Em 2016, a gripe A H1N1 causou a morte de 2.220 pessoas em todo o país, em um total de 12.174 casos de influenza. Estados como São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Brasília já registraram óbitos em 2017 por conta da gripe. Apesar disso, a campanha nacional do Ministério da Saúde, a menos de 20 dias de terminar, ainda está longe de alcançar a meta.
Em todo o país, apenas 13,5 milhões de pessoas foram vacinadas, o que representa 27,5% do público-alvo, formado por 54,2 milhões de pessoas. A meta, neste ano, é vacinar 90% desse público até o dia 26 de maio, quando termina a campanha. O Ministério da Saúde adquiriu 60 milhões de doses da vacina, garantindo estoque suficiente para a vacinação em todo o país.
No Rio, oito a cada dez pessoas que fazem parte dos grupos prioritários para receber a vacina não procuraram os postos de saúde. Apenas 830,2 mil procuraram os postos de saúde no estado até o dia 8 de maio. O número representa 18,8% do público-alvo, formado por 3,6 milhões de pessoas consideradas mais vulneráveis para complicações da gripe. A estimativa é vacinar 4.4.556 pessoas até o final da campanha. No município do Rio, 397.156 pessoas foram imunizadas, apenas 22% da população alvo foram imunizadas, quando a meta é alcançar 90%. Em Macaé, a campanha de vacinação já imunizou, até o momento, cerca de 20 mil pessoas.
Uma oportunidade para colocar a vacinação em dia é o Dia D de mobilização nacional para vacinação que ocorrerá no sábado, dia 13 de maio. A recomendação do Ministério da Saúde é que todos os postos de saúde do país estejam abertos, das 8h às 17h, para a campanha. No Rio, a vacina está disponível nas unidades de Atenção Primária (clínicas da família e centros municipais de saúde), de segunda a sexta-feira, das 8 às 17 horas. A campanha vai até o dia 26 de maio, mas é importante que os usuários não deixem para ir às unidades nos últimos dias, quando normalmente as filas e o tempo de espera são maiores.
A coordenadora Nacional do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, Carla Domingues, alerta sobre a importância do público-alvo se imunizar dentro do prazo de vacinação para evitar a gripe e seus possíveis agravamentos. “É de fundamental importância que a população-alvo busque, o quanto antes, os postos de vacinação para garantir a proteção contra a influenza, principalmente neste período, que antecede o inverno”, destacou.
“É importante que os grupos prioritários compreendam a necessidade de se proteger. A vacina leva aproximadamente 15 dias para garantir a imunização completa e é preciso se antecipar à chegada do frio”, ressaltou o secretário de Estado de Saúde, Luiz Antônio Teixeira Jr.
Público-alvo
A vacina contra a gripe é destinada a idosos a partir de 60 anos, crianças de seis meses a 4 anos, trabalhadores de saúde, gestantes e mulheres até 45 dias após o parto, que são os grupos mais vulneráveis aos quadros graves e complicações da doença, além de trabalhadores da saúde e indígenas. Além dos seis grupos prioritários, também fazem parte do público alvo os professores das redes pública e privada, trabalhadores do sistema prisional, adolescentes privados de liberdade e pessoas portadoras de doenças crônicas não transmissíveis, que deverão apresentar prescrição médica antes de se vacinarem.
Os dois grupos com menor quantidade de pessoas que já se vacinaram no Rio são o das gestantes (13,94%) e das crianças maiores de seis meses e menores de cinco ano de idade (apenas 7,89%). Os indígenas registraram a maior cobertura vacinal, com 210 doses aplicadas, o que representa 32,3% deste público, seguido pelos idosos (24,5%) e puérperas (24%). Entre as regiões do país, o Sul presentou o melhor desempenho em relação à cobertura vacinal contra a influenza, com 48,5%, seguida pelas regiões Sudeste (28,3%); Centro-Oeste (23,2%); Nordeste (19,5%) e Norte (16%).
A vacina protege contra os três subtipos do vírus da gripe que mais circularam no último ano no Hemisfério Sul, de acordo com determinação da Organização Mundial da Saúde. Como existem diversos vírus da gripe e eles podem sofrer alterações, é importante que as pessoas se vacinem a cada ano. As pessoas que estejam com febre devem esperar melhorar seu quadro de saúde antes de receberem a vacina, mas o imunizante é contraindicado para quem tem alergia a ovo. Segundo o Ministério da Saúde, a vacina contra a gripe pode ser aplicada junto com outras vacinas e medicamentos.
A imunização pela vacina é importante tanto para própria pessoa – ao reduzir a possibilidade de agravamento da doença, com internações e óbito – quanto para seus familiares. “É preciso lembrar que a gripe, na grande maioria dos casos, não apresenta complicações, mas entre os grupos prioritários, pode evoluir para formas mais graves. A prevenção é fundamental. A vacina é segura e eficaz, protege contra os principais tipos de vírus da gripe, inclusive, H1N1. Nunca se observou casos de reações graves relacionadas a essa vacina e os benefícios são incontestáveis”, destacou o subsecretário de Vigilância em Saúde, Alexandre Chieppe.
A vacina é contraindicada para pessoas com história de reação anafilática prévia em doses anteriores bem como a qualquer componente da vacina ou alergia comprovada grave relacionada a ovo de galinha e seus derivados. Em doenças agudas febris moderadas ou graves recomenda-se adiar a vacinação até a resolução do quadro com o intuito de não se atribuir à vacina as manifestações da doença.
A imunização pelo Sistema Único de Saúde (SUS) é garantida gratuitamente para o público-alvo. Já aqueles que estão fora desse grupo podem ter acesso à dose na rede particular de laboratórios que já iniciaram a campanha, como o laboratório Lâmina Medicina Diagnóstica, que se antecipou preventivamente por conta do surto da gripe A de 2016.
A vacina disponível nas unidades do laboratório é a quadrivalente, que protege tanto da influenza H1N1 como do H3N2, além de oferecer também imunidade contra a influenza tipo B. O imunizante está de acordo com as cepas recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para a temporada de gripe em 2017. Todos os anos, a vacina sofre alterações para proteger dos tipos virais que terão maior possibilidade de circular durante a temporada de gripe.
“A OMS se baseia em estudos mundiais para definir a composição das vacinas para os hemisférios norte e sul, que podem ou não ser iguais. Por isso é comum que, a cada ano, ela seja alterada”, afirma Jessé Alves, infectologista integrante do corpo clínico do Lâmina. Ele diz que todos podem tomar a vacina quadrivalente, exceto crianças menores de três anos. Já as gestantes podem ser imunizadas a partir do primeiro trimestre de gestação, desde que tenham prescrição médica.
A dose quadrivalente só possui contraindicação para crianças menores de 3 anos porque não há estudos suficientes para esse grupo. Nesse caso, crianças maiores de 6 meses podem recorrer à vacina trivalente, disponível na rede pública, ou vacina quadrivalente, liberada para essa faixa etária. Também há contraindicação para as pessoas que já sofreram hipersensibilidade por conta da vacina ou que têm alergia à proteína do ovo.
As crianças menores de 9 anos que já tomaram duas doses da vacina devem tomar mais uma. Já aquelas que nunca foram imunizadas contra a gripe devem tomar duas doses. Para os pacientes maiores de 9 anos, basta uma vacina anual para se proteger. “Muita gente acredita que a dose deve ser tomada apenas pelos grupos de risco – crianças, idosos e gestantes –, mas isso é um equívoco. Afinal, a gripe pode atingir de forma severa indivíduos jovens e saudáveis. Além do mais, as aglomerações das grandes cidades facilitam ainda mais o contágio. Um só espirro dentro de uma sala fechada de escritório ou do vagão do metrô pode contaminar várias pessoas”, afirma o especialista.
Moradores da Barra da Tijuca, Copacabana, Tijuca e Botafogo terão mais facilidade de se vacinar contra a gripe. Desde o dia 2 de maio, quatro lojas das Drogarias Venâncio nesses bairros estão recebendo a campanha de vacinação realizada pela Clínica Vacsim, que vai disponibilizar e aplicar a dose por R$ 140. A vacina é tetravalente e protege contra quatro tipos de vírus, dois do Influenza tipo A e dois do tipo B. O público-alvo é bem abrangente, com exceção de crianças com menos de três anos de idade. A campanha ocorre de segunda a sexta-feira, das 9 às 18h, e aos sábados, das 9h às 13h.
Vacinação nas escolas
O Ministério da Saúde está incentivando os estados e municípios a vacinarem os professores contra a gripe no ambiente escolar. A ideia é que os educadores sirvam de exemplo para os alunos e reforcem a importância da vacinação como medida de prevenção de doenças. Este é o primeiro ano que os professores, tanto da rede pública como privada, passam a fazer parte do público-alvo da Campanha Nacional de Vacinação Contra a Influenza. Cerca de 2,3 milhões de profissionais da educação poderão se vacinar contra a gripe.
A medida reforça a importância do profissional de educação na estratégia de imunização, já que os professores têm contato diário com dezenas de pessoas e assumem papel de destaque ao proteger sua própria saúde, servindo de exemplo para seus alunos e a comunidade escolar. O município que aderir a essa mobilização poderá garantir ainda mais altas coberturas vacinais na sua cidade, evitando doenças e possibilitando uma vida mais saudável para a população.
Os portadores de doenças crônicas não transmissíveis, que inclui pessoas com deficiências específicas devem apresentar prescrição médica no ato da vacinação. Pacientes cadastrados em programas de controle das doenças crônicas do Sistema Único de Saúde (SUS) deverão se dirigir aos postos em que estão registrados para receber a vacina, sem a necessidade de prescrição médica. A escolha dos grupos prioritários segue recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS). Essa definição também é respaldada por estudos epidemiológicos e pela observação do comportamento das infecções respiratórias, que têm como principal agente os vírus da gripe. São priorizados os grupos mais suscetíveis ao agravamento de doenças respiratórias.
Prevenção e sintomas
A influenza é uma doença respiratória infecciosa de origem viral, que pode levar ao agravamento e ao óbito, especialmente nos indivíduos que apresentam fatores ou condições de risco para as complicações da infecção. A vacinação contra influenza mostra-se como uma das medidas mais efetivas para a prevenção. A síndrome gripal, que se caracteriza pelo aparecimento súbito de febre, cefaleia, dores musculares (mialgia), tosse, dor de garganta e fadiga, é a manifestação mais comum. Nos casos mais graves, geralmente, existe dificuldade respiratória e há necessidade de hospitalização. Nesta situação, denominada Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), é obrigatória a notificação às autoridades de saúde.
O período de incubação do vírus influenza varia entre um e quatro dias. Os sinais e sintomas da doença são muito variáveis, podendo ocorrer desde a infecção assintomática, até formas graves. A complicação da influenza que leva à hospitalização e à morte é a pneumonia, causada pelo próprio vírus ou por infecção bacteriana.
A transmissão dos vírus influenza acontece por meio do contato com secreções das vias respiratórias, eliminadas pela pessoa contaminada ao falar, tossir ou espirrar. Também ocorre por meio das mãos e objetos contaminados, quando entram em contato com mucosas (boca, olhos, nariz). Cuidados simples podem evitar a contaminação, como: lavar as mãos várias vezes ao dia; cobrir o nariz e a boca ao tossir e espirrar; evitar tocar o rosto; não compartilhar objetos de uso pessoal; além de evitar locais com aglomeração de pessoas. Os sintomas da gripe são: febre, tosse ou dor na garganta, além de dor de cabeça, dor muscular e nas articulações. Já o agravamento pode ser identificado por falta de ar, febre por mais de três dias, piora de sintomas gastrointestinais, dor muscular intensa e prostração (cansaço extremo).
É importante lembrar que, mesmo pessoas vacinadas, ao apresentarem os sintomas da gripe – especialmente se são integrantes de grupos mais vulneráveis às complicações – devem procurar, imediatamente, o médico. Os sintomas da gripe são febre, tosse ou dor na garganta, além de outros, como dor de cabeça, dor muscular e nas articulações. Já o agravamento pode ser identificado por falta de ar, febre por mais de três dias, piora de sintomas gastrointestinais, dor muscular intensa e prostração.
Grupos prioritários para a vacinação
– Crianças de seis meses a menores de cinco anos: todas as crianças que receberam uma ou duas doses da vacinainfluenza sazonal em 2016 devem receber apenas uma dose em 2017;
– Também deve ser considerado o esquema de duas doses para as crianças de seis meses a menores de nove anos que serão vacinadas pela primeira vez, devendo-se agendar a segunda dose para 30 dias após a primeira dose;
– Gestantes: todas as gestantes em qualquer idade gestacional;
– Puérperas: todas as mulheres no período até 45 dias após o parto estão incluídas no grupo alvo de vacinação;
– Trabalhador de Saúde: todos os trabalhadores de saúde dos serviços públicos e privados, nos diferentes níveis de complexidade;
– Indivíduos com 60 anos ou mais de idade deverão receber a vacina influenza;
– Adolescentes e jovens de 12 a 21 anos sob medidas socioeducativas deverão receber a vacina influenza;
– População privada de liberdade e funcionários do sistema prisional;
– Pessoas portadoras de doenças crônicas não transmissíveis e outras condições clínicas especiais independente da idade. É necessário levar prescrição médica;
– Professores da rede pública e particular.
Fonte: Ministério da Saúde, Secretaria Estadual de Saúde (SES-RJ), Secretaria Municipal de Saúde (SMS-RJ), Prefeitura de Macaé, Lamina e Drogarias Venâncio