“Eu tinha 31 anos quando comecei a sentir uma dor muito forte no estômago. No início, achei que fosse gastrite, mas como não passava nem com remédio, procurei um médico e descobri 36 tumores na região do abdômen”, relata Bruna Rampazzo, hoje com 34 anos e ainda em tratamento contra um câncer colorretal.

Desde quando descobriu a doença, Bruna passou por cirurgias para a retirada dos tumores, dos nódulos, de todo o intestino grosso e passou por 12 sessões de quimioterapia. No caso de Bruna, o diagnóstico estava relacionado ao histórico familiar, mas esse tipo de tumor é o segundo mais frequente no Brasil entre homens e mulheres. O mês de março recebe o laço azul marinho como forma de reforçar a conscientização e a prevenção ao câncer colorretal.

Bruna Rampazzo, que após três anos da descoberta do câncer segue em tratamento, apesar de ter retirado o intestino grosso e ter usado a bolsa de colostomia por quase seis meses, se emociona ao dizer como vem lidando com a doença. “Nunca deixei a minha vida de lado. Fiz questão de manter a minha rotina, o que me faz bem e, hoje, faço acompanhamento com o meu oncologista, porque não podemos descuidar”, conta Bruna.

Nos últimos meses, a doença ganhou destaque na mídia em função da morte de dois astros do futebol – Edson Arantes do Nascimento, o Rei Pelé, e o ídolo do Vasco da Gama, Roberto Dinamite e do anúncio das cantoras Simony e Preta Gil sobre o recente diagnóstico. No caso das duas mulheres, o que chama a atenção é o fato do tumor ter se manifestado antes dos 50 anos, sendo chamado de câncer de início precoce.

30% dos casos podem ser evitados com estilo de vida saudável

O Instituto Nacional do Câncer (Inca) prevê o diagnóstico de 45.630 novos casos de câncer colorretal para cada ano do triênio de 2023 a 2025. Apesar dos números alarmantes, o câncer colorretal é considerado um tumor que apresenta 80% de chance de cura quando o diagnostico é realizado em estágios iniciais

O médico David Pinheiro Cunha, oncologista do Grupo SOnHe explica que a incidência tem aumentado em pessoas mais jovens em função do estilo de vida moderno, em que as pessoas se exercitam pouco, se alimentam mal e fazem uso em excesso de álcool e cigarro.

“Sabemos que 30% dos casos poderiam ser evitados com um estilo de vida saudável, com exercício físico regular, alimentação rica em fibras e verduras, baixo consumo de embutidos e carne vermelha”, alerta.

Na fase inicial, o câncer colorretal pode ser assintomático. Com o aumento do tamanho do tumor os sintomas podem se desenvolver. Os principais são alteração do hábito intestinal (diarreia e prisão de ventre), dor ou desconforto abdominal, fraqueza ou anemia, perda de peso sem causa aparente, alteração na forma ou presença de sangue nas fezes.

“É muito importante fazer os exames de rastreamento, que são realizados em pessoas assintomáticas”, explica o oncologista.

No Brasil, o rastreamento na população é indicado a partir dos 45 anos, sendo a colonoscopia o exame indicado. A colonoscopia é uma endoscopia do intestino grosso, do reto e pode também chegar à porção distal do íleo. O exame é realizado para a detecção de pólipos, tumores benignos que podem evoluir assumindo características malignas.

Também é realizada a colonoscopia para diagnosticar a doença inflamatória intestinal além de outras patologias, como cânceres em diversos estágios, inclusive no inicial, sendo uma importante ferramenta de rastreio. “Precisamos incorporar a cultura da colonoscopia na nossa rotina de exames, porque o modo de vida moderno transformou os nossos hábitos e, consequentemente, nossa saúde”, alerta o oncologista.

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