O impacto social da dermatite atópica, doença inflamatória crônica que afeta cerca de 20% das crianças e até 3% dos adultos, pode se agravar durante o verão, quando as atividades de lazer incluem ir à praia ou à piscina expondo o corpo. Isso porque o calor, o suor, a umidade, o uso do ar condicionado, e até mesmo o cloro da piscina, podem estimular crises da doença.
A dermatite atópica tem forte influência hereditária e é causada por um desequilíbrio do sistema imunológico, provocando secura da pele, coceira extrema, lesões, rachaduras, inchaço e vermelhidão. Estes sintomas geram desconforto para os pacientes, ao ponto de tirá-los do convívio social nos casos moderados a graves.
“Por ser uma doença imunológica, a dermatite atópica não é contagiosa e, portanto, não existe recomendação para que as pessoas com a doença evitem contato com quem não tem o problema ou deixem de frequentar piscinas, por exemplo. É possível aproveitar o verão seguindo algumas orientações gerais”, explica a dermatologista Cristina Laczynski, mestre da Faculdade de Medicina do ABC.
Coordenadora de estágio em dermatologia da instituição e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), a especialista listou 7 dicas importantes para não deixar que a dermatite atópica atrapalhe o verão:
1. Sol faz bem, mas com moderação
A exposição diária ao sol de 15 a 30 minutos pode ser uma aliada da saúde, contribuindo para a absorção do cálcio pelo organismo e o fortalecimento do sistema imunológico. No entanto, em excesso, pode ser um fator de irritação da pele. Não existe uma contra indicação do uso de protetores solares para os pacientes com a doença. Porém, é recomendado que se use produtos para peles sensíveis. É imprescindível usar o protetor antes e depois de nadar, mesmo em dias de pouco sol. Já o repelente, se for usado, deve ser utilizado após o fotoprotetor.
2. Banhos de mar e de piscina
Apesar da água salgada ter um poder anti-inflamatório que pode ser benéfico para quem tem dermatite atópica, o banho de mar não é recomendado para quem apresenta a doença nas formas moderada a grave, principalmente se a pele apresenta fissuras ou infecções secundárias. Por conta do cloro, os banhos de piscina devem ser sempre seguidos de duchas e hidratação.
3. É importante manter sempre a hidratação
O ressecamento da pele causa microfissuras que facilitam o contato com os agentes que desencadeiam os sintomas da dermatite atópica. Por isso, é importante mantê-la sempre hidratada. Recomenda-se utilizar loção sem perfume, ao menos duas vezes ao dia, de preferência sobre a pele já úmida. No verão, utilize um hidratante mais leve, de absorção rápida.
4. Ar condicionado: melhor evitar
Ventiladores e ar condicionados precisam ser higienizados periodicamente para evitar a proliferação de fungos e bactérias que podem causar irritação na pele. No verão, o uso de umidificador pode ser uma solução para amenizar a falta de umidade no ambiente, principalmente quando se faz uso do ar condicionado, pois o aparelho torna o ar mais seco.
5. Prática de esportes com moderação pode ser benéfica
A prática de esportes e atividades ao ar livre, em períodos mais frescos do dia, é benéfica para a saúde mental e física das pessoas. Porém no verão, o aumento da transpiração pode levar a sensação de coceira, agravando os sintomas da dermatite atópica. Com isso, é preciso avaliar cada caso, se exercitar com moderação e utilizar protetor solar específico, com poder de penetração e durabilidade maiores.
6. Usar roupas leves
É recomendado usar roupas leves, arejadas, de tecidos naturais como algodão, que ajudam na transpiração, além de evitar tecidos sintéticos. Para a praia ou piscina, outra sugestão é usar roupas com proteção solar. Não é recomendado que a criança ou o adulto fique com a roupa úmida sobre o corpo.
7. Cuidar do aspecto emocional e da autoestima
O estado emocional dos pacientes é afetado pelo constrangimento e estigma causados pelas lesões na pele, sintomas típicos da dermatite atópica, que, no verão, ficam mais evidentes devido ao uso de roupas mais leves. Estudo mostra que 51% dos pacientes com a patologia em sua forma moderada ou grave apresentam sinais de ansiedade e depressão2. É importante que o paciente esteja sempre próximo de amigos e familiares que não deixam o preconceito e o isolamento tomar conta do cotidiano, bem como manter um acompanhamento médico e psicológico, se for o caso, em dia.
Tratamento contínuo para melhor qualidade de vida
A dermatite atópica não tem cura, mas pode ser controlada. Mesmo quando não há lesões, a pele do paciente com dermatite atópica apresenta uma inflamação persistente, tanto nas suas camadas superficiais quanto nas mais profundas, tornando a hidratação constante fundamental.
Para os que foram diagnosticados com dermatite atópica moderada a grave e cuja doença não é adequadamente controlada com as terapias atuais ou para pacientes que não toleram o tratamento com corticoides devido aos efeitos adversos, a Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária aprovou uma nova opção de tratamento chamada dupilumabe.
O medicamento, também aprovado pela Food and Drug Administration (FDA) dos EUA e a European Medicine Agency da Europa, é o primeiro agente biológico desenvolvido especificamente para o tratamento da dermatite atópica. Dupilumabe promete inibir a resposta inflamatória exagerada do organismo aos estímulos externos e reduz a coceira e as lesões na pele causadas pela doença já no primeiro mês de tratamento.
Da Redação, com assessorias