Preocupada com a onda de fake news sobre supostos ataques em escolas, após os recentes episódios registrados em Blumenau (SC), São Paulo e Rio de Janeiro, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) lançou, nesta sexta-feira (14), uma nota de alerta destinada a pediatras, pais, educadores e responsáveis a respeito da recente propagação de mensagens e vídeos com discurso de ódio, relacionados ao ambiente escolar, que vêm provocando insegurança nas famílias e na população.
“Esse conteúdo, disseminado por meio das redes sociais e grupos de WhatsApp, vem à tona justamente num momento em que o Brasil enfrenta diferentes episódios de violência dentro das escolas. Sendo assim, para enfraquecer o mercado de fake news e de desinformação que visa sobretudo causar pânico generalizado, a SBP recomenda aos pais e responsáveis que evitem o compartilhamento de mensagens oriundas de fontes duvidosas, cujo conteúdo não foi devidamente verificado”, alerta a entidade.
Disque 100 agora recebe denúncias de ameaças a escolas
O serviço Disque 100 passará a receber denúncias de ameaças de ataques a escolas. As denúncias podem ser feitas por WhatsApp, pelo número (61) 99611-0100. De acordo com o Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, podem ser enviadas mensagens de texto, áudios, fotos, arquivos multimídia, links ou URLs. O denunciante não precisa se identificar, fica sob anonimato.
É importante que o denunciante informe o local alvo da ameaça (escola, creche, universidade) e os dados de suspeitos, se possível. Se a ameaça é feita em ambiente virtual, é recomendado informar rede social, site, endereço eletrônico, nome do usuário, URL do perfil em caso do Twitter, Instagram, Facebook e demais redes. As informações, conforme o ministério, serão encaminhadas para a polícia, Conselho Tutelar ou Polícia Federal.
O Disque 100 recebe e encaminha denúncias de possíveis ataques a creches, escolas e demais instituições de ensino e faz o encaminhamento em caráter de urgência às forças de segurança. A central está preparada para receber a denúncia em formulário próprio e encaminhá-la às autoridades policiais e ao Conselho Tutelar da região, bem como, nos casos em que sejam fornecidos dados de crimes cibernéticos, encaminhá-los à Polícia Federal.
A pessoa denunciante não precisa se identificar, a denúncia é anônima. Mas é importante que o denunciante informe dados como o local da ameaça e os dados do suspeito, se possível. Em caso de ambientes virtuais, informar os meios utilizados para a ameaça nas redes sociais, como site, rede social, endereço eletrônico; e o nome do usuário e URL do perfil em caso do Twitter, Instagram, Facebook, redes sociais em geral.
O Ministério da Justiça e Segurança Pública também dispõe de um canal para receber denúncias de violência escolar. Denúncias sobre ameaças de ataques podem ser feitas ao canal Escola Segura. As informações enviadas ao canal serão mantidas sob sigilo e não há identificação do denunciante.
Acesse o site para fazer uma denúncia.
Em caso de emergência, a orientação é ligar para o 190 ou para a delegacia de polícia mais próxima.
Pais devem ampliar diálogo e monitorar redes sociais dos filhos
Com o aumento de denúncias sobre supostas ameaças de ataques em escolas, o delegado Carlos Afonso Gonçalves da Silva, responsável pela Divisão de Crimes Cibernéticos da Polícia Civil, orienta os pais a ampliarem o diálogo e o controle sobre o conteúdo que os filhos veem nas redes sociais, seja pelo computador ou pelo celular.
Com 36 anos de experiência no cargo, o delegado comanda o trabalho de inteligência nas redes sociais e afirma que a Polícia acompanha atentamente cada denúncia que surge. Segundo Carlos Afonso, há um crescimento de informações sobre supostos ataques em aplicativos de mensagens, mas é importante que os pais chequem a fonte das informações e não compartilhem desinformação e notícias antigas que geram clima de alarmismo nas famílias.
“O primeiro ponto é a aproximação dos pais com os filhos por meio do diálogo. E, como medida preventiva para garantir a segurança das crianças e jovens, eles precisam saber o conteúdo que os filhos veem no computador e celular. É possível fazer este controle inclusive de forma remota por aplicativos”, esclarece o delegado, que ainda complementa:
“O momento exige serenidade e atenção redobrada. Há muitas notícias que circulam com fotos que são montagens ou que são de outros casos de atentados e que não correspondem à realidade. É preciso checar a fonte das informações antes de compartilhar”.
Nova opção ‘Segurança Escolar’ no app ‘190 SP’
A Polícia Militar atualizou o aplicativo “190 SP” para o registro de ocorrências com a opção “Segurança Escolar”, que dá atendimento prioritário nos chamados de emergência! A nova funcionalidade pode ser acionada de qualquer cidade do Estado e o seu chamado vai ser imediatamente direcionado às equipes mais próximas do local, sem precisar passar pela etapa do atendimento telefônico por meio do 190.
Integração entre Segurança e Educação
Na quinta-feira (13), o governador Tarcísio de Freitas anunciou, em visita à Escola Estadual Thomazia Montoro, na Capital, investimentos de R$ 240 milhões para ampliar a segurança e o acolhimento nas escolas. Serão contratados 550 psicólogos, que passarão a atuar na rede estadual de ensino por meio do programa Psicólogos na Educação.
Nota de Alerta da SBP contra os crimes cibernéticos
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) — preocupada com a saúde, a segurança e o bem-estar das crianças e adolescentes, bem como ciosa da importância que tem a Escola no desenvolvimento deste grupo etário — alerta os pediatras, pais, educadores e responsáveis sobre a divulgação de mensagens e vídeos nas redes sociais e grupos de WhatsApp com discurso de ódio, provocando insegurança nas famílias e na população.
Nesse momento em que o Brasil passou por recentes episódios de violência contra as escolas, a SBP recomenda aos pais e responsáveis para agirem evitando a viralização desses vídeos, caso os recebam em seus celulares ou pelas diferentes redes sociais. É importante ressaltar que o não compartilhamento desse material ajuda a enfraquecer o mercado de desinformação e de fake News, além de ajudar a cessar ataques desse perfil.
Sempre atenta a conteúdos desta natureza, a SBP sugere ainda que:
– Os pais e responsáveis ajudem a construir regras de convivência e paz nas creches, escolas e comunidades escolares, sempre participando das reuniões regulares com os educadores;
– Sejam estabelecidos canais de comunicação off-line virtuosos, democráticos e construtivos, visando a promoção de escolas mais seguras, com internet mais ética, saudável e educativa;
– Pais e educadores estejam sempre atentos para conhecer o universo digital que seu filho(a) acessa e interage, e ensinem a bloquear mensagens inapropriadas ou discriminatórias.
Por fim, a SBP reforça que está engajada e compartilhando das ações estratégicas com órgãos governamentais e instituições afins visando o enfrentamento à violência e aos crimes cibernéticos.
Rio de Janeiro (RJ), 14 de abril de 2023.
Com SBP, GovSP e Agência Brasil