Há cerca de quatro meses, iniciei o hábito de espremer meio limão em um pouco de água todos os dias pela manhã, em jejum. E não é que a minha gastrite melhorou? Isso sem falar na digestão, que ficou mais fácil e, até arrisco dizer, contribuiu para uma certa perda de peso. Mas afinal, limão com água realmente ajuda a emagrecer? Em entrevista ao ViDA & Ação, a nutricionista funcional Juliana Pizzocolo diz que sim, mas é bom ter alguns cuidados.
Isso acontece pois o limão possui diversas propriedades que auxiliam a perda de peso: anti-inflamatório, regula o intestino (rico em pectina, uma fibra que promove saciedade e regula o trânsito intestinal), auxilia na digestão, antioxidante (retarda o envelhecimento), é desintoxicante (estimula o fígado a eliminar toxinas), possui baixo índice glicêmico (não ocorre picos de insulina e, com isso, o controle da entrada do açúcar para as células ocorre de forma lenta, mantendo, com isso, a glicemia estável), além de ajudar no controle da ansiedade”.
Outro ponto importante é que a água com limão aumenta os níveis de energia (sem ocasionar taquicardia como ocorre com algumas pessoas quando ingere cafeína). “Lembrando que para uma perda efetiva de peso, a água com limão deve ser apenas um coadjuvante. Uma alimentação equilibrada, associada a práticas de atividades físicas, são as ferramentas essenciais para diminuir os números do manequim”, destaca a especialista.
Segundo ela, em indivíduos sem nenhuma condição de saúde relacionada ao estômago, o limão (em doses moderadas) não faz mal algum. “No caso de pessoas com gastrite e/ou úlcera (inflamação da mucosa gástrica em diferentes graus), a parede estomacal fica enfraquecida e, com isso, o suco gástrico (produzido pelo
estômago) lesiona os tecidos deste órgão. Como o limão é uma fruta ácida, seu consumo pode ocasionar dor, por conta da lesão gástrica”, destaca.
Ácido no sabor, alcalinizante no efeito
Segundo ela, ao contrário do que se imagina, o termo ácido pode não estar relacionado com o seu sabor, mas sim o quanto do pH abala o pH do organismo. Por exemplo: o limão é originalmente ácido, porém, o ácido cítrico ao entrar no organismo é transformado em substâncias que neutralizam (ou amenizam) estados indesejados de acidez, sem contar que estas substâncias melhoram a saúde cardíaca, o sistema imunológico, retarda o envelhecimento precoce (ação antioxidante), além da proteção contra câncer e demais patologias.
Em virtude destes benefícios, pode-se dizer que o limão é alcalinizante (apesar do sabor ácido). Segundo ela, para a digestão de proteínas, a acidez do estômago é de grande importância, porém, no geral, o meio alcalino gera mais saúde. Em resumo: quanto mais alcalino (menos ácido) é o estado do organismo, melhor. “Pode-se dizer que alimentos de origem animal (com exceção ao leite materno) são mais ácidos do que os de origem vegetal (alimentos alcalinizantes)”, ressalta.
Alimentos ricos em gordura trans, açúcar, sal e aditivos químicos são considerados acidificantes, ou seja, levam o organismo a uma série de patologias como Diabetes, Obesidade, Hipertensão, Câncer, além da perda de massa muscular, pedras nos rins, retenção de líquido e até mesmo diminuição da capacidade mental. Uma dieta ácida leva o corpo a tentar compensar esse pH usando minerais alcalinos (lembrando que o pH normal do sangue humano é em torno de 7,35 – 7,45).
“Se a alimentação não contém quantidades suficientes para essa compensação, ocorre um acúmulo de ácido nas células e, com isso, a diminuição da capacidade do corpo de absorver nutrientes, de gerar energia, de reparar células danificadas e de eliminar metais pesados”, afirma. O ideal, garante, é o consumo de 60% de alimentos alcalinos e 40% de alimentos ácidos. Mas não existe a necessidade de deixar de ingerir os alimentos acidificantes. “Basta fazer com que o pH sanguíneo seja predominantemente alcalino para que possa ser benéfico a todo o organismo”, ressalta.
Alimentos industrializados são vilões
Juliana lembra que a obesidade tem se tornado cada vez mais um problema de saúde pública em todo o mundo. A modernização e a industrialização acabam sendo um dos fatores que tem propiciado este aumento. “Com a correria do dia a dia, é cada vez mais comum o consumo de alimentos industrializados e/ou mesmo os fast foods como forma de “adiantar” o tempo entre uma reunião e outra. Porém, esquecem-se que tais alimentos vêm acompanhados de uma alta densidade calórica, sem falar nas grandes quantidades de açúcar, sal, aditivos químicos, corantes, conservantes, gorduras trans e nas baixas concentrações de fibras e micronutrientes”, ressalta.
Estudos demonstram que 65% das decisões de compras de alimentos são realizadas dentro do supermercado e que 50% não são planejadas. Soma-se a isso o alto grau de sedentarismo, estresse e a alta exposição a diversos compostos tóxicos (poluição, pesticidas, esterilizantes, fármacos e indiretamente, a ingestão de água e alimento contaminados), tão comuns na vida das cidades urbanas. “Todos estes fatores contribuem para um desequilíbrio geral no organismo, deste a microbiota intestinal até o próprio DNA, sem falar no próprio ecossistema”, afirma a especialista.
Exemplos de alimentos acidificantes
- Adoçantes artificiais
- Carnes em geral (principalmente de boi e porco)
- Refrigerantes em geral
- Medicamentos
- Chocolate (abaixo de 60% de cacau)
- Farinha de trigo
- Cerveja e outras bebidas alcoólicas
- Açúcar branco
- Mariscos
- Sal de cozinha refinado e iodado
- Confeitaria à base de farinha de trigo
- Leite e derivados
- Arroz branco
- Feijão
- Centeio
- Café
- Amendoim
- Milho
- Aveia
- Ameixa seca
- Feijões (vários tipos)
- Cramberry
- Blueberry
- Noz pecã
- Suco de fruta adoçado
Exemplos de alimentos alcalinizantes
- Limão e demais cítricos
- Salsinha
- Couve
- Espinafre
- Cebola
- Alho
- Aspargos
- Azeite de oliva extra virgem
- Manga
- Melancia
- Melão
- Quiabo
- Abóbora
- Beterraba
- Salsão
- Tâmara
- Batata – doce
- Figo
- Fava de feijão verde
- Mamão
- Abobrinha