepressivos, além de passar por acompanhamento com a médica e sempre ir mudando as dosagens de acordo com as necessidades. Hoje ela tem 90 anos e a filha vê uma melhora no quadro e estabilidade.
Tenho certeza que todo o estímulo que ela  recebe, trabalhos cognitivos, além claro das medicações corretas são  fatores que contribuem bastante para a estabilidade dela”.
Rosane ainda fala como a rede de apoio ao idoso ajuda para que o Alzheimer não avance: “Não é  nada fácil cuidar de um paciente nesta condição. Após a pandemia contratei uma cuidadora que chegou para somar, parceira, formar uma rede  de apoio que é  primordial”.

 

Setembro Lilás: mês da corrida contra o Alzheimer
Cientistas do mundo inteiro lutam para descobrir novas formas de diagnóstico, prevenção e tratamento para combater o tipo mais comum de demência
Nunca se falou e se pesquisou tanto sobre a Doença do Alzheimer – principal tipo de demência que corresponde a 60% dos casos. Nos últimos  anos, pesquisadores têm se empenhado em encontrar uma vacina, uma cura ou novos meios de prevenir ou melhorar o diagnóstico precoce da doença que, de acordo com a Organização Mundial de Saúde, atinge cerca de 55 milhões de pessoas no mundo e que deve ultrapassar a casa dos 150 milhões de casos até 2050.
No Brasil, esse número que hoje está em 2 milhões deve saltar para 5,6 milhões em 2050. Segundo especialistas, os dados não correspondem à realidade – a Alzheimer Disease International (ADI) estima que 75% das pessoas com demência não são diagnosticadas.
Com o aumento da expectativa de vida, as pessoas vêm, cada vez mais, buscando meios para barrar os efeitos do envelhecimento, com o objetivo de manter uma saúde plena até os últimos dias. Então, é natural o medo do diagnóstico de uma doença tão incapacitante e, ainda, incurável”, ressalta a geriatra e ortomolecular Márcia Umbelino.
Por esse motivo, a campanha deste Setembro Lilás, mês de Conscientização Mundial da Doença de Alzheimer tem como tema “Nunca é cedo demais, nunca é tarde demais”, visando justamente destacar o papel fundamental da adoção de medidas de redução de riscos para atrasar e potencialmente prevenir o aparecimento da demência.
Tabagismo, obesidade, alto teor de açúcar no sangue, sedentarismo, estresse, má qualidade de sono, estão entre os principais fatores de risco que podem ser alterados para evitar o Alzheimer”, destaca Márcia Umbelino.
Prevenção é o melhor remédio
Embora novos medicamentos estejam sendo testados, ainda não existe melhor caminho que a prevenção. Estima-se que 40% dos casos poderiam ser evitados com as dicas cotidianas como atividade física, alimentação saudável, controle de colesterol e níveis de glicemia, menos estresse, melhor qualidade de sono e combate à obesidade e a depressão.
A geriatra reforça a importância de procurar um médico tão logo se note algum sintoma. “Detectar o Alzheimer ainda não é algo simples. Existe o teste de DNA, mas apenas 2% dos casos têm causa hereditária. É preciso, portanto, ficar atento aos sinais iniciais, que incluem alterações de memória e de personalidade, de habilidades visuais e espaciais”, destaca a médica, ressaltando a importância de se procurar um especialista.
Alguns outros problemas de saúde tratáveis podem ser confundidos com demência, como deficiência de vitamina B12 ou a névoa Mental, condições que podem ser resolvidas com reposição hormonal ou suplementação”.
O diagnóstico do Alzheimer deve incluir uma anamnese específica, exames de sangue, testes cognitivos e avaliação de imagens do cérebro e do estado clínico do paciente. O diagnóstico correto é importante também porque existem outros tipos de demência e o tratamento para cada uma delas é diferenciado.

 

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