O Brasil registrou, nas últimas semanas, um aumento no predomínio de casos de vírus sincicial respiratório (VSR), que causa a bronquiolite em bebês e idosos, e de influenza, causador da gripe em diferentes faixas etárias. O crescimento desses dois vírus foi responsável, respectivamente, por 35% e 21% dos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Por outro lado, houve diminuição da relevância do vírus da covid-19, com 27% dos casos de SRAG.

“Nas regiões Nordeste, Sul e Sudeste, já vemos um aumento na circulação do vírus influenza entre todos os vírus que estão circulando nas últimas semanas”, informou o diretor do Departamento do Programa Nacional de Imunização do Ministério da Saúde, Eder Gatti, esta terça-feira (2).

Ele orientou a população que faz parte dos grupos prioritários a procurar os postos de saúde para receber a vacina contra a gripe. Em relação aos óbitos por SRAG, o predomínio nas últimas semanas continua sendo por covid-19 (73%), seguido de influenza (18%) e VSR (7%).

Desde o início do ano, foram notificados 8.489 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave com hospitalização. Destes, 51% foram em decorrência da covid-19, 18% por VSR e 13% por influenza.

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Campanha da vacina da gripe é antecipada, entenda

Uma circulação precoce dos vírus da gripe (influenza) pelo Brasil incentivou o Ministério da Saúde a rever o período de campanha vacinal. O que geralmente costumava ser entre abril e maio,  começou no último dia 25 de março em todas as regiões do País, menos no Norte, onde o clima particular local justifica que a ação aconteça no segundo semestre.

As vacinas contra a gripe ministradas gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) são destinadas a grupos específicos. Todos os anos, o Ministério da Saúde organiza a campanha nacional de vacinação, com foco nas crianças e em determinados públicos. Este ano são:

  • Crianças de 6 meses a 6 anos de idade
  • Gestantes e puérperas
  • Trabalhadores da saúde
  • Idosos com 60 anos ou mais
  • Professores
  • Pessoas com doenças crônicas não transmissíveis
  • Pessoas com deficiência permanente
  • Povos indígenas
  • Profissionais das forças de segurança e salvamento e das forças armadas
  • Caminhoneiros
  • Trabalhadores de transporte coletivo rodoviário
  • Trabalhadores portuário
  • Funcionários do sistema prisional
  • Adolescentes e jovens de 12 a 21 anos de idade sob medidas socioeducativas e população privada de liberdade

Já na rede privada de saúde a vacina contra a gripe está disponível a qualquer pagante. Conforme explica Elisabeth Fernandes, pediatra pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), as vacinas aplicadas pelo SUS e as da rede privada são diferentes.

“Atualmente, temos disponíveis no Brasil dois tipos de vacinas da gripe: a trivalente e a tetravalente. A vacina do SUS é a trivalente, que cobre 2 cepas do vírus influenza A (H1N1, H3N2) e 1 cepa do B (linhagem Victoria). Nas clínicas privadas, a vacina oferecida é a tetravalente, que cobre 2 cepas do vírus influenza A (H1N1, H3N2) e 2 cepas do B (linhagem Victoria e Yamagata)”, detalha a Dra. Elisabeth.

Ela explica que a quadrivalente tem maior proteção e está disponível somente no particular para todas as idades acima de 6 meses. Segundo ela, quem define a composição dessas vacinas é a Organização Mundial da Saúde (OMS), que faz a vigilância do vírus em todo o mundo.

Vacina não é garantia 100%, mas deve-se tomar

A médica informa que, apesar da importância da vacinação, a sua eficácia depende de uma série de fatores. “Crianças e idosos apresentam eficácia reduzida, da mesma forma que pacientes oncológicos ou com outras doenças autoimunes ou em tratamentos com imunossupressores”, explica a pediatra, ao reforçar que, mesmo assim, é importante se vacinar.

Segundo ela, o esquema vacinal é de apenas uma dose por pessoa, por ano. “Crianças menores de 9 anos que vão receber o imunizante pela primeira vez deverão tomar duas doses, com um intervalo de 30 dias”, ressalva, explicando que a regra vale tanto para a vacina trivalente, quanto para a quadrivalente.

A quem se pergunta se a vacina da gripe tem efeitos colaterais, a Dra. Elisabeth diz que há a possibilidade, como em qualquer vacina. Entre os principais possíveis sintomas, ela cita: dor no local da aplicação, inchaço leve e vermelhidão leve no local, febre, dor de cabeça, dor muscular e cansaço. “As reações são leves e autolimitadas. É importante salientar que a vacina é inativada e, portanto, não é capaz de causar a gripe“, complementa a especialista.

Há quem não deva tomar a vacina?

Como regra geral, segundo a Dra. Elisabeth, crianças com febre ou alguma doença aguda (pneumonia, infecção gastrintestinal, etc.) não devem receber a vacina naquele momento. “Assim que ocorra a resolução do processo agudo, a vacina deve ser aplicada”, recomenda.

A médica acrescenta ainda que a vacina pode ser feita nas crianças que já tiveram reação anafilática ao ovo com necessidade de atendimento de emergência, desde que em ambiente adequado para tratar manifestações alérgicas graves.

Além da vacina, prevenir é possível

gripe é uma infecção viral causada pelo vírus Influenza, que se apresenta com febre, dor no corpo, dores de cabeça e sintomas respiratórios, como tosse, congestão nasal e dificuldade para respirar. Nas crianças, também costuma estar presente a sibilância, o “chiado no peito”.

Por sua característica de alta transmissão, já que chega à forma de transmissão mais comum, é pelas mãos de pessoas doentes, a Dra. Elisabeth pede atenção a um conjunto de condutas que deve ser aplicado às crianças, para limitar a progressão da doença:

  • Higienizar as mãos com água e sabão ou álcool a 70%
  • Evitar ambientes com fechados e com aglomerações de pessoas
  • Evitar contato com pessoas doentes
  • Estimular o aleitamento materno
  • Evitar a exposição ao cigarro.

“Além disso, é muito importante proteger a boca e o nariz ao tossir ou espirrar, com lenço descartável ou nos cotovelos a fim de diminuir a contaminação de outras pessoas”. Em caso de gripe, a pediatra recomenda que a criança fique em casa no mínimo 24h sem febre até retornar à escola.

VSR causa bronquiolite em bebês

O VSR é transmitido através do contato com secreções respiratórias das pessoas infectadas e pode ocorrer desde formas assintomáticas leves até casos mais graves, com insuficiência respiratória e síndrome respiratória aguda, levando à hospitalização. O quadro mais típico é a bronquiolite, quando o vírus atinge os bronquíolos, na parte final dos brônquios, inflama e dificulta a entrada de ar, havendo um esforço respiratório muito grande acompanhado de cansaço.

Embora não exista vacina contra o VSR, há tratamento preventivo, disponível no SUS e incorporado ao rol de procedimento da ANS (disponível via planos de saúde).  Trata-se de anticorpos monoclonais, que são artificiais e podem ser administrados aos bebês mensalmente durante o período de maior circulação do vírus. São especialmente importantes para bebês de 3 grupos:

– Crianças prematuras nascidas com idade gestacional menor ou igual a 28 semanas (até 28 semanas e seis dias), com idade inferior a um ano (até 11 meses e 29 dias);

– Crianças com idade inferior a dois anos (até um ano, 11 meses e 29 dias) com cardiopatia congênita e que permaneçam com repercussão hemodinâmica, com uso de medicamentos específicos;

– Crianças com idade inferior a dois anos (até um ano, 11 meses e 29 dias) com doença pulmonar crônica da prematuridade (displasia pulmonar) e que continuem necessitando de tratamento de suporte, tais como o uso de corticoíde, diurético, broncodilatador ou suplemento de oxigênio, durante os seis últimos meses anteriores ao cadastramento.

Prevenção do vírus sincicial

Entre outras medidas preventivas, estão a higienização frequente das mãos com álcool em gel e sabonetes germicidas, evitar o contato com pessoas com sintomas respiratórios e, para frear a disseminação de vírus respiratórios no público infantil, se a criança estiver com sinal de infecção respiratória, o ideal é não enviá-la para a escola ou creche.

“É muito importante replicarmos as informações sobre o VSR, tanto para as famílias, quanto para os profissionais de saúde, para que as formas de prevenção sejam difundidas, já que não existe um tratamento específico”, afirma diretora executiva e fundadora da ONG Prematuridade.com, Denise Suguitani.

Esse trabalho de conscientização é reforçado pela ONG Prematuridade.com e por seus voluntários espalhados por todas as regiões do país. “É um problema ao qual todos estão suscetíveis, então, é preciso falar sobre isso já durante a gestação, trazendo o máximo de informações”, salienta.

“A prevenção é um trabalho em equipe. Os pais precisam saber que o vírus existe e como ele funciona e os profissionais de saúde estarem em constante atualização para orientar os pacientes e, assim, combatermos esse vírus”, conclui Denise.

Com informações da Agência Brasil e de assessorias

 

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