Uma das grandes preocupações entre pais e mães é saber como está sendo a rotina do filho longe deles e como eles estão sendo tratados na escola. De acordo com uma pesquisa do Datafolha, realizada em 2024, 76% dos pais e mães brasileiros temem que seus filhos sejam vítimas de bullying na escola. Desse total, 50% afirmam ter muito medo, enquanto 26% relatam ter um certo receio.
Por lei, praticar bullying é “intimidar sistematicamente, individualmente ou em grupo, mediante violência física ou psicológica, uma ou mais pessoas, de modo intencional e repetitivo”. Essa intimidação pode ocorrer de diversas formas e deixar marcas emocionais e físicas naqueles que a sofrem, prejudicando a experiência escolar e até mesmo o desenvolvimento social.
Segundo a Abrace – Programas Preventivos, instituição fundadora do Programa Escola Sem Bullying, que há 12 anos prepara instituições com recursos para combater a violência escolar, há alguns sinais que os tutores podem se atentar em casa para saber se o filho está sofrendo violência escolar, como uniformes manchados e rasgados, mudanças de humor e isolamento social. Sumiço de materiais, queda no rendimento e resistência para ir às aulas também podem indicar problemas.
O bullying é um comportamento nocivo, que ocorre geralmente de forma sutil e velada. Para preveni-lo é necessário dar a devida visibilidade ao assunto, abordando o tema de maneira clara e consistente. Vítimas de bullying costumam apresentar mudanças comportamentais perceptíveis tanto para pais quanto para educadores. As consequências vão desde a queda no rendimento escolar, transtornos alimentares, depressão, pensamentos suicidas, dentre outro”, declara Benjamim Horta, diretor-geral da Abrace – Programas Preventivos e fundador do Programa Escola Sem Bullying.
Para os tutores, que não convivem com as crianças durante as aulas, adotar um tom de diálogo calmo e compreensivo é essencial para ganhar a confiança delas. “Seja acolhedor e mantenha a calma, procurando ouvir os fatos sem julgamento, prestando atenção nos detalhes de cada informação fornecida”, ressalta.
5 sinais de bullying para se atentar
No entanto, existem comportamentos e situações que podem ser indícios de que a criança está passando por algum sofrimento na escola. O especialista indica 5 sinais de bullying para se atentar:
Isolamento e mudanças de humor: Crianças que sofrem bullying tendem a se afastar do convívio social, evitar conversas sobre o ambiente escolar e apresentar alterações no humor, como tristeza repentina, irritabilidade ou crises de choro sem motivo aparente.
Resistência para ir à escola: Se a criança demonstra medo, inventa desculpas para não frequentar as aulas ou apresenta queixas físicas recorrentes, como dores de cabeça ou de estômago sem causa aparente, isso pode ser um sinal de que algo está acontecendo no ambiente escolar.
Material danificado ou incompleto: Perceber que a criança está constantemente com objetos escolares quebrados, desaparecidos ou danificados pode indicar que ela está sendo alvo de agressões ou intimidações.
Uniformes manchados ou rasgados: Se a roupa escolar apresenta sujeira incomum, manchas ou até mesmo rasgos frequentes sem explicação clara, isso pode ser um indicativo de agressões físicas ou brincadeiras violentas.
Hematomas e machucados: Marcas no corpo, como roxos, arranhões ou cortes, sem que a criança consiga justificar de maneira convincente, podem ser um alerta importante de que ela está sofrendo agressões na escola.
Leia mais
‘Adolescência’: série expõe perigos do bullying, que cresce no Brasil
Bullying, se não tratado, pode virar transtorno mental
Bullying: como identificar se um estudante está sofrendo?
Como conversar com seu filho sobre o bullying na escola? Saiba como ajudar
Os sinais de violência escolar podem ser silenciosos e dialogar é essencial para evitar o sofrimento
Identificar esses sinais e abrir espaço para um diálogo honesto e seguro é fundamental para que a criança se sinta confortável para compartilhar suas experiências e buscar ajuda. Caso os indícios persistam, é essencial envolver a escola e, se necessário, buscar apoio profissional para lidar com a situação da melhor forma.
Uma medida preventiva eficaz é se manter informado a respeito da vida escolar de seu filho, sem se limitar ao rendimento escolar, mas conhecendo os aspectos sociais que envolvem sua rotina”, afirma Benjamim Horta. E a melhor maneira de estar a par dos acontecimentos da vida das crianças é tendo um canal aberto de diálogo com elas.
No entanto, nem sempre os adultos sabem qual é a melhor forma de se aproximar, iniciar essas conversas e agir para prevenir ou impedir que o bullying aconteça. Por isso, Vanish e Abrace se uniram para a criar o Guia de Prevenção Escola Sem Bullying, com um passo a passo de como ajudar os pequenos em caso de violência:
- Antes de tudo, exerça uma escuta ativa, permitindo que a criança converse com liberdade e segurança a respeito da situação que tem vivenciado na escola. Evite interrompê-la ou duvidar do relato, deixando que ela se expresse sem constrangimentos.
- Tente colher informações detalhadas sobre o episódio que a criança sofreu. Local, data, horário e envolvidos podem ser dados importantes para lidar com o caso da melhor maneira.
- Acione a escola imediatamente para ajudar a solucionar o problema. Além da criança que está sofrendo bullying, aquela que pratica também pode estar passando por problemas e precisar de ajuda para reverter esses padrões de comportamento. O apoio dos educadores é indispensável nesses casos.
- Garanta que a criança esteja e se sinta segura na escola. Para isso, pergunte sobre os hábitos dele: quem são seus melhores amigos, onde costuma passar o intervalo, o que mais gosta e o que menos gosta de fazer por lá. Tudo isso vai ajudar a entender como ele se sente naquele ambiente.
- Mantenha a escola informada sobre o comportamento do seu filho. Tenha um canal de diálogo com os educadores que estão presentes no dia a dia dele e assegure que eles entendem as suas necessidades.
- Solicite que a instituição apresente as ações preventivas exigidas pela Lei 13.185/2015 (Lei de Combate à Intimidação Sistemática). Segundo a legislação, as escolas devem promover a conscientização, prevenção e combate ao bullying implementando planos de prevenção, políticas de combate e ações educativas sobre o tema.
- Converse frequentemente com a criança sobre a situação para garantir que o bullying realmente tenha parado, incentivando-a a buscar ajuda caso algo assim volte a acontecer no futuro.
Escolas recebem curso online “Fundamentos para uma Escola Sem Bullying”
A Abrace foi fundada para gerar impacto social com o objetivo de combater e prevenir a violência escolar, se dedicando a oferecer soluções para trabalhar o assunto a partir de pesquisas do cenário brasileiro e aplicando uma metodologia eficaz. O programa atende escolas e instituições de ensino de todo o país e já foi reconhecida pela Unesco como uma referência no tema.
Em parceria com Vanish, o programa traz diversas ações para fomentar o diálogo sobre o tema e disponibilizar recursos para o combate à violência física e emocional no ambiente escolar. Quatro escolas municipais em Curitiba serão escolhidas para a distribuição de produtos e serviços do Programa Escola Sem Bullying, criado pela Abrace.
Essas instituições terão acesso a livros paradidáticos exclusivos sobre a temática para crianças de 4 a 10 anos, planos de aulas para inserção do tópico em sala e o curso online “Fundamentos para uma Escola Sem Bullying”, que capacitará educadores, promovendo um alinhamento do conhecimento preventivo, instrumentalizando equipes a prevenir e combater o bullying de forma assertiva e eficaz.
Curta-metragem faz “alerta” sobre as manchas invisíveis do bullying
Segundo pesquisas, manchas no uniforme podem ser um dos sinais do bullying, somadas a outros sinais, como estojos e cadernos danificados, mudança de comportamento ou queda de desempenho nas notas da criança ou adolescente.
No Brasil, uma campanha lançada em fevereiro no Rio de Janeiro chama atenção justamente para isso. No centro da história está uma criança que enfrenta bullying na escola, mas guarda o sofrimento em silêncio.
A animação estreou em uma edição especial do Festival Maquinaria, com atividades lúdicas para as crianças e rodas de conversa para os pais, incentivando o diálogo sobre o tema entre adultos e crianças.
O isolamento transforma tristeza em insegurança, criando marcas emocionais invisíveis que só crescem com a ausência de diálogo. Quando a mãe percebe manchas no uniforme do filho, essas marcas se tornam o ponto de partida para uma conversa reveladora. À medida que as palavras encontram espaço, as manchas começam a sumir.
O diálogo é uma arma potente contra o bullying
O curta-metragem emocionante explora as profundas consequências do bullying e destaca a importância de conversas sinceras entre pais e filhos. O curta é exibido durante os trailers em cinemas e também está no streaming e digital.
Embora muitos ainda considerem o bullying como uma brincadeira ou um rito de passagem, diversas pesquisas apontam a gravidade desse comportamento que afeta estudantes em todo o mundo. Temos certeza que milhares de educadores, famílias, crianças e adolescentes terão uma melhor compreensão do problema, que afeta a tantos estudantes no Brasil, oportunizando lidar com o bullying de maneira eficaz, dando voz todos aqueles que precisam de ajuda”, declara Benjamim Horta.
Confira a campanha aqui
A campanha ainda conta com ações no out-of-home e também nas escolas, por meio da parceria da Abrace – Programas Preventivos com Vanish, marca de tira-manchas em roupas. Além disso, são disponibilizados livros paradidáticos, curso sobre prevenção ao bullying e planos de aula exclusivos para professores trabalharem a temática em escolas.
A colaboração também conta com um e-book que será disponibilizado para educadores, alunos e famílias para fomentar o diálogo sobre o assunto. e-book sobre os sinais do bullying e como pais, mães e educadores podem agir para abrir um canal de diálogo onde as crianças se sintam seguras e acolhidas. É possível acessar gratuitamente neste link.
Parcerias como essa auxiliam alunos, famílias e educadores a compreenderem melhor o fenômeno, ajudando todos a lidarem com esse problema tão urgente, levantando uma bandeira em favor daqueles que sofrem”, ressalta Benjamim Horta.
A verdadeira manche que pode impactar a vida de uma criança
A iniciativa se alinha à campanha #VanishSalvaSeuUniforme, que, há três anos no período de volta às aulas, se comunica com pais e mães, oferecendo uma solução prática e econômica para renovar e reutilizar uniformes escolares. Este ano, Vanish decidiu ampliar a conversa, trazendo o bullying para o debate como a verdadeira mancha que pode impactar a vida de uma criança.
Queremos unir impacto social e relevância prática em algo significativo e duradouro para o público. Vamos alertar sobre os sinais de bullying e incentivar uma postura mais atenta e aberta no diálogo com as crianças. As únicas manchas nos uniformes devem ser resultado de brincadeiras e diversão, nunca de violências e abusos que geram marcas emocionais”, diz Ana Paula Tintim, da Vanish.
Com informações de Vanish