O Estado do Rio de Janeiro prorrogou nesta segunda-feira (30/03), por mais 15 dias, as medidas de prevenção e enfrentamento à propagação do novo coronavírus. O Decreto 47.006 reconhece a necessidade de manutenção da situação de emergência no estado. Ao justificar a medida, o governador Wilson Witzel pediu que a população fluminense fique em casa e que observe rigorosamente as orientações do governo estadual. Emandou um duro recado a quem está ignorando a importância do isolamento social como a melhor estratégia para evitar o aumento no número de casos da Covid-19.

Estou pedindo, daqui a pouco vamos começar a levar para a delegacia. Vou pedir mais uma vez, não saia de casa. Até então foi um pedido, agora estou dando uma ordem. Porque aqueles que amanhã ou depois morrerem por falta de atendimento porque a curva aumentou, você será o responsável por essa morte. Carregue isso na sua consciência”, afirmou o governador.

O governador, que iniciou sua carreira como magistrado, explicou as medidas punitivas sob o ponto de vista legal, “Vamos começar a fotografar e depois essas pessoas serão processadas. Se não quiser se identificar essas pessoas serão levadas para a delegacia. Não é hora de desafiar a maior crise da história recente do mundo”, disse o governador.

Witzel disse ainda que cidadãos e empresários que desrespeitem as normas também podem sofrer sanções administrativas e cíveis. E também defendeu a Polícia Militar, que está nas ruas para garantir a segurança da população durante a quarentena. “Não vamos permitir que os militares que não morreram no combate à violência morram agora pelo vírus”, afirmou o governador.

Witzel acusa Bolsonaro de ‘crime contra a Humanidade’

Witzel criticou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e disse que ele pode responder por crimes contra a Humanidade. “Eu não estou aqui para fazer pré-julgamento de ninguém, mas se pudesse dar um conselho como jurista diria que está colocando em risco sua liberdade. A um chefe de Estado não se admite que vá na contramão do que dizem organizações internacionais como a ONU (Organização das Nações Unidas) e a OMS (Organização Mundial de Saúde”, disse Witzel.

“Temos o artigo 7º do Estatuto de Roma, de crime contra a Humanidade. Cada um que tome as ações conforme sua consciência determinar e depois seja responsabilizado por seus atos. Amanhã a responsabilidade virá e infelizmente pode ser muito dura. Esse não é o momento de desafiar ou fazer política”, acrescentou. Ele também apelou para o bom senso da população: “Não acreditem em qualquer outra informação que não seja pautada em critérios técnicos e científicos sob pena de termos um agravamento desta crise”.

Questionado sobre a possibilidade do presidente editar ações contrárias ao isolamento social, Witzel afirmou ter respaldo do Supremo Tribunal Federal (STF). “Continuarei mantendo esse decreto hígido independente de qualquer decreto federal. Se vier, questionamentos serão feitos inclusive pelo MPF (Ministério Público Federal), mas aqui também avaliaremos com a Procuradoria-Geral do Estado”, ressaltou.

Ele explicou ainda que uma nova avaliação da curva de contágio será realizada no dia 4 de abril pela equipe técnica da Secretaria de Saúde e somente a partir daí é que será tomada ou não a decisão de flexibilizar as medidas estabelecidas. “Após a avaliação vamos verificar se haverá algum tipo de flexibilização, mas sempre pautados na questão técnica da saúde e jamais observando interesses econômicos. A economia é uma preocupação sim, mas jamais vamos virar as costas aos que mais precisam neste momento. Não há outra forma de conter o vírus que não seja pelo isolamento social. Este é um momento de união”, disse.

O secretário de Saúde, Edmar Santos, reforçou o pedido do governador. “Não estamos decidindo (que a população fique em casa) por achismo, mas por bases fundamentadas. Temos quatro grupos de pesquisa integrados conosco acompanhando tempo a tempo os casos de novo coronavírus. A tendência hoje é que a curva no Rio de Janeiro, em uma análise inicial, caminhe para uma trajetória mais horizontal de modo que, dentro de duas semanas, ela venha a encontrar a curva da Coreia do Sul. Esse é um sinal de alento, mas não podemos relaxar. Isso mostra a importância do isolamento social”, disse.

Estado terá oito hospitais de campanha

O governador anunciou novos investimentos em hospitais e equipamentos para agilizar o atendimento a pacientes de Covid-19. Entre as ações, estão a montagem de oito hospitais de campanha no estado, com 1,8 mil leitos no total. A previsão é que as unidades sejam inauguradas até o dia 30 de abril. Os hospitais de campanha serão instalados no Maracanã, Jacarepaguá, Leblon, Caxias, São Gonçalo, Campos, Casimiro de Abreu e no Complexo de Gericinó. Cada hospital contará com 200 leitos.

Administrado por Flamengo e Fluminense, mas pertencente ao Governo do Estado do Rio de Janeiro, o estádio do Maracanã virará um hospital de campanha com 400 leitos. Diferente de São Paulo, onde o gramado do Pacaembu terá leitos para os pacientes, no Rio, o campo será preservado a pedido dos clubes. A praça esportiva será toda cedida ao Governo do Rio e utilizada como unidade hospitalar contra a covid-19.

O Governo do Estado também abriu novos leitos esta semana no Hospital Universitário Pedro Ernesto (100 novos leitos). Outros 75 serão inaugurados no Hospital Estadual Anchieta, no Caju, nos próximos dias. A Secretaria de Saúde, vai adquirir, ainda esta semana, mais de 700 mil testes rápidos que serão disponibilizados prioritariamente a profissionais da saúde, da segurança pública, pacientes graves sob suspeita de corona, além de óbitos em investigação.

Samu ganha reforço de 112 veículos

A partir desta segunda-feira (30/3), o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência – SAMU 192 ganha o reforço de mais 112 veículos, sendo 35 Unidades de Suporte Avançado (as USAs, também conhecidas como “UTIs móveis”), 47 Unidades de Suporte Básico (USBs) e 30 motolâncias. O objetivo é reforçar o atendimento emergencial à população nos próximos seis meses. O investimento chega a R$ 166,5 milhões.

Na próxima semana, o Governo do Estado entregará ainda 42 ambulâncias a municípios fluminenses. A frota vai permitir a transferência de infectados para hospitais de referência, localizados em vários pontos do Estado do Rio, no combate à doença.  O contrato prevê, ao todo, 229 ambulâncias e 93 vans.

O quadro de funcionários da empresa contratada contará com 2.170 plantões médicos nas UTIs móveis, 620 plantões de médicos reguladores, 449 técnicos de enfermagem, 245 enfermeiros, 410 condutores, 30 rádio-operadores e 77 técnicos auxiliares de regulação médica.
Enquanto as ambulâncias de Suporte Básico contarão com um motorista e um técnico de enfermagem, as de Suporte Avançado terão um condutor, um médico e um enfermeiro, e serão equipadas com ventilador mecânico, bomba de infusão, cardioversor desfibrilador, entre outros equipamentos para salvar vidas.
 As motolâncias, por exemplo, serão acionadas para atender vítimas de ataques cardíacos. No trânsito do Rio de Janeiro, elas chegarão para prestar socorro num tempo mais curto do que chegariam as ambulância.
As mudanças fazem parte da nova gestão do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, que passa a ser responsabilidade da Secretaria de Estado de Saúde (SES), atendendo a uma determinação do Tribunal de Contas do Estado (TCE). O Samu é um programa do Ministério da Saúde que, até então, era gerenciado na cidade do Rio de Janeiro pelo Corpo de Bombeiros – nas demais cidades do Brasil, o serviço é gerenciado pelas prefeituras.
Os quarteis dos bombeiros continuarão cedendo instalações em todas as regiões da cidade, onde ficarão os veículos e as equipes médicas que prestarão socorro a quem fizer o chamado pelo telefone. Os bombeiros continuam atuando em ocorrências como colisão, capotagem, queda de moto, atropelamentos e tantas outras situações de socorro e salvamento.

618 novos profissionais de saúde

O Estado também vai contratar 618 profissionais que começam a atuar a partir de sábado (4). As vagas serão distribuídas nas unidades administradas pela Fundação Saúde. Médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, biólogos, farmacêuticos e demais contratados reforçarão as equipes das unidades de atendimento.

Os profissionais aprovados no último concurso serão divididos nas categorias: médico; assistente social; biólogo; engenheiro de segurança do trabalho; físico nuclear; odontólogo; farmacêutico; fonoaudiólogo; nutricionista; psicólogo; técnico em farmácia; técnico de laboratório; enfermeiro; técnico em saúde bucal e técnico de enfermagem.

Eles serão distribuídos nas seguintes unidades: Hemorio; Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia Luiz Capriglione (IEDE); Centro Psiquiátrico do Rio de Janeiro (CPRJ); Instituto Estadual de Cardiologia Aloysio De Castro (IECAC); Instituto Estadual de Doenças do Tórax Ary Parreiras (IETAP); Programa Estadual de Transplante (PET); Hospital Estadual Carlos Chagas (HECC); Instituto Estadual de Dermatologia Sanitária (IEDS); Hospital Estadual Santa Maria (HESM); Laboratório Central Noel Nutels (LACEN); Instituto Estadual de Infectologia São Sebastião (IEISS) e Hospital Estadual Eduardo Rabello (HEER).

Da Ascom do Governo RJ, com Redação

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