Está marcada para sexta-feira, dia 29 de setembro, a cirurgia de quadril do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O procedimento visa sanar as dores crônicas e os problemas de mobilidade causados pela artrose, uma doença que consiste no desgaste das cartilagens, estrutura que têm a função de amortecer o impacto e facilitar os movimentos dos ossos.

Artroses, no geral, são as doenças mais predominantes no mundo e geralmente acometem mais as pessoas idosas. Segundo pesquisa da Organização Mundial da Saúde (OMS), 60% dos indivíduos acima dos 50 anos de idade, apresentam algum grau de degeneração em alguma das articulações. Entre os 70 e 75 anos, o índice sobe para 80%.

Segundo dados da Sociedade Brasileira de Reumatologia, é uma das principais causas de incapacidade física e dor crônica em pessoas com mais de 60 anos no Brasil. No Brasil, as artroses severas afetam mais de 30 milhões de brasileiros, segundo o Ministério da Saúde, tornando-a uma questão de saúde pública relevante. Cerca de 7,5% dos afastamentos do trabalho são ocasionados por causa desta patologia.

A dor é o principal sintoma deste tipo de artrose, ocorrendo geralmente na região da virilha e na área frontal do quadril, com agravamento de intensidade durante o caminhar, quando o paciente senta por longos períodos, ou mesmo quando ele se deita sobre o lado do corpo que está comprometido.

As dores também podem se manifestar na coxa, nas nádegas, na lateral da bacia e coluna lombar. À medida em que o problema se agrava, os movimentos ficam cada vez mais limitados a ponto de atrapalhar de forma significativa a rotina dos pacientes.

Apesar de afetar principalmente pessoas com mais de 45 anos, a artrose do quadril também está associada a quadros de obesidade, prática intensa e/ou má executada de exercícios e alguns esportes, doenças reumatológicas, histórico familiar, entre outros fatores. O diagnóstico é simples, e feito a partir de raio X ou ressonância magnética.

Entenda a artrose na cabeça do fêmur

O presidente convive há tempos com a incômoda presença de artrose na cabeça do fêmur, condição que causando dores frequentes e desconforto ao caminhar e se mexer. A equipe médica do presidente recomendou a intervenção cirúrgica para aliviar os sintomas e melhorar sua qualidade de vida.

A artrose na cabeça do fêmur, também conhecida como coxartrose, é uma doença degenerativa que afeta a articulação do quadril. Nessa condição, a cartilagem que recobre a cabeça do fêmur e a cavidade do quadril se desgasta progressivamente, resultando em dor, inflamação e restrição de movimentos.

Mateus Martinez, mestre em fisioterapia pela Universidade de Queensland (Austrália) e diretor de Fisioterapia na Pés Sem Dor, explica que a artrose na cabeça do fêmur é mais comum em pessoas na terceira idade, mas também pode afetar os mais jovens, especialmente aqueles com histórico de lesões articulares ou fatores genéticos predisponentes.

“Artrose na cabeça do fêmur é uma condição que pode causar desconforto significativo e limitações nas atividades diárias. A cirurgia é uma opção recomendada quando outras formas de tratamento não conseguem aliviar efetivamente os sintomas e melhorar a qualidade de vida do paciente. A intervenção cirúrgica visa proporcionar alívio da dor e restaurar a mobilidade da articulação”, explica

Martinez explica que no tratamento da artrose na cabeça do fêmur, palmilhas sob medida podem ser uma opção complementar, proporcionando suporte adequado e amortecimento aos membros durante as atividades diárias. Elas também corrigem os desalinhamentos biomecânicos e diferença de comprimento de membros que podem contribuir para o desenvolvimento ou agravamento da artrose.

Avanços tecnológicos permitem sucesso na cirurgia

Um problema articular muito comum que tem atrapalhado a vida de milhões de pessoas ao redor do mundo, principalmente idosos, tem sido combatido de formas cada vez mais eficientes graças a avanços tecnológicos recentes. A artrose de quadril, também conhecida como osteoartrose, é o desgaste da articulação que conecta o fêmur (osso da coxa) com o acetábulo (parte da bacia), um problema de saúde crônico que tem ganhado noticiários País afora por estar afetando a rotina do presidente Lula.

Estas lesões geralmente condenavam seus pacientes a sofrerem por anos com procedimentos que nem sempre conseguiam atenuar a dor constante ocasionada pela artrose. Felizmente, com o tratamento certo, este é um cenário que tem ficado para trás. O ortopedista credenciado da Paraná Clínicas, Marcio Pozzi, explica o quão grave pode se tornar a lesão.

“A artrose do quadril é uma doença degenerativa que, com o passar do tempo, torna-se incapacitante. O paciente começa a sentir os efeitos gradativamente e passa a ter queixas para caminhar, movimentar a perna, calçar os sapatos e pode até mesmo começar a mancar”, conta o médico.

Apesar de comum, os tratamentos tradicionais e menos invasivos para o problema nem sempre conseguem devolver a qualidade de vida aos pacientes. No caso da artrose no quadril, as ações iniciais são paliativas, de forma a atenuar as dores e diminuir os desgastes das articulações. Elas são realizadas a partir de sessões de fisioterapia que fortalecem a musculatura e melhoram a execução dos movimentos articulares, além da administração de anti-inflamatórios e analgésicos durante crises.

Ao longo das últimas décadas, no entanto, a intervenção cirúrgica tem sido uma alternativa cada vez mais viável, muito em função dos avanços tecnológicos tornaram as próteses mais seguras e resistentes. Dr. Pozzi explica que, em casos graves, a cirurgia para a colocação de uma prótese total do quadril geralmente é o caminho mais indicado:

“Este é um procedimento que vem se tornando cada vez mais viável, mas que já é executado há muitos anos, com resultados satisfatórios e evolução excelente por parte dos pacientes, com um tempo de recuperação cada vez menor. O indivíduo volta a caminhar e a realizar suas atividades precocemente: em um período de quatro a seis semanas é possível voltar às suas atividades diárias, com algumas limitações”, afirma o ortopedista.

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Como  é feita a cirurgia de quadril?

Na cirurgia é feita a retirada da cartilagem e ossos lesionados para substituí-los por uma articulação artificial, a prótese total do quadril, que é composta de quatro itens: o componente femoral, que fica inserido no canal intramedular do fêmur e que é conectado a uma cabeça femoral protética que pode ser em material metálico ou cerâmico.

Na parte pélvica é instalada uma cúpula acetabular – Em formato de meia laranja. Dentro dela é inserido um componente cirúrgico especialmente criado para diminuir o atrito entre as superfícies, que pode ser produzido em cerâmicas ou ligas de polietileno, para assegurar uma movimentação articular confortável e sem dores.

Tal evolução nos tratamentos faz com que muitos pacientes que estavam condenados a ter que lidar com dores intensas até a velhice possam passar por uma intervenção cirúrgica que lhes devolva a mobilidade e a qualidade de vida a partir de um curto período de recuperação. Este é o caso do presidente Lula, que fará a operação para a colocação da prótese no próximo mês de outubro.

Segundo especialistas, nos dias seguintes após a cirurgia o paciente já pode se locomover com o uso de muletas ou andadores, e deverá fazer fisioterapia por um período de 1 a 3 meses. Se todo o processo de recuperação sair como o planejado, após esse tempo o indivíduo pode voltar a ter uma rotina normal, sem dores ou grandes limitações de movimento.

A fisioterapeuta Raquel Silvério, especializada em tratamento de membros inferiores, explica que a artrose no quadril é uma condição que provoca intensas dores e limitações na mobilidade, e que compromete significativamente a qualidade de vida e o bem-estar do indivíduo.

“A cirurgia é recomendada quando as dores se tornam insuportáveis e surgem complicações decorrentes da doença. Em quase todos os casos, a recuperação requer a supervisão de um fisioterapeuta”, comenta Raquel, que é diretora clínica do Instituto Trata, unidade de Guarulhos.

Médico tira dúvidas sobre ‘ a cirurgia mais gratificante da medicina’

O ortopedista Lafayette Lage, médico pioneiro em artroscopia do quadril e especialista em cirurgia de Resurfacing (recobrimento da cabeça do fêmur), esclarece algumas dúvidas sobre este procedimento considerado a cirurgia mais gratificante da medicina.

Quais são as causas de dor no quadril?

quadril é composto pelo encaixe da cabeça do fêmur com o acetábulo na bacia como uma bola dentro de uma meia bola, respectivamente. Esse encaixe tem de ser perfeito. Qualquer imperfeição pode levar ao desgaste anormal de uma das partes e iniciar o processo de dor. Assim, um problema de mau encaixe na infância (displasia) se não tratado pode levar à dor na vida adulta quando a cartilagem se desgasta.

Uma infecção pode destruir a cartilagem que é uma substância branca não inervada, a qual não dói funcionando como isolante do contato do osso da bola (fêmur) com a meia bola (acetábulo). Traumas, artrites, alterações anatômicas (impacto fêmoro-acetabular) podem alterar a perfeição do encaixe e causar dor. O uso abusivo de bebidas alcoólicas e, também, de corticóides podem levar ao infarto da cabeça do fêmur (necrose asséptica) a qual tem aumentado muito na população jovem. E como tudo em medicina, a hereditariedade impera, sendo importante saber se os familiares que já tiveram problema no quadril.

Quando devemos suspeitar que temos um problema de quadril?

A dor é geralmente a maneira da mãe natureza dizer que algo está errado. Ela pode na virilha, região glútea, lateral do quadril,região de adutores (muito confundida nos atletas com dor de distensão dos adutores) ou somente na região lombar, sendo muito comum pacientes serem submetidos à cirurgia de coluna ou até hérnia inguinal quando na realidade o problema é no quadril. A dor é geralmente a maneira da mãe natureza dizer, “há um problema nesta área”.

Há algum problema tomar remédio para dor sem procurar o médico?

É inaceitável o uso constante de analgésicos e/ou de anti-inflamatórios os quais viciam como toda droga, além de serem tóxicos para os rins e outros órgãos. A orientação é não se medicar e procurar o médico. Fundamental é sempre fortalecer a musculatura e a natação com nadadeiras é o melhor exercício. O uso de uma muleta canadense no lado oposto ao da dor ajuda muito no caminhar

Quanto tempo dura uma prótese de quadril?

Toda prótese é temporária, porém, se for bem colocada, vai proporcionar décadas de vida feliz sem dor. Os materiais utilizados nas próteses possuem durabilidade muito alta, porém a durabilidade está diretamente relacionada à expertise do cirurgião ao implantar a prótese e ao posicionamento dos dois componentes principais, o femoral e o acetabular. Podemos hoje afirmar que uma prótese de boa qualidade, bem colocada e implantada em osso com condições ideais pode tranquilamente durar mais que 30 anos.

Até os ortopedistas dizem que se deve esperar o máximo de tempo para implantar uma prótese. Por quê?

O conceito que se deve esperar o máximo possível para ser submetido a uma prótese de quadril deve ser abolido. Quanto mais se adia piora a qualidade do osso que irá “receber a prótese”, a qualidade de vida, a vida social e familiar. Postergar danifica outras articulações como coluna e quadril. Existe a prótese de Resurface com grande preservação de osso a qual permite o retorno a uma vida normal sem limitações com durabilidade comprovada de 97% em após 18 anos ( isso significa que 97% dos pacientes ainda estarão com suas próteses perfeitas após 18 anos então, por quê adiar ? Quanto mais jovem, menores os riscos de complicações intra e pós operatórias).

Atualmente é possível, também, implantar prótese de quadril convencional sem cortar nenhum músculo através de instrumental especial para entrar entre os músculos. Isso permite o retorno ao trabalho em dez dias com o uso de muleta no lado oposto ao operado, sendo possível inclusive dirigir um automóvel. Importante ressaltar que toda vez que for ao médico o paciente deve exigir que seja examinado, é mais importante do que a análise dos exames.

Com Assessorias

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