Quatro dias após se submeter a uma cirurgia extensa, a cantora Preta Gil, de 49 anos, tranquilizou os fãs com mensagem e fotos sobre seu estado de saúde. O procedimento foi realizado no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, na última quarta-feira (16) e durou 14 horas.

Além de retirar um tumor no reto – para conter o avanço do câncer colorretal (ou câncer de intestino), que enfrenta desde janeiro, ela revelou que foi necessário também fazer uma histerectomia total abdominal, um procedimento de remoção cirúrgica do útero.

Apesar da complexidade do caso, em nova postagem nas redes sociais neste domingo (20), ela compartilhou que a recuperação está acontecendo de forma gradual, agradeceu a equipe guerreira do Dr. Frederico Teixeira Jr. e mostrou que se mantém otimista.

“Agora é um dia de cada vez!!! Hoje já consegui sentar e sigo aqui lutando. Já Deus tudo certo!!!”, contou a cantora, que passará um período usando uma bolsa de colostomia, para a eliminação das fezes:

“Eu vou ter que usar uma bolsa de colostomia, vou fazer uma operação no reto, então tem que dar um sossego para cicatrizar. A gente tem muito esses monstros: ‘ai, meu Deus, a bolsa’. Mas os médicos me mostram como é, como faz. Para tudo na vida a gente tem uma solução, tem que manter o otimismo”, contou em entrevista a Ana Maria Braga.

Antes da cirurgia, ela compartilhou uma foto com o filho com a seguinte legenda:

“Estou indo agora fazer a cirurgia para retirar o tumor. Estou aqui cercada de amor, com meu filho ao meu lado e tantos amigos e familiares, estou grata e calma, muito confiante nos médicos, já Deus certo, receberei a energia e vibrações positivas de vocês, orem por mim”.

Mais sobre a bolsa de estomia que Preta Gil terá que usar

De acordo com a Unifesp, ostoma, ostomia, estoma ou estomia são palavras que possuem o mesmo significado, derivado do grego em que “osto” é boca e “tomia” abertura, é uma cirurgia realizada com objetivo de construir um caminho alternativo de comunicação com o meio exterior, para eliminar a urina ou as fezes, assim como auxiliar na respiração.

Uma bolsa de ostomia, também chamada de bolsa de estomia, bolsa de ileostomia, bolsa de colostomia ou bolsa de urostomia, é um dispositivo médico protético que fornece um meio para a coleta de resíduos de um sistema biológico desviado cirurgicamente e a criação de um estoma.

Assim, a bolsa de colostomia ou bolsa de ileostomia foi desenvolvida para facilitar a eliminação e descarte das fezes. Também chamada de bolsa coletora, surgiu como forma de facilitar a vida de quem precisou passar por uma cirurgia envolvendo o intestino.

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Entenda as etapas do tratamento de Preta Gil

Ativa nas redes sociais. Preta Gil tem compartilhado o passo a passo de seu tratamento com fãs e seguidores. Na primeira fase, da quimioterapia, a cantora optou por ficar internada ao invés de fazer o tratamento em casa:

“Muita gente pode ir com uma bombinha para casa, uma bombinha de infusão de um medicamento, mas eu prefiro fazer no hospital por conta dos enjoos, da tontura, me sinto mais segura. Fico lá três dias, volto para casa e fico 12, e volto para o hospital”, explicou aos seguidores no Instagram.

Em abril, os médicos decidiram parar a quimio e iniciar a radioterapia: “Eu de fato melhorei demais o meu estado de saúde. Foi uma semana em que eu me recuperei em casa e isso faz toda a diferença […] os médicos resolveram que não vou mais fazer quimioterapia e que vou partir direto para a radioterapia. Então começo daqui uma semana”, disse em um vídeo.

Numa das etapas do tratamento, a cantora revelou ter sofrido sepse. Essas duas primeiras etapas tinham o objetivo de diminuir o tumor para facilitar a cirurgia que aconteceu na quarta-feira. Preta Gil fez a última sessão de radioterapia em junho e depois passou um período descansando com a família e se preparando para o procedimento. Nesse tempo, chegou a se apresentar nos palcos

Volta aos palcos após quimio e radioterapia

Entre junho e agosto, enquanto se preparara para a cirurgia, Preta Gil chegou a se apresentar nos palcos. A cantora participou da turnê “Nós, A Gente”, estrelada por Gilberto Gil e sua família, após temporada de sucesso na Europa. A cantora chorou muito e foi ovacionada durante sua primeira apresentação cinco meses após ser diagnospsticada.

A “trupe afetiva”, como o grupo se denomina, tem Gil no palco ao lado de seus filhos Bem, José, Nara e Preta, e com os netos João, Flor, Francisco, Pedro, Gabriel, Lucas e Bento, além de sua nora Mariá Pinkusfeld. 

Durante a turnê, a família Gil apresenta um repertório dos sucessos acumulados ao longo dos quase 60 anos de carreira do artista. Clássicos como “Palco”, “Tempo Rei” e “Vamos Fugir” tiram o fôlego da plateia, além de canções dos Gilsons, de Preta Gil e uma rápida aparição de Bela Gil em cena.

Também foi lançada em junho, na Prime Vídeo, a série documental Original Amazon Viajando Com os Gil, que mostra como a família tornou realidade a turnê planejada na primeira temporada, Em Casa Com os Gil. O reality, gravado de forma documental, celebra os 80 anos de Gilberto Gil, fazendo com que o público também se sinta um dos membros da turnê internacional “Nós, a Gente”.

Ao todo são quase 40 familiares viajando juntos, incluindo 7 filhos, 12 netos e 1 bisneta do cantor. Ao longo de 36 dias, a família fez 15 apresentações em 10 países como França, Alemanha, Itália, Dinamarca e Inglaterra, entre outros.

Além de momentos de intimidade, os episódios retratam importantes momentos em família. A formação familiar diversa dos Gil, a forte influência da cultura africana e a presença feminina na sociedade e no âmbito musical são alguns dos temas abordados na série, que será embalada por músicas que marcaram gerações e a cultura do país.

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Entenda o câncer colorretal

Diagnóstico aumenta entre jovens e preocupa especialistas

O câncer de intestino, também chamado de câncer colorretal, abrange os tumores malignos que se desenvolvem no intestino grosso (cólon) e no reto, parte final do intestino, que antecede imediatamente o ânus. Esse tipo de câncer geralmente começa com pequenas lesões ou formações na parede interna do órgão

De acordo com o Ministério da Saúde, o câncer colorretal é o terceiro tipo de tumor mais comum no Brasil, com aproximadamente 40 mil novos casos diagnosticados todos os anos. A doença afeta, normalmente, pessoas com cerca de 50 anos ou mais. No entanto, nos últimos tempos, o setor da saúde vem percebendo mudanças referente à faixa etária dos pacientes, com um aumento entre jovens adultos.

Tanto a morte do ator Chadwick Boseman, que interpretava o herói Pantera Negra, em 2020, do rei Pelé e do jogador Roberto Dinamite, como o recente diagnóstico de Preta Gil impactaram o país e estão relacionados ao quadro, que requer um acompanhamento especializado.

Embora ainda não se tenha muitos dados sobre o aumento da incidência desse tipo de câncer entre pessoas com menos de 50 anos no Brasil, um levantamento feito pelo A. C. Camargo Câncer Center, com 1.167 pacientes, mostrou que 20% das pessoas diagnosticadas entre 2008 e 2015 se encaixavam nesse perfil. Fatores ambientais e nutricionais estão sendo estudados como possíveis causas desse fenômeno.

“Sem dúvida, as condições comportamentais têm uma grande influência. Dietas desequilibradas e ricas em alimentos processados, como carnes e embutidos, tabagismo e obesidade são alguns dos fatores de risco que contribuem para essa mudança”, afirma Vinícius Miranda Borges, oncologista do Hospital Estadual de Franco da Rocha, gerenciado pelo Cejam – Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim” em parceria com a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo.

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Os principais fatores que levam a esse tipo de câncer

A piora no estilo de vida que as novas gerações vivenciam atualmente, a frequência de relações sexuais de cunho anal, sem o uso de preservativo, e questões genéticas podem estar colaborando para o aparecimento da doença no organismo antes do tempo. No terceiro caso, em específico, é importante estar atento ao histórico de câncer entre familiares e realizar exames regularmente para um acompanhamento ativo.

Geralmente, para identificar a presença do câncer colorretal, é necessária a realização de colonoscopia, além de estadiamento feito com tomografia computadorizada do abdômen e do tórax. Em algumas circunstâncias, exames de toque retal realizados por um médico especialista e testes de sangue oculto nas fezes também podem ser fundamentais. Já os tratamentos incluem cirurgia, quimioterapia e, em alguns casos, radioterapia.

Apesar disso, entende-se que o diagnóstico precoce em pessoas mais jovens muitas vezes não ocorre devido à falta da inclusão da colonoscopia nos exames de rotina. No Brasil, a solicitação dessa análise só é feita após o surgimento dos primeiros sintomas no paciente, já que, normalmente, o procedimento só é realizado a partir dos 50 anos.

“Quando esse câncer aparece em pessoas fora do grupo de risco, muitas vezes, ele é um pouco mais agressivo, mas isso depende muito do momento em que o diagnóstico foi feito, do estágio em que se encontra e das características histológicas do tumor”, explica o oncologista.

Por isso, é preciso estar em alerta, já que diferentes sinais podem indicar o aparecimento do câncer de intestino em nosso corpo. Ao notar a presença de sangue nas fezes, alterações no hábito intestinal, dor abdominal e perda de peso sem motivo aparente, é importante buscar orientações médicas.

Algumas ações simples do dia a dia podem ser aliadas na luta contra o câncer colorretal. Elas não eliminam totalmente as chances de diagnóstico, mas diminuem drasticamente a possibilidade de desenvolver a doença.

“Manter hábitos saudáveis, uma dieta balanceada com base em alimentos naturais, evitar ao máximo os alimentos processados, praticar exercícios físicos e evitar o consumo de álcool e cigarros são formas de minimizar os impactos. Não devemos esquecer que a pesquisa do histórico familiar em relação à doença é muito útil e direciona maiores cuidados ao indivíduo de forma antecipada”, conclui o médico.

Com informações do UOL e Assessoria do Cejam

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