Embora apenas 5% a 10% dos casos o câncer de mama tenha origem em uma mutação genética hereditária, é importante que essa população esteja alerta. De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO), o câncer de mama hereditário consiste em mutações em um ou mais genes presentes em células germinativas (óvulos e espermatozoides) e que podem ser transmitidas para a próxima geração.

A mutação mais conhecida é a no gene BRCA, como foi o caso, mundialmente conhecido, da atriz Angelina Jolie, hoje aos 48 anos. Por conta da mutação hereditária, ela tinha uma maior predisposição para desenvolver câncer de mama (apresentava a síndrome de câncer de mama e ovário hereditário). Por isso, optou pela remoção preventiva das mamas (mastectomia profilática), em 2013, despertando a atenção do mundo para este risco.

No mês dedicado à conscientização sobre o câncer de mama, a campanha Outubro Rosa ganha um reforço importante no Rio de Janeiro, com a recente aprovação de uma lei que inclui no calendário oficial da cidade uma campanha específica sobre o câncer de mama hereditário.

A Sociedade Brasileira de Mastologia – Regional Rio (SBM-Rio) ressalta que 10% dos cânceres de mama têm origem hereditária,  o que reforça a necessidade de ampliar a conscientização sobre os fatores genéticos durante este mês de reflexão.

Ao identificar uma mulher com risco hereditário para o câncer de mama, é possível propor medidas preventivas e redutoras de risco, como iniciar o rastreio em idade mais jovem ou optar pela retirada das mamas (mastectomia profilática ou preventiva), que pode reduzir em até 90% o risco de desenvolver a doença”, explica a presidente da SBM Rio, Maria Júlia Calas.

Conscientização sobre Neste Outubro Rosa, a SBM Rio reforça a importância de conhecer as principais características que podem indicar um câncer de mama hereditário, como histórico familiar de câncer em mulheres jovens, câncer em ambas as mamas, e a ocorrência de câncer em múltiplos familiares, incluindo homens. Esses fatores são sinais de alerta que não podem ser ignorados e devem ser acompanhados com atenção por médicos especialistas.

A campanha deste ano, além de promover a conscientização geral sobre a prevenção do câncer de mama, faz um chamado especial para que mulheres estejam atentas ao histórico familiar e busquem orientação médica quando necessário.  Entender quais as características sinalizam para essa hereditariedade é fundamental para o diagnóstico precoce e o aumento nas chances de cura.

Ao identificar uma mulher com risco hereditário para o câncer de mama é possível propor medidas preventivas e redutoras de risco, como iniciar o rastreio em idade mais jovem ou mesmo optar pela, que, em alguns casos, pode reduzir em até 90% o risco de desenvolver a doença”, esclarece a Dra. Maria Júlia.

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Genético, mas nem sempre hereditário

De acordo com a SBCO, todo câncer é genético, ou seja, ocorre em decorrência de alterações no DNA, mas em uma minoria dos casos essa alteração genética foi herdada ao nascer. Em cerca de 80% dos casos, o câncer de mama ocorre em decorrência de mutações esporádicas, que têm múltiplas causas associadas (hormonais e comportamentais, associadas ao estilo de vida):

  • Primeira menstruação antes dos 12 anos,
  • primeira gravidez depois dos 30 anos,
  • não ter filhos,
  • não amamentar,
  • menopausa após os 55 anos,
  • reposição hormonal na pós-menopausa (por mais de 5 anos);
  • obesidade,
  • sedentarismo,
  • consumo excessivo de álcool,
  • tabagismo ativo e passivo e
  • exposição frequente a radiações (tomografia, radiografia).

Quando suspeitar de um câncer de mama hereditário?

Principais características que levam a suspeitar de câncer de mama de origem hereditária, de acordo com a SBCO e a SBM-Rio são:

  • História pessoal ou familiar de câncer de mama (sobretudo antes dos 50 anos)
  • Vários casos de câncer de mama na família (ex.: avó, mãe, filha etc.);
  • Múltiplos familiares detectados com câncer (de qualquer tipo);
  • Câncer de mama masculino na família;
  • Histórico de câncer de ovário na família;
  • Câncer de mama aos 50 anos ou menos;
  • Pessoa acometida por dois ou mais cânceres de mama;
  • Câncer nas duas mamas;
  • Mulher diagnosticada com câncer de mama e outros cânceres.

Caso da atriz Angelina Jolie

Em maio de 2023, Angeline Jolie fez um raro desabafo sobre a morte da mãe, a também atriz Marcheline Bertrand, que faleceu em janeiro de 2007. Em uma publicação no Instagram, a estrela de 48 anos apontou que estava quase com a mesma idade da mãe quando descobriu que tinha câncer.

A identificação de síndromes hereditárias, como ocorreu no caso de Angelina Jolie, frequentemente levanta a necessidade de considerar cirurgias redutoras de risco como parte de uma estratégia preventiva. Essas intervenções podem ser fundamentais para pacientes com um alto risco genético de desenvolver câncer de mama, como ocorre na presença de mutações nos genes BRCA1 e BRCA2.

A recomendação é fazer cirurgias redutoras de risco, como a mastectomia profilática (preventiva) e a remoção das trompas e ovários, preferencialmente entre 30 e 35 anos para BRCA1 e entre 35 e 40 anos para BRCA2.

Mais sobre a nova lei

Sancionada em março, mês mundial da mulher, a nova lei sobre câncer de mama hereditário é de autoria da vereadora Tânia Bastos, com coautoria do vereador Dr. Marcos Paulo, e conta com a chancela da Sociedade Brasileira de Mastologia do Rio de Janeiro (SBM Rio). O oncogeneticista Yuri Moraes contribuiu para a formulação dessa legislação tão necessária.

Segundo a vereadora Tânia Bastos, que também é vice-presidente da Câmara, a Lei é mais um passo na sua luta pelas causas femininas e o comprometimento pela saúde preventiva da mulher, sobretudo, num tema tão sensível que é o câncer de mama.

Precisamos levar informação para a população. Conscientização também é forma de prevenção. Nesse caso, compreender os fatores genéticos pode fazer a diferença. Perdemos anualmente mais de 13 mil mulheres para essa doença”, afirma.

Câncer de mama e Outubro Rosa

Com 2,3 milhões de novos casos de câncer de mama diagnosticados anualmente no mundo, a conscientização é crucial para salvar vidas. No Brasil, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), são estimados 73.610 novos casos por ano entre 2023 e 2025, já sendo considerado um problema de saúde pública a ser monitorado pelas autoridades com muita atenção.

A detecção precoce pode aumentar consideravelmente as chances de cura. Nesse contexto, o Outubro Rosa é um mês essencial para promover campanhas educativas e divulgar informações que podem transformar o cenário da saúde pública no país. “Essa iniciativa está em total sintonia com os esforços do Outubro Rosa, que busca alertar sobre a importância do diagnóstico precoce e da prevenção”, diz a médica.

Agenda Positiva

5ª Corrida e Caminhada da SBM – RJ celebra o Outubro Rosa

No dia 13 de outubro de 2024, a Sociedade Brasileira de Mastologia – RJ realizará a 5ª Corrida e Caminhada de Prevenção ao Câncer de Mama, no Parque das Figueiras, Lagoa Rodrigo de Freitas. O evento, parte das ações do Outubro Rosa, reunirá 1.500 participantes para promover a conscientização sobre a importância da prevenção, diagnóstico precoce e hábitos saudáveis. Participe e apoie a luta contra o câncer de mama! Inscrições abertas no site.

Com Assessorias

 

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