Não à toa a campanha mundial “16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher” ganha mais cinco dias no Brasil. A data escolhida para seu início, Dia da Consciência Negra, leva em conta a dupla vulnerabilidade da mulher negra. Cerca de 85% das mulheres negras que sofreram violência doméstica ou familiar e não possuem renda suficiente para se manter convivem com seus agressores dentro da própria casa.
O número é quatro vezes superior à média de mulheres negras que declaram já terem sofrido algum tipo de agressão (21%), independentemente da renda. Os dados são da Pesquisa Nacional de Violência contra a Mulher Negra, feita pelo instituto DataSenado e Nexus, em parceria com o Observatório da Mulher contra a Violência e Pesquisa Nacional de Violência contra a Mulher Negra.
O estudo considerou como negras as mulheres autodeclaradas pretas ou pardas. Foram ouvidas por telefone, entre agosto e setembro de 2023, 13.977 brasileiras negras com 16 anos ou mais. Entre as mulheres negras que afirmaram não conseguir se sustentar, uma em cada três (32%) já sofreu algum tipo de agressão.
Em 24% dos casos, o episódio aconteceu nos últimos 12 meses. Quando perguntadas sobre situações específicas de violência, o número sobe para 31% – revelando que algumas não consideraram, num primeiro momento, aquilo que viveram como abuso doméstico.
Renda das mulheres
Além da renda, a pesquisa demonstra que a presença de filhos abaixo dos 18 anos também faz com que as mulheres não consigam sair de um contexto abusivo – 80% das mulheres negras que declararam ter sofrido violência doméstica e têm filhos menores de idade continuam morando com o agressor.
Os dados mostram ainda que, entre as mulheres negras que afirmaram ter sofrido violência familiar, 27% disseram não ter renda nenhuma e 39% não têm renda suficiente para se manter e manter seus dependentes, somando 66% de mulheres vítimas de violência e sem condições financeiras de se sustentar.
Saúde
Nesse mesmo recorte de mulheres sem renda para se manter, os números indicam que somente 30% buscaram algum tipo de assistência em saúde após um episódio grave de violência. O percentual se mantém acima dos 60% em todos os níveis educacionais.
Medidas protetivas
O estudo revela ainda que apenas 27% das mulheres negras que não têm renda individual suficiente para seu sustento buscaram medidas protetivas. Assim como no atendimento médico, em todos os níveis educacionais, a maioria não buscou proteção – percentual variou entre 65% e 78%.
Justiça
Os números também mostram que mulheres com menor escolaridade tendem a procurar mais a Justiça para denunciar a violência do que as com maior escolaridade – 49% das mulheres negras não alfabetizadas e 44% das que possuem ensino fundamental incompleto foram até a delegacia. O percentual cai para 34% entre mulheres com ensino superior completo.
Agenda Positiva
Congresso Nacional iluminado
Começa nesta quarta-feira (20) e vai até 10 de dezembro a campanha nacional “21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher”, que visa aumentar a conscientização sobre a violência enfrentada pelas mulheres e promover ações para eliminá-la – entre elas, advocacia por políticas públicas, educação, sensibilização, apoio a vítimas e promoção de uma cultura de respeito e de igualdade de gênero. A mobilização é empreendida por diversos atores da sociedade civil e do poder público.
O Congresso Nacional fica iluminado na cor laranja de quarta a domingo (24) em referência à campanha e também ao Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher (25/11). A Câmara dos Deputados, por meio de sua Secretaria da Mulher, participa desde 2013 da atividade. Além da iluminação, haverá uma programação especial para a campanha, que inclui um curso sobre orçamento mulher, um encontro sobre a implementação do orçamento sensível a gênero e uma reunião de boas-vindas para as prefeitas eleitas, entre outras atividades.
As datas que compõem a campanha são:
20 de novembro – Dia da Consciência Negra (início da campanha no Brasil);
25 de novembro – Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres;
29 de novembro – Dia Internacional dos Defensores dos Direitos da Mulher;
1º de dezembro – Dia Mundial de Combate à Aids;
3 de dezembro – Dia Internacional das Pessoas com Deficiência;
6 de dezembro – Dia de Mobilização dos Homens pelo Fim da Violência contra as Mulheres (campanha do Laço Branco);
10 de dezembro – Dia Internacional dos Direitos Humanos e encerramento oficial da campanha.
Niterói inicia ações de conscientização e defesa dos direitos femininos
A Prefeitura de Niterói inicia, nesta quarta-feira (20), a campanha 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra a Mulher. A iniciativa integra o calendário internacional de combate à violência de gênero, com um diferencial brasileiro: a inclusão do Dia da Consciência Negra, destacando a interseccionalidade entre raça e gênero. As atividades seguem até 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos.
A campanha é coordenada pela Secretaria Municipal da Mulher e tem como objetivo mobilizar a sociedade civil e o poder público para enfrentar as diversas formas de violência contra mulheres e meninas, como agressões físicas, psicológicas, sexuais, morais e patrimoniais, todos tipos de violência de gênero. As ações também buscam fortalecer a criação e implementação de políticas públicas que garantam a proteção e os direitos das mulheres.
A programação em Niterói inclui palestras, rodas de conversa, exposições, eventos culturais e oficinas educativas. A organização ocorre em parceria com coletivos femininos, movimentos sociais e instituições públicas e privadas. A proposta é criar espaços de diálogo e conscientização, ampliando o alcance da campanha para mulheres de diferentes contextos e realidades.
A secretária municipal da Mulher, Thamyris Elpídio, destacou a importância da campanha como um momento de união e reflexão sobre os desafios enfrentados pelas mulheres, especialmente aquelas em situação de vulnerabilidade.
Os 21 Dias de Ativismo são mais do que uma campanha; são um chamado para que a sociedade assuma sua responsabilidade no enfrentamento à violência contra a mulher. Em Niterói, trabalhamos para garantir que cada mulher tenha acesso à informação, apoio e proteção necessários para viver com dignidade e segurança. Essa é uma luta que exige o compromisso de todos nós”, afirmou Thamyris.
A secretária reforça que a participação da sociedade é fundamental para fortalecer as ações de prevenção e acolhimento.
Programação completa:
Evento: Cura através da Dança – Apresentação solo de dança cigana
Data: 20/11
Hora: 10h
Local: Auditório do Caminho Niemeyer
Responsável: Associação das mulheres empoderadas
Evento: Culinária de axé -Mulheres de axé
Data: 20/11
Hora:10h
Local: Horto Fonseca
Evento: Roda de conversa no dia de comemoração da Consciência Negra
Data: 21/11/2024
Hora:14h
Local: Centro de convivência e cultura D Ivone Lara – r. Carlos Maximiano, 61
Evento: Café, Mulheres e Networking / Tema: Comemoração do mês do empreendedorismo: Oportunidades para empreender em 2025Responsável: Centro de Convivência e cultura D Ivone Lara
Evento: Café com a vizinhança
Data: 29/11/2024
Hora: 09h
Local: Centro de Convivência e Cultura D Ivone Lara – Rua Carlos Maximiano, 61 – São Lourenço
Evento: Semana Interna de Prevenção de Acidentes de Trabalho (SIPAT – CLIN 2024)
Data: 29/11
Hora: 13h
Local: Rua Indígena, 72 São Lourenço – Niterói
Evento: Evento que reúne o empreendedorismo feminino local. Espaço para criatividade, network e conexões entre mulheres
Data: 29/11
Hora: 13h
Local: SPAZZO Piratininga
Evento: Educadora financeira e contadora de ong
Data: 30/11
Hora: 19h
Local: On-line – teams
Evento: Exibição de um Curta sobre Violencia doméstica contra a mulher
Data: 02/12
Hora: 15h
Local: On line
Evento: Escuta e Ação: Por um basta a violência contra a mulher
Data: 04/12
Hora: 10h10
Local:E. M. Paulo Freire, Fonseca, Niterói
Evento: Uma tarde para cuidar de quem cuida
Data: 05/12
Hora: 14h
Local: CEAM (Rua Cônsul Francisco Cruz, 49, Centro, Niterói)
Serviços: Massoterapia, manicure, cabelo, limpeza de pele e trancista.
Evento: Roda de conversa com duração de 1h30 com participação do público
Público alvo: famílias, mães e pais, advogados, psicólogos, assistentes sociais e qualquer pessoa a quem interessar o tema.
Data: 09/12
Hora: 9h30
Local: Espaço Empreender
Evento: Quebrando o Silêncio: A Violência contra a Mulher e os Ciclos de Abuso
Data:10/12
Hora:18h
Local: Sala Carlos Couto
Evento: Em ação – Encontro com roda de conversa sobre identificação da violência doméstica, orientação jurídica para trazer clareza na identificação da violência sofrida e as medidas a serem tomadas. Contamos com parcerias de Advogadas, psicólogas, psicanalista, médicas e acolhedoras
Data: 12/12
Hora: 15h
Local: Sala de reunião Espaço Empreender.
Evento: Violência invisível: O impacto do abuso psicológico na mulher
Data: 14/12
Hora: 10h
Local: Casa do projeto social educar localizada no Largo da Batalha
Evento: Participação inclusiva no empreendedorismo com a cultura ancestral das tranças como forma de qualificação profissional e resgate da auto estima das mulheres em situação de vulnerabilidade e violência.
Data:15/12
Hora:12h
Local: Campo de São Bento
Com Agência Brasil e Assessorias