Este Dia Mundial de Combate à Poliomielite (24 de outubro) é o último com a vacina oral contra a poliomielite (VOP), depois de 47 anos de aplicação do imunizante no Brasil. A partir de 4 de novembro, as gotinhas serão substituídas pela versão inativada (VIP), que é injetável. Com a VOP fora do esquema vacinal, será necessária apenas uma dose de reforço com a VIP, aos 15 meses, de modo que o esquema com esse imunobiológico ficará assim:
- 2 meses – 1ª dose;
- 4 meses – 2ª dose;
- 6 meses – 3ª dose;
- 15 meses – dose de reforço.
Desta maneira, não será mais necessário o segundo reforço contra a pólio, que era aplicado aos 4 anos de idade. O esquema vacinal atual contempla a administração de três doses da VIP aos 2, 4 e 6 meses e duas doses de reforço da VOP, a gotinha, aos 15 meses e aos 4 anos de idade. A previsão do Ministério da Saúde (MS) é que todo o o processo de transição entre as vacinas seja concluído nos próximos dias.
Com isso, apenas uma das vacinas oferecidas pelo Programa Nacional de Imunização (PNI) permanece sendo aplicada por via oral: é o imunizante contra o rotavírus, que é aplicado em bebês de 6 semanas a 8 meses e 0 dia. A primeira dose deve ser obrigatoriamente aplicada até a idade de 3 meses e 15 dias, e a última dose até os 7 meses e 29 dias.
Zé Gotinha nasceu para divulgar a vacina da pólio
E como fica o Zé Gotinha, personagem criado nos anos 1980 que se tornou um ícone na luta contra a poliomielite, popularmente conhecida como ‘paralisia infantil’? Engana-se quem pensa que o querido personagem que habita o imaginário infantil de muitas gerações irá se “aposentar” compulsoriamente. Ele continuará sendo o símbolo do protagonismo no Brasil nas ações de imunização em massa da população, conforme já adiantou o Ministério da Saúde.
O Zé Gotinha não vai desaparecer, pelo contrário, ele continua firme e forte na defesa do Sistema Único de Saúde (SUS) e na promoção do PNI. Ele ajuda a promover não só o SUS, mas promover a vida, promover a vacinação”, reforça Eder Gatti, diretor do Programa Nacional de Imunizações (PNI).
De acordo com o Ministério da Saúde, a nova estratégia para uso da VIP é mais um passo na erradicação da poliomielite no Brasil. O país está há 34 anos sem a doença e contabiliza 47 anos de sucesso de uso da vacina oral nas estratégias de imunização contra a poliomielite, desde que foi introduzida de forma oficial em 1977″, diz a pasta.
O Brasil tem se destacado positivamente no avanço das coberturas vacinais, mesmo após enfrentar declínios desde o ano de 2016. E a imunização contra a poliomielite no país é uma das causas do resultado positivo. Em 2023, a cobertura vacinal para poliomielite alcançou 86,55%, ante os 77,20% em 2022. Os números são da Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS).
Outros países já aboliram as gotinhas da pólio
Com a substituição da VOP pela VIP, o Brasil se alinha às melhores práticas internacionais de imunização, conforme recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pela Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm). A alteração segue recomendações científicas recentes, já adotadas em outros países – Estados Unidos e nações europeias já utilizam esquemas vacinais exclusivos com a VIP.
A decisão foi baseada em critérios epidemiológicos, evidências científicas sobre a vacina e recomendações internacionais para deixar o esquema vacinal ainda mais seguro. A população deve ficar atenta aos prazos e garantir que suas crianças estejam protegidas antes da mudança completa em novembro de 2024.
O Ministério da Saúde está seguindo uma tendência mundial e está substituindo as duas doses de reforço com a gotinha por uma dose da vacina injetável, que tem uma plataforma mais segura e protege muito bem as nossas crianças”, explica Gatti.
A mudança é significativa porque garante mais segurança e eficiência, além de ser indicada também para crianças imunocomprometidas. A utilização da vacina inativada contra poliomielite cumpre a atual recomendação da OMS, protege contra três tipos de poliovírus (1, 2 e 3), garantindo imunidade ampla para as crianças vacinadas, sendo segura e eficaz.
Entenda a diferença entre as vacinas
Paulo Antônio Friggi de Carvalho, infectologista do Cejam – Centro de Estudos e Pesquisas Dr. João Amorim, explica que a principal diferença entre as vacinas é o tipo de vírus utilizado. “A vacina oral contém cepas de vírus vivos atenuados, enquanto a injetável utiliza vírus inativados. Apesar disso, ambas oferecem o mesmo nível de proteção”, afirma.
Mesmo com essa mudança, vacinar é fundamental para garantir uma proteção eficaz, com até 99% de imunidade após o ciclo completo. Além disso, a vacinação evita a circulação do vírus, reduzindo o risco de mutações e novas infecções em pessoas que possam ser vulneráveis”, diz o especialista,
Além disso, pode garantir eficácia máxima com menor número de doses, o uso exclusivo da vacina injetável elimina o pequeno, mas existente, risco de mutação das cepas atenuadas, presentes na vacina oral, que poderiam circular no ambiente e infectar pessoas com o sistema imunológico comprometido.
É importante destacar que a vacinação segue sendo o método mais eficaz para prevenção e até erradicação de doenças em todo mundo. Ela está disponível de forma gratuita e segura nas unidades básicas de saúde e devem fazer parte da rotina de cuidados de todos”, finaliza.
O secretário municipal de Saúde do Rio de Janeiro, Daniel Soranz, explica que a vacina injetável (VIP) é com o vírus inativado e a mudança do calendário representa mais um passo que contribuirá com a eficiência do Programa Nacional de Imunizações (PNI) e com o controle da poliomielite no cenário mundial.
A vacina da gotinha foi muito importante e ajudou na eliminação da doença no país, mas agora é importante avançar e dar mais esse passo. Com a VIP, que já estava no calendário para os menores de um ano, tem menos contraindicações. É uma mudança pautada em recomendações técnicas e científicas que garantem a proteção das nossas crianças e ajudam no combate a poliomielite também a nível mundial”, explica.
O que é a poliomielite e suas consequências?
A poliomielite é uma doença infecciosa viral aguda que pode infectar crianças e adultos e, em casos graves, acarretar paralisia nos membros inferiores. É causada por um vírus da família dos poliovírus, que ataca o trato intestinal, principalmente de crianças. Em sua forma mais grave, a doença pode causar paralisia progressiva, resultando em sequelas motoras permanentes.
A transmissão da doença ocorre por contato direto pessoa a pessoa, por objetos, alimentos e água contaminados com fezes de doentes ou portadores do vírus, ou por meio de gotículas de secreções ao falar, tossir ou espirrar.
Os sintomas mais frequentes são febre, mal-estar, dor de cabeça, de garganta e no corpo, vômitos, diarreia, prisão de ventre, espasmos, rigidez na nuca e até mesmo meningite. Pode ocorrer também flacidez muscular, que afeta, em regra, um dos membros inferiores, nas formas mais graves da doença.
Médicos e especialistas também reforçam que a adesão à campanha de vacinação é crucial, visto que a poliomielite ainda é considerada uma emergência de saúde pública em nível global pela Organização Mundial da Saúde (OMS), com casos recentes sendo registrados em países como Estados Unidos e Israel.
Vacinação é a forma mais segura e eficaz de prevenção
Para que as crianças sejam capazes de aproveitar a infância como merecem, é fundamental que estejam protegidas contra a paralisia infantil. A vacinação na primeira infância é a única forma de prevenção. Todas as crianças menores de 5 anos devem ser vacinadas.
A poliomielite é uma doença grave e altamente contagiosa, podendo causar paralisia permanente. É fundamental que os pais e responsáveis não percam os prazos e garantam a proteção de suas crianças”, alerta Fernanda Mascarenhas, especialista em vacinas.
População deve ficar atenta à substituição pela vacina inativada
Atualmente, o esquema de vacinação contra a poliomielite consiste em três doses da VIP aos 2, 4 e 6 meses de idade, seguidas por um reforço com a VOPb aos 15 meses e outro reforço aos 4 anos. Com a retirada da VOPb, esse reforço passará a ser realizado apenas com a VIP, que será a única vacina contra a poliomielite disponível. Assim, o novo esquema de vacinação será de quatro doses da VIP: 2, 4 e 6 meses, seguidas de um reforço aos 15 meses.
Por que a mudança é necessária?
A substituição da vacina oral pela versão inativada se dá por razões científicas e de segurança. A VOPb, embora tenha sido essencial na erradicação da poliomielite no Brasil desde 1994, apresenta riscos raros de causar poliovírus derivados da vacina, especialmente em áreas com baixas taxas de vacinação. A VIP, por ser uma vacina inativada, elimina completamente esse risco, oferecendo uma imunização mais segura e eficaz.
Cobertura vacinal e riscos de reintrodução da pólio
Apesar de o Brasil não registrar casos de poliomielite desde 1989, a baixa cobertura vacinal preocupa as autoridades de saúde. A meta do governo é vacinar 95% das crianças na faixa etária de 6 meses a 4 anos e 11 meses. No entanto, até o início de setembro de 2024, apenas 34,4% desse público foi imunizado, o que coloca milhões de crianças em risco.
Em 2023, a cobertura vacinal do país contra poliomielite atingiu 84,63%, mas a meta anual é vacinar, no mínimo, 95% do público-alvo, que abrange cerca de 13 milhões de crianças menores de cinco anos, segundo o Ministério da Saúde.
Embora erradicada do Brasil desde 1990, a doença ainda é uma preocupação global e para evitar que essa enfermidade retorne ao país, a imunização é a forma mais eficaz de prevenção.
A vacinação individual evita a circulação do vírus e atua como forma de proteção coletiva da população infantil contra doenças imunopreveníveis, ou seja, doenças capazes de serem evitadas pelas vacinas.
Logística e prazos da transição
O Ministério da Saúde organizou um cronograma para a retirada das doses remanescentes da VOPb entre 30 de setembro e 31 de outubro de 2024. As unidades de saúde devem interromper o uso da vacina oral a partir de 28 de setembro, e a VIP será implementada integralmente em novembro. A logística reversa para recolher as doses da VOPb será coordenada pelas Secretarias Municipais e Estaduais de Saúde.
A aplicação da vacina oral contra a poliomielite (VOPb), popularmente conhecida como “gotinha”, foi encerrada em 27 de setembro de 2024, com alguns locais ainda em processo de adequação às novas diretrizes. A decisão do Ministério da Saúde faz parte de uma estratégia global para substituir esse imunizante pela vacina inativada (VIP), aplicada por injeção, visando aumentar a segurança e a eficácia da imunização no Brasil.
Estamos em uma fase decisiva para manter o Brasil livre da poliomielite. A transição para a VIP é uma medida fundamental para garantir que nossas crianças estejam protegidas de maneira ainda mais segura e eficaz. A adesão à vacinação é crucial para evitar a reintrodução da pólio, e é importante que as famílias sigam o calendário vacinal, não apenas por obrigação, mas por consciência de saúde pública”, enfatiza Fernanda Mascarenhas.
Meta de cobertura vacinal contra a pólio no Rio é de 95% para crianças menores de 1 ano
A data de 24 de outubro foi instituída como o Dia Mundial de Combate à Poliomielite e, para marcar a luta contra a doença, a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (SMS) volta a reforçar a importância da atualização da caderneta de vacinação, agora com esquema em dia para a pólio.
Atualmente, no Rio, a cobertura vacinal contra poliomielite em crianças menores de 1 ano de idade está em torno de 92%, tendo como meta 95%. Portanto, o município está próximo do alcance da cobertura vacinal preconizada e é previsto atingir a meta até o final do ano.
No município do Rio, já está sendo aplicada somente a vacina inativada (VIP), injetável desde o dia 28 de setembro nas unidades de Atenção Primária, os centros municipais de saúde e as clínicas da família, para o esquema básico de vacinação.
Os pequenos recebem o esquema primário (com três doses) aos dois, quatro e seis meses de vida exclusivamente com a vacina com o vírus inativado (VIP), como já era feito no calendário de rotina para crianças menores de um ano. E, a partir de 4 de novembro, o calendário de vacinação contra pólio passa a valer com dose de reforço aos 15 meses, também com a vacina inativada VIP.
A vacina está disponível em todas as 239 unidades de Atenção Primária do município, além do Super Centro Carioca de Vacinação, em Botafogo, que funciona todos os dias, das 8h às 22h; e o Super Centro Carioca de Vacinação unidade Campo Grande, localizado no ParkShoppingCampoGrande, que também funciona todos os dias, de acordo com o horário do shopping.
Tire suas dúvidas sobre o novo esquema de vacinação contra a pólio
Diante desse cenário novo, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) do Rio de Janeiro tira dúvidas sobre a estratégia de vacinação e reforça que o melhor remédio para a proteção é a vacina.
A vacina oral contra a poliomielite será oficialmente “aposentada” no Brasil?
Sim. As tradicionais gotinhas serão substituídas pela vacina injetável quando a criança completar 15 meses de vida, na chamada dose de reforço, não havendo necessidade de outra aos 4 anos. Desde 2016, o esquema vacinal primário contra a poliomielite passou a ser de três doses da vacina VIP.
O país está há 34 anos sem a doença e contabiliza quase meio século de sucesso de uso da VOP nas estratégias de vacinação de combate contra a poliomielite desde que foi introduzida de forma oficial no Brasil, em 1971.
Qual é a previsão da retirada do imunizante em todo o país?
Desde o dia 28 de setembro até 3 de novembro, não haverá a realização de vacinação de reforço contra a poliomielite, justamente para garantir que a transição seja segura, ou seja, os postos municipais não farão uso da vacina oral e nem injetável como reforço.
A partir do dia 4 de novembro de 2024, o reforço contra a poliomielite será com a vacina injetável de forma intramuscular. De modo que o esquema vacinal primário e reforço contra a doença será exclusivo com a VIP.
Qual é a vantagem deste novo modelo em relação à anterior?
Tornar o processo de vacinação ainda mais seguro. A vacina oral com vírus vivo enfraquecido foi fundamental para eliminar a doença, mas evidências científicas mostraram que o imunizante injetável, com o vírus inativado, aumenta ainda mais a proteção.
A mudança tem como parâmetro estudos científicos de organismos internacionais. Na América do Norte, os Estados Unidos, por exemplo, já adotam o sistema com sucesso. Outras nações europeias também utilizam esquemas vacinais exclusivos com a VIP.
Agora, como ficará o esquema vacinal contra a poliomielite?
O esquema de vacinação contra a poliomielite com as “gotinhas” funciona com três doses, aplicadas aos 2, 4 e 6 meses de vida, feitas com a vacina injetável, e os reforços ocorrem com a vacina oral, aos 15 meses e aos 4 anos.
Com a nova diretriz, o esquema será simplificado: as três doses injetáveis permanecem, mas o reforço será dado apenas aos 15 meses, também com a vacina injetável, eliminando a dose aos 4 anos.
- 2 meses – 1ª dose injetável
- 4 meses – 2ª dose injetável
- 6 meses – 3ª dose injetável
- 15 meses – dose de reforço injetável.
Com Assessorias